Reflexão: Liturgia do XXXIII Domingo do Tempo Comum, Ano C – 13/11/2022

09 de Novembro de 2022

"Reflexão: Liturgia do XXXIII Domingo do Tempo Comum, Ano C – 13/11/2022"

Fim do mundo ou fim de um mundo injusto e desumano

Na Liturgia deste Domingo, XXXIII do Tempo Comum, veremos, na 1a Leitura (Ml 3, 19-20a), que, após a volta do exílio, o povo de Israel encontra uma realidade devastadora e cheia de desilusão. As pessoas ficam desanimadas e já não sonham com um mundo melhor, de paz, de justiça e bem-estar. Malaquias não pretende incutir medo, falando do ‘fim do mundo’, mas dirige palavras de conforto e esperança, dizendo que Deus não abandona o seu povo, vai intervir na história, destruir o mal e fazer triunfar o bem, a justiça e a verdade.

Um dos grandes problemas para o povo fiel era ver que os opressores e exploradores, mesmo prejudicando outros, levavam sempre a melhor e ainda eram respeitados. A prosperidade dos ímpios sempre foi escândalo e tentação para os justos. Não conviria ser como eles? Malaquias responde que Deus fará justiça e, no dia do juízo, haverá, para os ímpios, a condenação e, para os justos, se levantará o sol de justiça, assim perceberão que eles são os verdadeiros vencedores, cada um receberá a recompensa que merece. O importante é que os justos permaneçam fieis, porque é por meio deles que Deus vencerá a injustiça.

Na 2ª Leitura (2Ts 3, 7-12), o apóstolo Paulo ensina, com seu exemplo, que o cristão não come gratuitamente o pão, não vive ociosamente, procura ser útil aos outros com o próprio trabalho, pois, em Tessalônica, havia alguns que, com o pretexto da iminente vinda do Senhor, viviam às custas dos outros, alienados das realidades terrenas e em contínua agitação. As tensões normais, que poderiam facilmente ser superadas, se agravavam por causa desses ‘fofoqueiros espirituais’.

No Evangelho (Lc 21, 5-19), Jesus anuncia a destruição do Templo de Jerusalém, acontecida no ano setenta. O Templo era o símbolo da relação de Deus com o povo escolhido. O fim de uma instituição não significa o fim do mundo e nem o fim da relação entre Deus e os homens. As perseguições, traições e ameaças, relatadas neste texto, farão parte da vida de quem quiser ser discípulo de Jesus. Quando Lucas escreveu este texto, já haviam ocorrido coisas terríveis: guerras, revoluções, destruição do Templo e a grande perseguição aos cristãos. Para muitos, eram sinais do fim do mundo.

Hoje, diante da realidade sombria em que vivemos, muitos pretendem até marcar a data do fim catastrófico do cosmos. Mas não é o cosmos todo que deve ser destruído, mas esse mundo injusto e violento. “O mundo novo por todos desejado já começou com Jesus, mas sua manifestação será lenta e penosa. Sua aparição será semelhante a um parto, que envolve sacrifício e dor. Não devemos nos preocupar com ‘quando’ acontecerá a destruição ou o fim do universo, mas sim em ‘como’ superar a injustiça, a fome, a miséria, a violência que afligem homens e mulheres. Para mudar essa situação, é preciso muito empenho e perseverança, e somente quem perseverar ganhará a vida” (Pe. Nilo Luza, ssp).

Este discurso escatológico e apocalíptico de Jesus não pretende colocar medo nos ouvintes, mas alertar diante de nossas escolhas; pretende suscitar ânimo e resistência nas situações difíceis e adversas da vida. Sem Deus, tudo virá abaixo, os valores evangélicos devem permanecer constantes. Deus é maior que o estado de ânimo e os resultados do momento. Devemos sempre sonhar com um mundo melhor possível dando testemunho, pois, caso contrário, podemos assumir algumas atitudes perigosas: ilusão de ter o céu aqui na terra, ou nos omitir, não lutar, relaxar a vida de fé, dizendo que o mundo não tem mais jeito, todos são iguais, ninguém presta etc. “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida”. Não devemos temer a volta de Jesus, afinal, na Eucaristia e na Comunidade, Ele já está no meio de nós. A vinda do Senhor é, para o cristão, alegria, plenitude e libertação. Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre” (Hb 13, 8). Misericórdia sem limites. Se Ele é por nós, quem será contra nós. Nele somos mais que vencedores”.

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.


Pe. Leomar Antonio Montagna

Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi – PR