25 de Fevereiro de 2016

"Eu também quero descansar"

Todos têm o direito de descansar.  Além de ser um direito é também uma necessidade. Humanamente somos limitados e trazemos em nós, por natureza, a condição de buscar as mais variadas formas de lazer, sempre com a finalidade de repor as energias.

Quanto mais longe do lugar de trabalho, melhor. A contemplação da natureza, lugares ribeirinhos, vida no mar, escaladas em florestas, caminhadas desafiadoras, uma boa leitura,  bons amigos,  enfim uma infinidades de formas para descansar e contemplar o rosto amoroso de Deus.

O descanso  verdadeiro  refaz a vida humana e espiritual. Não dá para separar o meu direito de descanso, sem encontrar o criador estampado em toda a criação.

Ao mesmo tempo, somos tomados por cargas pesadas.  O senhor Jesus deixa-nos o caminho: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a vocês. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt. 11,28-30).

Neste caminhar terreno temos um refúgio seguro, uma certeza para os momentos complicados da vida. Enquanto peregrinos, estamos sujeitos a todo tipo de obstáculos e dificuldades, porém para aquele que crê, não existe tempo feio. O nosso destino está marcado por sabores de eternidade.

A Sagrada Escritura  nos abre uma nova perspectiva que tem seu princípio no chão que pisamos: “Felizes os Mortos aqueles que desde agora morrem no Senhor”. “Sim, diz o Espírito, descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras os companham” (Ap 14, 13). O lugar de nosso repouso está preparado e vamos ocupar na medida em que as nossas obras são feitas no bem e para o bem.

O cofre das boas obras não está em casa; está no lugar onde nem a traça come ou a ferrugem destrói.  Nada deste mundo é capaz de destruir o tesouro das boas obras. Ao mesmo tempo temos o dever de colaborar com quem já partiu, oferecendo nossa prece e sacrifícios, a nossa solidariedade cristã.

O Papa Bento XVI certa vez disse para os católicos rezarem por quem já morreu, recordando: “Desde os primeiros tempos da fé cristã, a Igreja terrena cultivou com grande piedade a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios por eles. A oração pelos mortos  ‘não  é só útil, mas necessária’,  o pranto, devido ao afastamento terreno, não prevaleça sobre a certeza da ressurreição. Também a visita aos cemitérios, ao mesmo tempo que guarda os laços de afeto com aqueles que nos amaram nesta vida, recorda-nos que todos tendemos para uma outra vida, para lá da morte.”

O Papa Francisco nos recorda: “A tentação de não acreditar na ressurreição dos mortos começou nos primeiros dias da Igreja. Mas Paulo Apóstolo falou aos Tessalonicenses uma frase mais plena de esperança que está no Novo Testamento: “no fim, estaremos com Ele”. Esta é a identidade cristã, disse o Papa. “Estar com o Senhor.  Nós ressuscitaremos para estar com o Senhor, e a ressurreição começa aqui, como discípulos, se estivermos com o Senhor, se caminharmos com o Senhor. Isto é o caminho para a ressurreição. E se estivermos habituados a estar com o Senhor, este pavor da transformação do nosso corpo vai se afastar de nós”.

Portanto temos o direito de descansar aqui, conquistando a cada dia a morada eterna que jamais passará. Deus nos dê a graça de perseverança até o fim,  e hoje a oportunidade de rezar e agradecer o dom da vida. Não é dia choro e lágrimas, e sim de alegria e esperança na vida eterna. Que Deus abençoe você e vossa querida família!

 

Dom Anuar Battisti