Reflexão litúrgica: terça-feira, 30/01/2024 – 4ª Semana do Tempo Comum

29 de Janeiro de 2024

"Reflexão litúrgica: terça-feira, 30/01/2024 – 4ª Semana do Tempo Comum"

SÓ A FÉ PERMITE AO SER HUMANO ENCONTRAR-SE COM A FORÇA SALVÍFICA DE JESUS 

Na Liturgia desta terça-feira, 4ª Semana do Tempo Comum, na 1ª Leitura (2Sm 18,9-10.14b.24-25a.30-19,3), vemos que a guerra tinha chegado a um ponto tal que já não era possível impedir um combate frente a frente com o exército de Absalão, filho de Davi. Davi, que o amava ternamente, dá ordens rigorosas no sentido de que ele seja poupado de qualquer maneira. Joab, porém, não é do mesmo parecer. Esse comandante estava mais interessado no bem do rei e da cidade do que na afeição de Davi por seu filho. O acaso faz encontrar Absalão preso entre os ramos de uma árvore e Joab mata-o. O texto nos mostra como pouco ou nada interessou ao rei a vitória; pelo contrário, perturbou-se profundamente com o triste fim de seu amado filho. Era costume, em caso de vitória, dar festa e dançar alegremente. Naquele dia, nada disso aconteceu. 

Em toda a vida, mesmo depois de rei, Davi não deixou que o poder e a ambição se sobrepusessem a seus sentimentos. Tal proceder, onde a afetividade vence a fria razão política, embora pareça paradoxal, talvez seja um dos motivos que o levou a buscar sempre a reconciliação e a justiça, e que o fez estimado de todo o povo. Em Davi prevalece a piedade, a dor e o amor. É uma imagem tocante de Deus Pai, cuja maior alegria está em perdoar o filho pródigo e readmiti-lo, arrependido e renovado, na intimidade de sua casa. 

Há também neste trecho um convite para considerarmos o absurdo de qualquer guerra e de toda luta de partido, em que vencidos e vencedores terão de chorar os mortos e reconstruir sobre as ruínas materiais e morais. O sucesso não está na vitória armada e na astúcia política, mas na fidelidade religiosa e moral a Deus e à sua lei. 

No Evangelho (Mc 5,21-43), vemos Jesus agindo com poder sobre as enfermidades e sobre a morte, Ele é o salvador. A salvação é a vitória sobre a morte. Jesus transmite essa salvação, mas a pessoa humana só a faz sua se tem fé. Só a fé permite ao ser humano encontrar-se com a força salvífica de Jesus. Neste trecho do Evangelho, tanto no caso da mulher com hemorragia como no da filha do chefe da sinagoga, o encontro com Jesus é promotor da vida plena: a mulher toca em Jesus e é libertada da sua condição de impureza permanente (uma morta viva) e a menina é tocada por ele e tem a vida restabelecida. 

O contato com Cristo nos cura e nos salva. Perguntemo-nos: Como e onde podemos tocar Cristo hoje e ser tocados por Ele e, assim, ser curados? 

“Hoje podemos tocar Cristo nos sacramentos, no irmão pobre que está nas periferias existenciais e no irmão que vive do seu lado, na sua família. Primeiro, nos sacramentos: na Eucaristia, tocamos esse Pão da vida que nos tonifica, nos alimenta, nos santifica. Na confissão, tocamos esse Cristo Médico que nos perdoa, nos anima, cura as nossas chagas que deixaram em nós o pecado. Nos outros sacramentos, tocamos Cristo que, com a sua graça, abençoa e eleva o matrimônio ao nível sobrenatural, fazendo esses esposos reflexo fiel e fecundo de Cristo e a Igreja; faz desse homem “outro Cristo”, um ministro ungido e consagrado; na unção dos enfermos, esse toque é ainda mais visível e trepidante quando o sacerdote derrama o óleo consagrado na testa e nas mãos do doente. Segundo, podemos tocar Cristo no nosso irmão pobre que está nas periferias, como nos diz o Papa Francisco; tocá-lo com a nossa caridade misericordiosa, atenta e generosa, sem nojo e sem preconceito. E finalmente, podemos tocar Cristo nesse próximo que está do meu lado: meu esposo, minha esposa, meus filhos, meus parentes, amigos e vizinhos... Com um sorriso, o perdão, um gesto prestativo, uma palavra amável, uma palmadinha nas costas” (Pe. Antonio Rivero, Comentário sobre a Liturgia. Zenit, 23/06/15). 


Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus. 


Pe. Leomar Antonio Montagna 

Presbítero da Arquidiocese de Maringá - PR 

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças - Sarandi - PR