17 de Junho de 2018

"Dar o melhor de si"

Em pleno período de Copa do Mundo de futebol, o Vaticano, por meio do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, apresenta ao mundo a valiosa contribuição da Igreja Católica para o debate sobre o mundo esportivo. Intitulado como “Dar o melhor de si”, o documento mostra a atenção da nossa Igreja com relação ao tema e quer “oferecer uma perspectiva cristã do esporte, voltando-se para aqueles que o praticam, para aqueles que o assistem como espectador, para aqueles que o vivenciam como técnico, árbitro, treinador, famílias, padres e as paróquias”.

Todos nós, torcedores, que gostamos de futebol, em especial, muitas vezes não enxergamos no esporte o devido valor que ele pode oferecer para nós, como sociedade. Trazemos aqui alguns pontos do texto.

“Nos cinco capítulos e nas 50 páginas do documento, se analisa, em síntese a história do fenômeno esportivo, se oferece uma leitura antropológica do ponto de vista dos valores e outra sobre os desafios e desvios do esporte – entre as quais o doping e a corrupção – para concluir com uma descrição do papel desempenhado pela Igreja neste setor, considerado um ‘moderno Pátio dos Gentios’.

O que interessa no fundo é reiterar que não há um ‘esporte cristão’, mas certamente é legítima ‘uma visão cristã do esporte’ Por esta razão, reafirma-se que a Igreja - como repetidamente ensinada nas últimas décadas, em particular por João Paulo II, - não se limita a incentivar uma ‘prática esportiva qualificada’, mas ‘quer estar’ dentro do ‘esporte’, entendido como ‘esporte para a pessoa’ e, portanto, como espaço onde dar o ‘melhor de s’, a partir do qual, se desenvolvem amizade, diálogo, igualdade, respeito, solidariedade.

Ginástica do corpo e do espírito. À pergunta ‘o que é o esporte?’, o documento propõe uma das definições possíveis, depois de ter passado em resenha suas características. E assim, diz-se, o esporte é, em geral, qualquer ‘atividade física em movimento, individual ou em grupo’ que tenha um ‘caráter lúdico e competitivo’ e seja codificado por ‘um sistema de regras’, com desempenhos comparáveis entre si ‘em condições de igualdade e oportunidades’. Não se trata tanto de uma esquematização teórica, porque no capítulo 3 o documento desloca a atenção para os valores da atividade esportiva considerados de maneira ‘sinótica’ comparados aos da fé, em primeiro lugar a tensão ‘ao desenvolvimento harmonioso e integral da pessoa, alma e corpo’. É ainda o Papa Wojtyla que sugere uma descrição eficaz quando vê o esporte como ‘uma forma de ginástica corporal e espiritual’ e observa que ‘não é mera força física e eficiência muscular, mas também tem uma alma e deve mostrar a sua face integral’.

Bem-estar da pessoa e corpos-objeto. Também aprender o ‘gosto e a beleza do jogo em equipe’ - onde o atleta coloca à disposição da equipe ‘dons e talentos’ - pode dar uma forte resposta à difusa ‘mentalidade individualista’. Enquanto a disciplina de que um esportista deve se dotar, treinando com abnegação e humildade, demonstra como ocorre na vida de fé, que o sacrifício e o sofrimento têm um poder transformador. Sem esquecer que, ao lado das dificuldades dos desafios mais difíceis, convive no esporte o aspecto da alegria e da harmonia, porque a atividade esportiva é portadora de bem-estar e equilíbrio. Por outro lado, grande dano às pessoas pode vir do excesso de comercialização que afeta alguns esportes, de sua dependência de modelos científicos livres de preocupações éticas em que o corpo é reduzido a objeto. e a pessoa é considerada uma mercadoria".

Vamos praticar esporte. Vamos nos mexer. Que nossas igrejas, paróquias, comunidades, também sejam espaços de promoção da saúde, do esporte. Em nossos planos de evangelização, não esqueçamos de lembrar de promover iniciativas esportivas. Isso também é evangelizar. Uma abençoada semana. Boa Copa do Mundo!


Dom Anuar Battisti