25 de Fevereiro de 2016

"O Papa e a Copa"

A Copa do Mundo de futebol está aí. O país está em festa e mostrando o rosto alegre e acolhedor do povo brasileiro. O nosso jeito de ser está contagiando o mundo e temos a oportunidade de evangelizar também durante um evento com este. Ainda em tempo, compartilho com vocês leitores trechos da carta que o nosso Papa Francisco escrever por ocasião da Copa.

“Queridos amigos: a minha esperança é que, além de festa do esporte, esta Copa do Mundo possa tornar-se a festa da solidariedade entre os povos. Isso supõe, porém, que as competições futebolísticas sejam consideradas por aquilo que no fundo são: um jogo e ao mesmo tempo uma ocasião de diálogo, de compreensão, de enriquecimento humano recíproco.

O esporte não é somente uma forma de entretenimento, mas também – e eu diria sobretudo – um instrumento para comunicar valores que promovem o bem da pessoa humana e ajudam na construção de uma sociedade mais pacífica e fraterna. Pensemos na lealdade, na perseverança, na amizade, na partilha, na solidariedade. O esporte é escola da paz, ensina-nos a construir a paz.

Nesse sentido, queria sublinhar três lições da prática esportiva, três atitudes essenciais para a causa da paz: a necessidade de ‘treinar’, o ‘fair play’ e a honra entre os competidores. Em primeiro lugar, o esporte ensina-nos que, para vencer, é preciso treinar. Podemos ver, nesta prática esportiva, uma metáfora da nossa vida. Na vida, é preciso lutar, ‘treinar’, esforçar-se para obter resultados importantes.

O espírito esportivo torna-se, assim, uma imagem dos sacrifícios necessários para crescer nas virtudes que constroem o carácter de uma pessoa. Se, para uma pessoa melhorar, é preciso um ‘treino’ grande e continuado, quanto mais esforço deverá ser investido para alcançar o encontro e a paz entre os indivíduos e entre os povos.

O futebol pode e deve ser uma escola para a construção de uma ‘cultura do encontro’, que permita a paz e a harmonia entre os povos. Para jogar em equipe é necessário pensar, em primeiro lugar, no bem do grupo, não em si mesmo. Para vencer, é preciso superar o individualismo, o egoísmo, todas as formas de racismo, de intolerância e de instrumentalização da pessoa humana.

Não é só no futebol que ser ‘fominha’ constitui um obstáculo para o bom resultado do time; pois, quando somos ‘fominhas’ na vida, ignorando as pessoas que nos rodeiam, toda a sociedade fica prejudicada.

A última lição do esporte proveitosa para a paz é a honra devida entre os competidores. O segredo da vitória, no campo, mas também na vida, está em saber respeitar o companheiro do meu time, mas também o meu adversário. Ninguém vence sozinho, nem no campo, nem na vida! Que ninguém se isole e se sinta excluído! Atenção!

Não à segregação, não ao racismo! E, se é verdade que, ao término deste Mundial, somente uma seleção nacional poderá levantar a taça como vencedora, aprendendo as lições que o esporte nos ensina, todos vão sair vencedores, fortalecendo os laços que nos unem.

Possa esta Copa do Mundo transcorrer com toda a serenidade e tranquilidade, sempre no respeito mútuo, na solidariedade e na fraternidade entre homens e mulheres que se reconhecem membros de uma única família.” (Papa Francisco)

Como é bom ter as palavras do Papa presentes enquanto vivemos este tempo de Copa no Brasil. É um tempo de alegria, não de alienação. É um tempo de comunhão, em que podemos exercitar essa proposta da cultura do encontro. Quando nos reunimos para ver os jogos por exemplo, estamos nos encontrando com os outros, partilhando, celebrando. Vamos aproveitar a oportunidade que Deus está oferecendo ao nosso país. É a nossa Copa. Que Deus nos abençoe. Boa semana!

 

Dom Anuar Battisti é Arcebispo de Maringá-PR