25 de Fevereiro de 2016

"São José de Anchieta. O Apóstolo do Brasil"

Image title

No dia 03 de abril O Padre José de Anchieta é canonizado sem os dois milagres geralmente necessários; um para a beatificação e outro para a canonização propriamente dita. Os canonistas chamam este procedimento de “canonização equivalente”, pois ela equivale ao processo normal para declarar que determinada pessoa falecida se encontra junto de Deus, intercedendo pelos que ainda vivem na terra.

Na canonização equipolente deve-se ater a três requisitos básicos: 1) a prova do culto antigo ao candidato a santo, 2) o atestado histórico incontestável da fé católica e das virtudes do candidato, 3) a fama ininterrupta de milagres intermediados pelo candidato.

José de Anchieta nasceu em 19 de março de 1534 em Tenerife, nas Ilhas Canárias, na Espanha. Era primo do fundador da Companhia de Jesus, Santo Inácio de Loyola, onde ingressou em 1551. Chegou ao Brasil em 1553, aos 19 anos, por iniciativa do Padre Manuel da Nóbrega, que precisava de reforço para a evangelização no País. No Brasil José de Anchieta percorreu vários Estados, como Bahia, São Paulo e Espírito Santo.

Foi criador do Colégio de Piratininga, inaugurado em 25 de janeiro de 1554 e que deu origem à cidade de São Paulo. O jovem jesuíta catequizou índios, fundou e construiu povoados, colégios e igrejas. Também lutou contra invasores franceses no Espírito Santo e fundou e dirigiu o Colégio dos Jesuítas em Vitória.

José de Anchieta morreu na aldeia de Rerigtiba, atual município que leva seu nome, em 9 de junho de 1597 e seu corpo foi transportado pelos índios até a Catedral de Vitória, onde foi sepultado. Enquanto era transportado, o corpo caiu no chão e os índios bradaram “Aba ubu”, que significa “O padre caiu”.

O local da queda é o atual balneário de Ubu, pertencente ao município de Anchieta. Em 1611 os seus restos mortais foram transladados. Uma parte foi levada para o Colégio São Thiago, que dirigiu em Vitória, hoje Palácio Anchieta, sede do Governo do Espírito Santo, e outra enviada para Roma.

O Padre Anchieta foi beatificado pelo papa João Paulo II, em Roma, em 22 de junho de 1980. O processo durou 417 anos e foi um dos mais longos da História. O Arcebispo de Vitória, Dom Luiz Mancilha, afirma que o Beato Anchieta teve grande influência na formação religiosa do Estado e do Brasil: “Ele foi um grande catequista, um grande missionário, grande professor, grande místico, um homem de Deus!”.

Sua disposição em caminhar fazia com que ele, pelo menos duas vezes por mês, percorresse a trilha litorânea entre Iririgtiba (atual balneário de Iriri) e Vitória, 105 quilômetros, conhecida como os “Passos de Anchieta”, hoje é um caminho percorrido por muitos brasileiros e estrangeiros.

Popularizado como o Apóstolo do Brasil, Anchieta foi um missionário incomparável, fundador de cidades, gramático, poeta, historiador e teatrólogo. O apostolado não o impediu de cultivar as letras, pelo contrário, o incentivou a compor belíssimos textos, o que fez em quatro línguas: português, castelhano, latim e tupi, em prosa e verso. Festejamos com muita fé o dia 03 de abril quando o Papa assinou o decreto de Canonização.

A canonização de José de Anchieta é um acontecimento social e religioso. Deveras, a pujança, a desenvoltura da cidade de São Paulo em muito é tributária da operosidade dinâmica dos jesuítas. Da mesma forma que a Companhia de Jesus se expandiu avassaladoramente em pouquíssimo tempo, São Paulo progrediu miraculosamente, talvez graças ao toque inicial de São José de Anchieta e Padre Manoel da Nobrega.

Dom Anuar Battisti é Arcebispo de Maringá-PR