A morte, qualquer tipo de morte, se não considerada à luz de um caminho espiritual, é uma das realidades mais aberrantes da vida... Há mortes particularmente dramáticas. É o caso dos suicídios.
O suicídio desponta como manifestação inquietante da trágica e frágil condição humana. Em muitos casos parece ser a busca de solução imediata a desesperações e sofrimentos, que parecem insolúveis. É comprovado que grande parte dos suicidas apresentava sinais evidentes de depressão profunda e eram pessoas, com frequência, movidas por impulsões e compulsões extravagantes.
A notícia de um desfecho suicida é tão perturbadora. Traz reflexões profundas. Questiona-nos e ficamos sem muitas respostas. Uma única atitude diante dos suicidas é a não condenação de sua triste decisão.
Em casos concretos de suicídio, resta-nos lidar com os enlutados, empregando medidas de “pósvenção”. Atitudes e palavras de resiliência e de acolhida fortalecem os atingidos pela tragédia. Grupos de autoajuda são benéficos aos enlutados. Os ritos fúnebres têm papel importante, pois na religião e na espiritualidade é que se pode encontrar entendimento para ressignificar a vida que continua. Felizmente, o antigo costume de negar os ritos litúrgicos religiosos, em caso de suicídios, foi superado.
O acolhimento é a melhor atitude para quem está diante de situações dramáticas e insuportáveis. A fuga da realidade não é o melhor caminho. É necessário apontar opções que favoreçam a decisão de continuar viver, mesmo com os tantos desafios que a vida coloca à nossa frente.
Padre Júlio Antônio da Silva
Arquidiocese de Maringá
Publicado na Revista Maringá Missão de setembro de 2022