Reflexão: Liturgia do VI Domingo do Tempo Comum, Ano C, 13/02/2022

07 de Fevereiro de 2022

"Reflexão: Liturgia do VI Domingo do Tempo Comum, Ano C, 13/02/2022"

Dois modos de conceber a vida: ou pelo reino de Deus ou pela própria consolação

Na Liturgia deste Domingo, VI do Tempo Comum, veremos, na 1a Leitura (Jr 17,5-8), que toda pessoa que confia no Senhor é abençoada e, não temendo as adversidades da vida, produz frutos abundantes. Quando Jeremias diz: “Maldito o homem que confia no homem...”, ele está criticando a aliança que Judá (seu país) realizou com as grandes potências, pois os habitantes começaram a se distanciar dos valores espirituais para assumir costumes de uma cultura de morte. Nestas palavras, Jeremias não está dizendo para não termos confiança no próximo, mas está afirmando que o amor ao reino deve ser maior que qualquer outro apego e mediação. Para ele, Só Deus é a fonte segura de felicidade e de vida plena: “Bendito o homem que confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor".

Enfim, quando a pessoa autossuficiente confia em sua própria força e nas riquezas acumuladas, produz injustiça e exploração: a maldição. Ao contrário, a bênção nasce da confiança que segue o projeto do Deus da vida: partilha, justiça e solidariedade.

Na 2ª Leitura (1 Cor 15, 12.16-20), o apóstolo Paulo nos diz que a fé em Cristo ressuscitado é garantia e certeza de vida eterna. Quanto mais valor atribuirmos ao céu, mais seremos comprometidos aqui na terra com os valores do reino. A ressurreição dá sentido à nossa vida e à nossa fé e é garantia de nossa própria ressurreição.

No Evangelho (Lc 6, 17.20-26), Jesus propõe um caminho seguro para a felicidade, é um resumo do ensinamento de Jesus a respeito do Reino e da transformação que esse Reino produz. Jesus se apresenta como novo Moisés, que desce da montanha e transmite a lei, isto é, a vontade de Deus que leva a libertação ao ser humano. Jesus está diante de muitas pessoas, então, primeiro, Ele constata a realidade: Quem são? Com quem Ele está falando? Com os pobres, aflitos, mansos, com os que têm fome e sede de justiça, misericordiosos, puros de coração, promovem a paz etc.

Em segundo lugar, Jesus conhece as dificuldades deles: perseguidos, injuriados, excluídos etc. Aqui, poderíamos observar, na mensagem, e ver de quem Jesus está falando? Ele havia dito: “A boca fala do que o coração está cheio”, então, Ele está falando Dele mesmo, certamente, de Maria, dos Santos, das famílias, das Instituições, enfim, de cada um de nós que nos identificamos com os que mais necessitam de nossa solidariedade. De Jesus, tiram-lhe tudo, menos a capacidade de amar e ser livre.

Em terceiro lugar, Jesus os proclama “Felizes”, herdeiros do Reino de Deus.

Em quarto lugar, Jesus não se limita a anunciar o reino aos sofredores, Ele apresenta algumas advertências e ameaças aos causadores dos males, que são a causa da miséria dos pobres e que possuem um comportamento perverso.

Enfim, a questão que nos cabe é: Como libertar os pobres, além dos louvores e discursos, mas com ações e com o engajamento nos Movimentos Sociais? Líderes destes Movimentos são bem aceitos? Quem a mídia elogia ou a historiografia enalteceu? Quem é satanizado e quem é valorizado? De quem nós gostamos mais? Neste texto, estão traçados dois modos de conceber a vida: ou pelo Reino de Deus ou pela própria consolação, isto é, ou em função exclusivamente desta vida ou em função da vida eterna.

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.


Pe. Leomar Antonio Montagna

Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR