Reflexão: Liturgia do Domingo de Ramos da Paixão do Senhor, Ano B – 24/03/2024

22 de Março de 2024

"Reflexão: Liturgia do Domingo de Ramos da Paixão do Senhor, Ano B – 24/03/2024"

JESUS CRISTO NASCEU, VIVEU E MORREU POR NÓS 

Coloco, nesta reflexão, algumas chaves de leitura para a Liturgia do Domingo de Ramos e que, também, nos ajudarão durante toda a Semana Santa. 

Significado da Procissão: caminhada coletiva, em grupo, em comunidade, rumo à "Casa do Pai". O tema da Campanha da Fraternidade deste ano: “Fraternidade e Amizade Social”, com o lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs (Mt 23,8), nos diz que habitamos numa ‘Casa Comum’ e que todos somos responsáveis pelo bem ou mal viver. O Papa Francisco, na encíclica Laudato Si, nos diz que temos que ter consciência das crises graves que pesam sobre a vida. O fim da espécie humana não é impossível se não mudarmos nosso estilo de vida, pois, ou nos salvaremos todos juntos (porque não estamos numa arca de Noé que salva alguns e deixa perecer os outros), ou, juntos, miseravelmente, pereceremos. Nossa fé nos diz que nos salvamos em comunhão e que Cristo caminha conosco. 

Entrada triunfante e condenação - lição do que somos capazes: o coração humano pode oferecer o melhor ou o pior de si mesmo na edificação ou destruição do mundo. Depende da opção que fazemos. 

Entrada de Jesus em Jerusalém: Jesus entrega-se a si mesmo, oferece-se, não é algo externo, mas a si mesmo. Jerusalém é o estado de vida interior, lugar de compromisso, fidelidade, cruz, comunidade. 

Cantos, manifestações de alegria. Era uma festa. “Jesus se aproximou, e quando viu a cidade, começou a chorar. E disse: Oh! Se ao menos neste dia conhecesses o que te pode trazer a paz!” (Lc 19,41-42). 

Jesus vê que Jerusalém se afunda no pecado, na ignorância e na cegueira. Jesus tentou por todos os meios: milagres, obras, palavras... Jesus tentou tudo com todos. 

Para muitos, Jesus é só uma passagem, um ato social: 

Ramos verdes – murcham rapidamente; 

Hosana entusiástico – grito furioso: “crucifica-o”; 

Estendiam as vestes – o despojam das suas. 

Trágicos incidentes em Jerusalém e, também, hoje. Por quê? 

1°) Fragilidade do povo: deixou-se levar pelos interesses dos maus dirigentes da sociedade; 

2°) Cegueira das autoridades: obcecadas pelo poder, veem em Jesus uma ameaça, um perigo. 

Por que foi tão brusca a mudança? Por que tanta inconsistência? Para entender um pouco do que se passou, talvez, tenhamos que consultar o nosso coração. Muito dentro do nosso coração, há profundos contrastes: somos capazes do melhor e do pior. Se queremos ter em nós a vida divina, triunfar com Cristo, temos de ser constantes e vencer pela penitência o que nos afasta de Deus e nos impede de acompanhar o Senhor até a Cruz. 

3°) Postura de Jesus: vítima de uma grande violência, não respondeu com violência igual. A pior coisa que uma pessoa violenta pode fazer conosco é nos transformar em alguém igual a si mesma. Jesus não permitiu que fizessem isso com ele; não respondeu à agressão com agressão, não chamou fogo do céu para destruir os inimigos. Suas atitudes eram as de quem podia dizer: “Aquele que me viu, viu o Pai” (Jo 14,9). 

Estado psicológico e espiritual de Jesus 

Jesus refugiou-se, angustiou-se, foi preso, condenado, torturado, brutalmente supliciado. Sofrimentos físicos e psicológicos (traição, negação, abandono pelos amigos e discípulos). Suas atitudes: 

- Pede:“Pai afasta este cálice. Por quê? Por quê?.... Contudo, não seja feita a minha vontade”. 

- Sente:“Por que me abandonaste?” 

- Crê no humano:“Perdoai-os, porque não sabem o que fazem”. 

- Crê em Deus:“Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito”. 

O caminho de Jesus é, também, o caminho do cristão: renúncias, sacrifícios e gestos heroicos. 

Jesus foi humilde e obediente até a morte, e morte de cruz 

1° - A humildade é o fundamento da obediência 

Obediência significa prestar atenção, dar ouvidos. 

Como nasce a obediência? “O Senhor abriu-me os ouvidos (nos fala pela Palavra) e eu não fui rebelde, de manhã em manhã ele me desperta, sim, desperta o meu ouvido para que eu ouça como os discípulos” (Is 50,5). 

2° - Jesus permaneceu firme até o fim 

Movido por quem? Por quê? 

Por amor e fidelidade a Deus, Ele enfrentou grandes desafios: traição de Judas, negação de Pedro, a dor e a humilhação infligida a ele por aqueles a quem fora enviado: seu povo. Foi açoitado, esbofeteado, teve a barba arrancada, foi insultado e cuspido. “O Senhor Deus é meu auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo”. Por sua fé em Deus, jamais desistiu de crer no ser humano. 

3° - Na paixão e morte de Jesus nós estávamos lá 

O que aconteceu lá, também acontece hoje. Na condenação de Jesus, manifesta-se o orgulho de todo ser humano e sua rebelião contra o projeto de amor e fraternidade do Pai. 

4° - Na redenção de Jesus está a resposta de amor extremo por parte de Deus 

Nossa felicidade, o acesso à graça, teve um preço: Ele pagou por nós. Só quem reconhece esse amor adorará o Senhor com um coração agradecido. “Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame: ‘Jesus Cristo é o Senhor’, para a glória de Deus Pai” (Fl 2,10-11). 


Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.  


Pe. Leomar Antonio Montagna 

Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR 

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi – PR