Reflexão: Liturgia do XXXII Domingo do Tempo Comum, Ano C – 10/11/2019

04 de Novembro de 2019

"Reflexão: Liturgia do XXXII Domingo do Tempo Comum, Ano C – 10/11/2019"

Nascer, viver e morrer para o senhor


Na Liturgia deste Domingo, XXXII do Tempo Comum, veremos, na 1a Leitura(2Mc 7,1-2.9-14), que, no século III a.C., o império grego (rei Antíoco) dominava a Judéia e ali houve a revolta dos Macabeus, pois estes não aceitavam a influência da cultura grega que punha em risco a tradição e a fé. Muitos justos morreram nesta revolta. O texto aqui mencionado foca o valor e a esperança na vida eterna e o compromisso com a verdade, mesmo que isto custe a própria vida. O testemunho de fé da mãe e os sete filhos Macabeus em obediência à Palavra de Deus é o exemplo dos que, fortalecidos na esperança da ressurreição, não aderem à cultura da moda e da morte, eles preferem enfrentar as torturas e a própria morte a transgredir a Lei: "Estamos prontos a morrer, antes de violar as leis de nossos pais... Tu, ó malvado, nos tiras desta vida presente. Mas o Rei do universo nos ressuscitará para uma vida eterna, a nós que morremos por suas leis”.

Embora a época tenha sido de grande perseguição, foi também ocasião de educar para o testemunho capaz de enfrentar até o sacrifício da própria vida. O texto deixa claro que os mártires são testemunhas radicais da verdade. A coragem de entregar a própria vida liberta a língua para mostrar o verdadeiro porte do perseguidor, este, na verdade, luta contra o próprio Deus e é, portanto, o maior criminoso do mundo. “Para ti, porém, ó Rei, não haverá ressurreição para a vida". A fé na ressurreição não é neutra, Deus ressuscita os justos para a vida; quanto aos injustos, não ressuscitarão, seu destino é a morte definitiva.

Na 2ª Leitura (2Ts 2, 16-3,5), o apóstolo Paulo mostra que, assim como a comunidade, o agente de pastoral também tem necessidade de que orem por ele. O cristão não pode alcançar a salvação sozinho. O cristão atinge a salvação cumprindo, certamente, toda boa obra; não, porém, com suas forças, mas com a graça de Deus obtida na oração individual e comunitária.

No Evangelho (Lc 20, 27-38), Jesus desmoraliza os saduceus, apresentando o cerne das escrituras: Deus é o Deus comprometido com a vida. Ele não criou ninguém para a morte, mas para a aliança consigo para sempre. A vida da ressurreição não pode ser imaginada como cópia do modo de vida deste mundo, não é um prolongamento daqui, mas realização plena. Os saduceus pertenciam ao grupo que detinham o poder econômico, político e religioso, exploravam o povo e foram os responsáveis pelo processo que levou Jesus a morte. Por serem religiosos, ridicularizar Jesus e agir contra os seus ensinamentos, muitas vezes, confundiam o povo. Se importavam somente com este mundo, que eles tentavam controlar, não suportavam a ideia de ressurreição, muito menos a esperança que ela produz de um mundo transformado, no qual homens e mulheres não se relacionem em termos de propriedade e dominação deles sobre elas.

A fé na ressurreição é compromisso com a vida, não é crença intelectual, discussões teóricas sem sentido. Ressurreição é dar sentido para vida, ser capaz de renúncias, sacrifícios e gestos heroicos por uma causa: a causa do reino de Deus. Jesus afirma que o Deus cujo reino ele proclama é radicalmente comprometido com a vida digna para mulheres e homens, em todas as situações, principalmente onde não há esperança, isto é, em muitas realidades de ‘mortos vivos’.

Crer na vida eterna faz-nos abrir-nos para as necessidades dos outros, vencer o egoísmo e lutar para transformar as estruturas injustas deste mundo: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito” (Rm 12, 2).

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.


Pe. Leomar Antonio Montagna

Arquidiocese de Maringá - PR