20 de Junho de 2016

"A luta contra a fome"

O Papa Francisco em visita à sede do Programa Mundial Alimentar (PMA), na segunda-feira  (13), durante a sessão anual, proferiu um denso discurso que resumidamente foi publicado pela Rádio Vaticano, e hoje repriduzo neste espaço dominical. Recordando que graças às tecnologias da comunicação, aproximamo-nos hoje de muitas situações dolorosas, o Papa Francisco fez porém a seguinte constatação: “o excesso de informação de que dispomos gera gradualmente o hábito à miséria.

Ou seja, pouco a pouco tornamo-nos imunes às tragédias dos outros, considerando-as como qualquer coisa de “natural”; em nós gera-se a “naturalização” da miséria”. Por conseguinte, é necessário – prosseguiu o Papa – “desnaturalizar” a miséria, deixando de considerá-la como um dado entre muitos outros da realidade. Por quê? Porque a miséria tem um rosto.

Tem o rosto de uma criança, tem o rosto de uma família, tem o rosto de jovens e idosos. Tem o rosto da falta de oportunidades e de emprego de muitas pessoas, tem o rosto das migrações forçadas, das casas abandonadas ou destruídas. Não podemos “naturalizar” a fome de tantas pessoas; não nos é lícito afirmar que a sua situação é fruto de um destino cego contra o qual nada podemos fazer.  

É necessário, portanto, trabalhar para “desnaturalizar” e desburocratizar a miséria e a fome dos nossos irmãos, afirmou Francisco. Isto exige de nós, em diversa escala e a diferentes níveis, uma intervenção em que apareça como objectivo dos nossos esforços a pessoa concreta que sofre e tem fome, mas que encerra também uma imensa riqueza de energias e potencialidades que devemos ajudar a concretizar. Francisco centralizou então a sua atenção nestas duas temáticas: “Desnaturalizar” a miséria e “Desburocratizar” a fome.

 “Fique claro que a falta de comida não é uma coisa natural, não é um dado óbvio nem evidente. O fato de hoje, em pleno século XXI, muitas pessoas sofrerem deste flagelo deve-se a uma egoísta e má distribuição dos recursos, a uma 'mercantilização' dos alimentos”. “Tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de bebe.  Um povo joga o seu futuro na capacidade que tem de assumir a fome e a sede dos seus irmãos. Nesta capacidade de socorrer o faminto e o sedento, podemos medir o pulso da nossa humanidade.

Que nesta semana, como um exercício, possamos colocar em prática, cada um de nós, gestos concretos para amenizar a fome do nosso próximo.

Minhas bençãos a você leitor a sua família.


Dom Anuar Battisti