Reflexão Litúrgica: Segunda-feira, 15/04/2024, III Semana da Páscoa

14 de Abril de 2024

"Reflexão Litúrgica: Segunda-feira, 15/04/2024, III Semana da Páscoa"

JESUS NÃO VEIO SOMENTE PARA TRANSFORMAR AS PEDRAS EM PÃO, MAS PARA ENSINAR QUE O AMOR E A PARTILHA PRODUZEM PÃO EM ABUNDÂNCIA 

Na Liturgia desta segunda-feira da III Semana da Páscoa, vemos, na 1ª Leitura (At 6,8-15), que Estêvão realiza na sua vida a vida de Cristo: na pregação, nos milagres, no processo do Sinédrio e na morte violenta. Seu destino é o mesmo de Cristo, que continua na vida da igreja. Dizer às pessoas que a religião delas ‘acabou’, que a lei e o templo não têm mais nenhuma relação com Deus e com a salvação, não é possível sem provocar luta. A não ser que tais pessoas sejam abertas e dóceis à verdade e à novidade de Deus. 

Estevão anuncia que a plenitude da lei e que o novo e definitivo templo de Deus é Cristo. Assim, a verdadeira fidelidade à lei e ao templo exige a superação e leva a Cristo. 

Também nós podemos cair numa visão legalista da vida cristã e numa prática formalística da missa e dos sacramentos. Cumpre ser aberto ao sopro do Espírito para fazer da religião um verdadeiro relacionamento com o Deus vivo em Cristo, e não adoração a ídolos, pessoas e grupos afins. 

No Evangelho (Jo 6,22-29), vemos que a multidão procura Jesus, desejando continuar na situação de abundância. Jesus mostra que essa não é a solução; é preciso buscar a vida plena, mas isso exige o empenho de cada um. Além do alimento que sustenta a vida material, é necessária a adesão pessoal a Jesus para que essa vida se torne definitiva. Pedindo um milagre como o do maná do deserto, a multidão impõe condições para aceitar Jesus. Mas o desejo da multidão fica sem efeito, se ela não se compromete com Jesus, o pão da vida que dura para sempre. 

O texto ressalta que as pessoas procuram Jesus, não para escutar suas palavras e aprofundar sua mensagem, mas porque querem milagres. Hoje, também, vão procurar portas que prometem milagres, uma religião-mercado que satisfaça os interesses materiais e imediatos: “estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos”.  

Jesus critica essas atitudes e sugere outra procura, a fé: “Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna”. Somente Deus pode saciar nossa fome de vida. O encontro com Cristo na Comunidade e, principalmente, na eucaristia, é o momento em que preenchemos nosso coração insatisfeito e vivificamos nosso espírito. Como Maria, somos chamados a produzir obras no espírito: “Maria concebeu pelo poder do Espírito Santo”. Toda a Vida de Jesus Cristo manifesta “como Deus o ungiu com o Espírito e com poder” (At 10,38).  Quando pessoas vêm até mim (padre) para pedir bênçãos, pensando somente em prosperidade econômica, geralmente, rezo, sim, pedindo essa bênção, mas acrescento o pedido da bênção da fé e do conhecimento, pois, se assim receberem, certamente, entenderão que Jesus não veio somente para transformar as pedras em pão, mas para ensinar que o amor e a partilha produzem pão em abundância. 


Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus. 


Pe. Leomar Antonio Montagna 

Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR 

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi – PR