28 de Maio de 2018

"Papa: explorar o trabalhador é pecado mortal"

Quinta-feira (24), na homilia diária na Santa Missa em sua capela particular, o Papa Francisco inspirado no texto do apóstolo São Tiago (5,1-6) fez alguns comentários que pode assustar, porém nada mais do que recordar que toda riqueza deve estar voltada para o bem de todos. “Pobres, sempre tereis entre vós, o que não significa não fazer nada por eles. Abrir as mãos e o coração em solidariedade, faz do doador uma pessoa feliz, realizada.

Ao mesmo tempo leva a pensar que o pobre não pode viver de cestas básicas e nem de campanhas anuais. A solidariedade se fortalece na medida que existe um programa de promoção humana. Mas também é verdade, que não existe promoção humana com gente passando fome.O apóstolo Tiago, usa de uma linguagem muito dura e direta, pois a realidade em que vive clama pela justiça e pela solidariedade: ‘Ouçam agora vocês!

Chorem e lamentem-se, tendo em vista a miséria que lhes sobrevirá. A riqueza de vocês apodreceu, e as traças corroeram as suas roupas. O ouro e a prata de vocês enferrujaram, e a ferrugem deles testemunhará contra vocês e como fogo lhes devorará a carne. Vocês acumularam bens nestes últimos dias. Vejam, o salário dos trabalhadores que ceifaram os seus campos, e que por vocês foi retido com fraude, está clamando contra vocês’ ( Tg. 5,1-6)”.

“Entre ricos e pobres, existem pobres ricos e ricos pobres. Ninguém pode condenar ninguém, cada qual tem em suas mãos o destino para o qual vive e quer viver depois desta curta vida. Por isso que nada nos deve afastar de uma vida vivida bem, com todas as necessidades atendidas, com a possibilidade de desfrutar dos bens, e fazer com que tantos outros possam viver com dignidade. A Glória de Deus é o homem e a mulher com vida, e vida com dignidade.

Toda exploração é um mal, é um pecado, é uma falta grave contra o ser humano. As riquezas, nos levam embora a harmonia com os irmãos, o amor ao próximo, nos fazem egoístas. O apostolo Tiago fala sob a inspiração do Espírito Santo, que fala de tal maneira que parece coisa de nossos dias.

As riquezas, portanto, têm uma capacidade de nos tornar, pessoas realizadas e ao mesmo tempo ‘escravos’: por isso, se faz necessário fazer um pouco mais de oração e um pouco mais de penitência. Para um correto uso das coisas de Deus é preciso colocar o Deus das coisas em primeiro lugar. Assim serás livre diante das riquezas.

Se o Senhor lhe deu riquezas é para distribui-las, na partilha solidária para que todos tenham vida e vida em plenitude. Mas as riquezas têm esta capacidade de nos seduzir e nesta sedução caímos, somos escravos das coisas lindas e maravilhosas, e perdemos a liberdade de viver e ser realmente feliz. Em tempos de crise, insegurança, incertezas, a atitude fundamental não é o fechamento egoísta, e sim a abertura para construir um caminho novo”.

Que nesta próxima quinta-feira, celebrando a presença viva de Jesus nas espécies de Pão e Vinho, Corpo e Sangue doados e derramados por nós, tenhamos um novo impulso, para ser pão repartido, sangue doado para vida e dignidade de todos. Pão em todas as mesas. “Quem comer deste Pão viverá eternamente. A Eucaristia não é um prêmio para os bons, mas é força para os fracos, para os pecadores” (Papa Francisco).


Dom Anuar Battisti