Artigo: Migração e Acolhida – “Onde está o Teu irmão, Tua Irmã?”

13 de Junho de 2020

Artigo: Migração e Acolhida – “Onde está o Teu irmão, Tua Irmã?”

35ª Semana Nacional do Migrante - 14 a 21 de junho de 2020

Migração e Acolhida – “Onde está o Teu irmão, Tua Irmã?”  Este é o tema da 35ª Semana Nacional do Migrante que nos convida a uma reflexão, a um olhar crítico e sincero sobre nossas atitudes diante daqueles e daquelas que sofrem o drama e os desafios da migração. Muitas vezes acabamos não sendo irmãos para os que estão ao nosso redor, precisando de consolo, esperança e solidariedade.

Onde está o teu irmão? Essa é a pergunta que Deus faz a Caim ao pedir contas da morte de Abel (cf. Gn 4, 9). Esta mesma pergunta continua ecoando ainda hoje em nossos ouvidos. Esse Deus que nos questiona, “onde está teu irmão, tua irmã?”, não é um Deus das nuvens ou um Deus distante de nós. Ao contrário, Ele é nosso vizinho. Ele está presente em cada uma das pessoas que forma a grande marcha dos 272 milhões de migrantes ao redor do mundo, conforme dados apresentados pelo relatório da ONU de 2019.

Deus se fez migrante quando decidiu sair do seu mundo espiritual e vir morar entre nós, conforme nos revela o evangelista João: “No princípio já existia a Palavra e a Palavra se dirigia a Deus e a Palavra era Deus (...). A Palavra se fez carne (se encarnou) e veio morar entre nós.” Esse Deus assume a condição humana na pessoa de Jesus de Nazaré, que também recebeu o nome de “Emanuel, que significa Deus-conosco” (Mt 1, 23). Durante sua vida terrena o Deus-encarnado se colocou em marcha, assumindo a condição de migrante, refugiado e andarilho, sem ter sequer onde “reclinar a cabeça” (Mt 8, 20).

Encarnar em nós o Cristo vivo e ir ao encontro do outro com seus costumes, crenças e diferenças, não é tarefa fácil.

Em nossa cidade, até mesmo em nosso bairro, existem muitos migrantes que chegaram de longe. Muitos deles percorreram milhares de quilômetros, outros atravessaram o oceano buscando uma nova vida.

Não sabemos qual foi o motivo que os fizeram deixar sua terra; tão pouco sabemos quantos traumas e violências sofreram pelo caminho até que chegassem a esse novo mundo. Quando aqui chegaram se depararam com outro idioma, com comida diferente, com cultura e costumes que não são seus, e tudo isso sem o amparo e a proteção dos familiares e amigos que para trás ficaram.

Diante desse cenário, a Igreja, como mãe, deve acolher tais pessoas, olhar em seus olhos e enxergar nelas o Jesus humano que continua a peregrinar pelo mundo. Como parte de sua missão profética, a Igreja deve proteger a população migrante frente ao risco da xenofobia, da marginalização e da violência.

Além disso, deve atuar com os migrantes na busca pela garantia dos seus direitos fundamentais. O Papa Francisco, como pastor da Igreja, nos convoca a colocarmo-nos ao lado dos pobres, ajudando-os, defendendo-os e lutando por seus direitos. Tais atitudes são fundamentais, inclusive, para nossa salvação, pois como nos oriente o Texto Base (TB) da semana nacional do migrante, o “processo de salvação pessoal depende de uma atitude social e política para com os excluídos” (TB, p.04).

Motivados pelas três dimensões que orientam a ação pastoral junto aos migrantes, a saber, sensibilidade, solidariedade e profetismo, iniciamos no dia 14 de junho a 35ª Semana Nacional do Migrante em toda Igreja no Brasil.

Com coragem e dedicação responderemos a Deus que: “Sim, eu cuido do meu irmão, da minha irmã migrante!” Esse cuidado deve ser uma atitude coletiva e comunitária. Assim, de maneira solidária e participativa, vamos fazendo acontecer o Reino de Deus entre de nós.


Andressa Gongora

Cáritas Arquidiocesana de Maringá