21 de Janeiro de 2019

"O valor da escuta"

Na semana que se inicia, de 22 a 27 de janeiro, jovens do mundo inteiro estarão com o Papa Francisco no Panamá, na Jornada Mundial da Juventude. O grandioso encontro que mobiliza uma juventude sedenta de Deus, que carrega em seu coração a vontade e a esperança de mudar o mundo. Como é bonito ver estes sentimentos vivos nos corações dos jovens.

Da Arquidiocese de Maringá, vão cerca de setenta pessoas para o Panamá. Aproveito para conceder minha benção a estes discípulos e missionários. Façam uma grande viagem!

Hoje quero recordar também um trecho do documento final do Sínodo da Juventude, que pode ser lido na íntegra no portal do Vaticano. A parte que compartilho fala sobre o “valor da escuta”. Precisamos saber escutar os jovens. Hoje, temos sérias dificuldades em escutar as pessoas. “A escuta é um encontro de liberdades, que exige humildade, paciência, disponibilidade para compreender, esforço por elaborar de maneira nova as respostas. A escuta transforma o coração daqueles que a vivem, principalmente quando se colocam em atitude interior de sintonia e docilidade ao Espírito. Por conseguinte, não é somente uma recolha de informações, nem uma estratégia para alcançar um objetivo, mas representa a forma como o próprio Deus Se relaciona com o seu povo.

Os jovens são chamados continuamente a realizar opções que norteiam a sua existência; exprimem o desejo de ser ouvidos, reconhecidos, acompanhados. Muitos sentem por experiência que a sua voz não é considerada interessante nem útil no âmbito social e eclesial. Em vários contextos, verifica-se pouca atenção ao seu clamor, de maneira particular ao daqueles que são mais pobres e explorados, e também a falta de adultos disponíveis e capazes de ouvir.  

Na Igreja, não faltam iniciativas e experiências consolidadas, através das quais os jovens podem vivenciar a hospitalidade e a escuta, fazendo ouvir a sua voz. No entanto, o Sínodo reconhece que nem sempre a comunidade eclesial sabe tornar evidente a atitude que o Ressuscitado teve em relação aos discípulos de Emaús, quando, antes de os iluminar com a Palavra, lhes perguntou: ‘Que palavras são essas que trocais entre vós, enquanto caminhais?’ (Lc 24, 17).

Às vezes predomina a tendência a oferecer respostas pré-fabricadas e receitas prontas, sem deixar sobressair as perguntas juvenis na sua novidade, nem entender a sua provocação. A escuta torna possível um intercâmbio de dons, num contexto de empatia. Permite que os jovens ofereçam a sua contribuição para a comunidade, ajudando-a a reconhecer novas sensibilidades e a formular perguntas inéditas. Ao mesmo tempo, estabelece as condições para um anúncio do Evangelho que alcance verdadeiramente, de modo incisivo e fecundo, o coração.

A escuta constitui um momento qualificador do ministério dos pastores, a começar pelos bispos; muitas vezes, porém, estão sobrecarregados de compromissos e têm dificuldade de encontrar tempo adequado para este serviço indispensável. Muitos relevaram a carência de pessoas experientes e dedicadas ao acompanhamento. Acreditar no valor teológico e pastoral da escuta pressupõe uma reflexão para renovar as formas com que se exprime, habitualmente, o ministério presbiteral e uma averiguação das suas prioridades. Além disso, o Sínodo reconhece a necessidade de preparar consagrados e leigos, homens e mulheres, qualificados para o acompanhamento dos jovens. O carisma da escuta, que o Espírito Santo faz nascer nas comunidades, poderia receber também uma forma de reconhecimento institucional para o serviço eclesial”.

Quero manifestar meu apoio aos jovens. Gosto de escutá-los. Tenho dedicado tempo a isso. Jovens, coragem! Esperança, ação, vida. Vamos juntos com Jesus e Maria, pois é possível um mundo melhor. Boa JMJ a todos nós.


Dom Anuar Battisti