25 de Fevereiro de 2016

"Um bispo que ninguém esperava"

O Papa Francisco veio à Arquidiocese de Maringá buscar um de seus filhos para ser pastor na Diocese de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul.

O Jovem padre Luiz Gonçalves Knupp vem de uma família simples, humilde, caçula de nove filhos. Entrou no seminário já adulto, depois de um longo período longe dos  bancos escolares. Fez todo o caminho de formação para o sacerdócio, foi ordenado e sempre se preocupou em buscar formação e assim poder responder às exigências do ministério. Nunca escolheu serviço, nunca negou servir mesmo aceitando com dúvidas e incertezas a missão a que foi chamado.

Falando de sua história assim ele diz: “Como toda  criança e adolescente, eu sonhava em ser como meu pai: agricultor, casar, ter filhos, ser honesto e respeitado. Fiz a catequese, 1ª Comunhão, crisma, na capelinha, no sítio, onde tínhamos missa uma vez por mês. Aos 17 anos, participando da igreja, de grupo de jovens, grupo de reflexão, da Comissão de Pastoral da Terra.  Carregando a responsabilidade de ser o único filho solteiro em casa, sentia cada vez mais necessidade de me decidir na vida, ou seja, assumir algo que conferisse sentido a minha existência.

No campo religioso me empolgava muito quando refletia a proposta do Reino de Deus, principalmente ao meditar sobre a História do povo Hebreu. Aos poucos, ia convencendo-me de que a forma de me realizar e contribuir com o Reino seria liderando um movimento social, quem sabe um sindicato.  Aos 19 anos conheci um jovem seminarista (hoje padre Leomar Mantanha), que fazia estágio pastoral, aos fins de semana, em minha paróquia e uma vez por mês ia na comunidade onde morava.

Depois de uma certa amizade, ele começou a insistir comigo para participar dos encontros vocacionais, na Paróquia Santo Antônio, em Maringá. Mas sempre pensava e dizia que ser padre não era coisa para mim, mesmo porque já estava namorando. Porém, rezava pelas vocações sacerdotais e religiosas e pedia que Deus chamasse alguém da nossa comunidade.

Meu primo manifestou o desejo de participar dos encontros, mas precisava de companhia. Propus-me a acompanhá-lo. Foi então a grande ‘armadilha’ de Deus. Meu Primo chegou à conclusão de que não era aquilo que ele queria. E eu senti ali um forte apelo de Deus para contribuir na construção do seu Reino como padre.

Então, depois de dois anos de muito pensar, rezar, avaliar e dialogar com o meu diretor espiritual, resolvi encarar o desafio. Retomei os estudos depois de quase dez anos. Fiz todo caminho de formação exigido e fui ordenado presbítero em 1998. Passando por vários trabalhos na arquidiocese, e hoje recebendo a nomeação para ser bispo”.

Ouvindo essa breve história do mosenhor Luiz, vejo que Deus tem Seus caminhos e quando entendemos que a nossa história é feita pelas mãos de Deus, a vontade do Pai se realiza e a pessoa vive feliz.

É com esta motivação que cada dia deveríamos aceitar os desafios que Deus coloca diante de nós. Ele sofreu, eu também sofri para aceitar a missão de ser pastor em uma diocese. O que nos anima é a certeza de que somos servos, e é o serviço que nos motiva. Nunca a honra, poder, e sim o serviço para glória de Deus e a salvação de todos. Estar no caminho com todos, principalmente os mais necessitados.

Na expressão do Papa Francisco: “o pastor deve sentir o cheiro das ovelhas”. Isso nos anima a abraçar a cruz de cada dia, e seguir os passos do Bom Pastor, que nos chamou e caminha ao nosso lado. Que Deus abençoe, meu irmão, Luiz Knupp.

 

Dom Anuar Battisti é Arcebispo de Maringá-PR