Dom Anuar Battisti celebra em Brumadinho

28 de Janeiro de 2019

Dom Anuar Battisti celebra em Brumadinho

Em passagem por Belo Horizonte, o Arcebispo de Maringá, Dom Anuar Battisti, concelebrou com o Arcebispo Dom Walmor Oliveira de Azevedo, pelas vítimas da tragédia de Burmadinho.


Por CNBB

Matéria publicada, na noite do sábado, 26 de janeiro, no site oficial da arquidiocese de Belo Horizonte (MG), mostra que a igreja Matriz de Brumadinho, dedicada a São Sebastião, ficou repleta de fiéis que, unidos pela fé e pela dor, rezaram por todas as vítimas da tragédia ocorrida, o rompimento de uma barragem de mineração na cidade. A Missa, celebrada pelo arcebispo dom Walmor, reuniu também os arcebispos dom José Antônio Aparecido Tosi Marques e dom Anuar Battisti, respectivamente de Fortaleza e Maringá, bispos auxiliares da Arquidiocese de Belo Horizonte, muitos padres, da Capital e de toda Região Metropolitana de Belo Horizonte, seminaristas do Seminário Arquidiocesano Coração Eucarístico de Jesus, que neste sábado visitaram as famílias, para levar uma palavra de solidariedade e conforto.

Em sua homilia – destacam os redatores do site – dom Walmor fez referência à rede de solidariedade formada pela Igreja, dizendo que é testemunho da autenticidade da fé. “Diante de tanto sofrimento, devemos buscar a oração, para iluminarmos o nosso olhar e assim ajudarmos a construir uma sociedade justa e solidária. Confiantes no Deus da vida, sempre sairemos vitoriosos.

Dom Walmor, referindo-se à tragédia, sublinhou: “O que presenciamos é resultado da força da ganância. O Senhor nos convida a olhar os acontecimentos da vida para perceber os caminhos da história, para nos inserirmos na missão de Cristo. Temos um longo caminho, muitas lições. Se não aprendermos, continuaremos a sofrer com grave passivo. Não podemos continuar carregando a vergonha de acontecimentos como este. Deus nos ajude a ter coragem, pois precisamos avançar rumo a um novo tempo.” Em seguida, o Arcebispo pediu para os demais Arcebispos, Bispos e o Pároco da Matriz de São Sebastião a partilharem uma mensagem de esperança com os muitos fiéis que participaram da Missa.

Dom Vicente Ferreira, bispo auxiliar referencial para o Vale do Paraopeba, se emocionou durante a Missa. “Ninguém sabe da dor de uma mãe que espera um filho. Como pastor, não sei o que fazer, diante de toda dor. Peço perdão a Deus.

Padre Renê Lopes, pároco da Matriz de São Sebastião, também muito emocionado, se recordou dos fiéis que morreram. “Há poucos dias, estavam todos aqui, celebrando a Festa do Padroeiro São Sebastião.” Não contendo as lágrimas, pediu para que todos cultivem a fé, a esperança e a caridade.

Dom Geovane lembrou que quando rezamos a Deus, nos aproximamos dos que sofrem de longe. “E quando sofremos, Deus se aproxima, para levar amparo. Ao Cristão, cabe a luta corajosa, cheia de esperança.”

O arcebispo de Fortaleza, dom José Antônio Aparecido Tosi Marques, disse que Jesus lutou e venceu toda a dor. “Ao Cristão, cabe a luta, na força do amor. Confiar e se entregar ao Pai. Vamos acreditar, confiar e veremos a vitória do amor de Deus.”

dom Anuar Battisti, arcebispo de Maringá, chamou o rompimento da barragem em Brumadinho de “vergonhosa tragédia”. “Não aprendemos com Mariana, aprenderemos com Brumadinho? Uno-me às famílias que perderam seus entes queridos.” Dom Anuar disse que os fiéis, em todas as Missas na Arquidiocese de Maringá, dedicarão preces às vítimas.

O bispo auxiliar dom Otacilio pediu mais empenho na defesa da vida e do planeta. “Chega de vidas inocentes perdidas para a força do capital.

Dom Joaquim Mol, bispo auxiliar, pediu para cada pessoa não descer da cruz. “Estar associado ao Senhor significa também superar nosso choro, nossa tristeza para alcançar lucidez. Não houve aqui um acidente. Houve um crime ambiental e um homicídio coletivo. Pessoas precisam ser responsabilizadas por isso. Precisamos nos organizar, sermos ouvidos, para que as leis sejam mudadas, não para aumentar ainda mais os lucros de empresas, mas para fortalecer a segurança das pessoas.”

Dom Walmor concluiu a homilia lembrando dom Helder Câmara: “A graça das graças é não desistir, mesmo caindo aos pedaços, seguindo até o fim”. A Arquidiocese de Belo Horizonte continua o trabalho de amparo espiritual e material dedicado às vítimas da tragédia, com campanha de solidariedade e visitas missionárias. Uma ação que cresce com a força da unidade de suas comunidades de fé.

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Na sexta, dom Valmor emitiu o seguinte comunicado no qual reflete a situação da tragédia:

MINAS ESTÁ DE LUTO

Mais uma “abominação da desolação”, como disse Jesus no Evangelho de Marcos, referindo-se aos absurdos nascidos das ganâncias e descasos com o outro, com a verdade e com o bem de todos: mais uma barragem rompida em Minas Gerais, agora em Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte. A Arquidiocese de Belo Horizonte une-se a cada um dos atingidos, compartilhando suas dores. Nossas comunidades de fé, especialmente às que servem ao Vale do Paraopeba, estejam juntas, para levar amparo, ajuda, a todos que sofrem diante de tão lamentável tragédia.

Os danos humanos e socioambientais são irreparáveis e apontam para uma urgência, já tão evidente: é preciso repensar modelos de desenvolvimento que desconsideram o respeito à natureza, os parâmetros de sustentabilidade. Uma triste coincidência: nesta sexta-feira, dia 25, quando uma barragem se rompe no coração da nossa amada Brumadinho, entrou em pauta, no Conselho da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, autorização para a retomada da mineração na Serra da Piedade. Uma tragédia se efetiva e outra se anuncia.

A Arquidiocese de Belo Horizonte defende, incansavelmente, de modo inegociável, a natureza, obra do Criador, compreendendo que o ser humano, as plantas e os animais devem viver em completa harmonia, pois são todos habitantes do planeta, a Casa Comum.

Rezemos pelas vítimas desta tragédia, unidos ao coração de cada pessoa e de todas as famílias que sofrem, renovemos, mais uma vez, o nosso compromisso com a solidariedade. É urgência minimizar a dor dos atingidos por mais esse desastre ambiental, sem se esquecer de acompanhar, de perto, a atuação das autoridades, na apuração dos responsáveis por mais um triste e lamentável episódio, chaga aberta no coração de Minas Gerais. A justiça seja feita, com lucidez e sem mediocridades que geram passivos, com sentido humanístico e priorizando o bem comum, com incondicional respeito e compromisso com os mais pobres. Minas Gerais está de luto.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte