Reflexão litúrgica: Quarta-feira, 10/07/2024 – XIV Semana do Tempo Comum

09 de Julho de 2024

"Reflexão litúrgica: Quarta-feira, 10/07/2024 – XIV Semana do Tempo Comum"

SOMOS CHAMADOS POR DEUS E ENVIADOS EM MISSÃO: “AI DE MIM SE NÃO EVANGELIZAR” (1Cor 9,16) 

Na Liturgia desta quarta-feira, XIV Semana do Tempo Comum, vemos, na 1ª Leitura (Os 10,1-3.7-8.12), que Deus tinha um projeto para seu povo e o realizou completamente, dando-lhe vida e prosperidade. Israel, porém, ficou sempre dividido entre os apelos de Deus e a sedução dos deuses cananeus, entre a confiança em Deus e a política de interesses, que produzia a injustiça, entre a obediência interior à vontade de Deus e um culto puramente exterior. Esta duplicidade acabará levando Israel para o exílio. Para saber o futuro, basta olhar as ações presentes e deduzir as consequências benéficas ou maléficas para a pessoa e para toda a sociedade. 

No Evangelho (Mt 10,1-7), é Jesus quem chama e envia os seus apóstolos para evangelizar. Nós, também somos chamados e enviados por Jesus para anunciar a paz e a vida nova num mundo ferido por muito sofrimento. Neste envio, as instruções são explícitas: mansidão, pobreza, ser portadores de paz, contentar-se com o que há, interessar-se pelos necessitados e anunciar o Reino; se rejeitados, repetir o anúncio; não se deixar levar por um entusiasmo fácil diante do sucesso; a única coisa válida é ser membros do Reino; enfim, estar convencidos de que o Reino não se constrói em um dia. 

O que vai garantir o sucesso da missão não será a abundância de poder econômico, nem na força mediática, megashows, aparência estética, muitas rendas, fumaça, espetáculos etc. Não podemos achar que a força da evangelização está na ‘teologia do pano, na liturgia da fumaça e na pastoral do espetáculo’. Alguém já dizia: “Quanto mais pobre o circo, mais enfeita-se o palhaço”. O próprio modo de viver, na simplicidade, já é suficiente para dar testemunho de Jesus Cristo: “Ordenou-lhes que não levassem coisa alguma para o caminho”. Um mundo melhor possível, sempre será fruto do próprio Deus que toca na interioridade humana. Não adiantaria termos uma inteligência excelente, uma perfeita organização pastoral, empenharmos todos nossos esforços e recursos possíveis se não contássemos com a ajuda e a graça de Deus: “Se Deus não construir a nossa casa em vão trabalham os operários” (Sl 126). A Bíblia nos dá essa conscientização e no Documento de Aparecida (246ss) quando fala da formação dos discípulos missionários a Sagrada Escritura ocupa um lugar de destaque na construção de um mundo melhor possível a favor do ser humano, como já dizia o Papa Paulo VI: “O homem poderá construir um mundo sem Deus, mas sem Deus construirá contra o próprio homem” (PopulorumProgressio, 42). Um mundo melhor possível será sempre obra do próprio Deus que age na vida de seus filhos e filhas. 

Hoje, também, Jesus nos envia em missão para viver a caridade, sentir os desafios de viver em comunidade, não somos nós que escolhemos a direção, a missão não deve ser um peso, mas um gosto, um prazer: “Eis que venho, com prazer faço a vossa vontade!” Por isso não podemos abandoná-la por qualquer motivo, mesmo quando rejeitados: “Se em algum lugar não vos receberem nem vos escutarem, sai dali e sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra eles”. Dos destinatários da missão se requer a acolhida ao missionário como enviado de Deus e a docilidade à Palavra divina por ele proclamada, caso contrário fecha-se para si mesmo o caminho da salvação. 

Para concluir esta reflexão, coloco algumas características da missão de Jesus e de seus discípulos: “Eles partiram, pregavam a conversão, expulsavam demônios e curavam doentes”. 

1°) Mudança radical – conversão; 

2°) Desalienar as pessoas – libertar dos demônios; 

3°) Restaurar a vida – curar as pessoas; 

4°) Estar consciente que a missão vai provocar choque com os que não querem transformação da realidade.  


Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus. 


Pe. Leomar Antonio Montagna 

Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR 

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi – PR