Vivências sobre a oração - Catequese com o Arcebispo, 5º Encontro 04/11/2024

04 de Novembro de 2024

Vivências sobre a oração - Catequese com o Arcebispo, 5º Encontro 04/11/2024

As Parábolas da Oração 

Antônio Pitta

Jesus e a oração

O autor da Carta aos Hebreus descreve com realismo a oração de Jesus: “nos dias de sua vida terrena dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que tinha poder de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua livre submissão” (Hb 5,7). (16).

Os lugares da oração

No tempo de Jesus, os principais lugares destinados à oração, na Palestina, eram o templo e a sinagoga.

Jesus rezava, porém, em todos os lugares: no deserto, por ocasião das tentações (Lc 4,1), ou em lugares isolados (Lc 5,16;9,18). Todavia, para rezar preferia a montanha, como antes de escolher os discípulos (Lc 6,12) e por ocasião da Transfiguração (Lc 9,28). O lugar que mais amava era o “monte das Oliveiras” (Lc 22,39) (18).

Que tipos de oração

Jesus transmitiu diversas formas de oração: agradecimento, bênção, louvor, pedido e súplica. Durante a última ceia, Jesus agradeceu duas vezes ao Pai antes de distribuir o cálice e o pão aos Discípulos (Lc 22,17.19). O verbo escolhido, “Eucaristia”. Antes da partilha de qualquer refeição, Jesus e os seus Discípulos agradeciam ao Senhor pela sua providência (20).

Duas atitudes eram comuns na oração de Jesus: Ação de graças e Bênção. Esse tipo de oração tirar o foco de si mesmo e confiar-se totalmente ao Senhor.

Muitas vezes a oração pessoal e a comunitária se tornam pedidos. Entre os pedidos de Jesus, destaca-se aquele pela messe, que é grande e, porque os operários sãos poucos... (Mt 9,38).

A vigilância é outro tipo de oração comum na vida de Jesus. Quando a vigilância se transforma em oração, se está em condições de evitar qualquer imprevisto, porque se está pronto para o encontro com o Senhor (Lc 21,36).

Os conteúdos da oração

São muitas as situações aos quais nos mergulhamos no cotidiano. Situações das mais diversas surgem na vida humana. Assim também há vários conteúdos da oração. A oração que mais se destaca é o Pai Nosso, mas não é a única. A “oração dos pequeninos” permaneceu tão impressa nas primeiras Tradições da Igreja que foi reportada entre os “ditos” de Jesus: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11,25; Lc 10,21). (23).

No capítulo 2

Neste capítulo destaca-se o Pai Nosso (Lc 11,1-4): a oração dos discípulos.

O modo de Jesus orar, despertou curiosidade nos discípulos. Eles também querem rezar como Jesus rezava. “Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou a seus discípulos” (Lc 11,1). A oração se torna o fermento para encorajar os discípulos no seguimento. (27).

A oração de Jesus se distingue também daquela dos fariseus que procuravam fazer-se notar quando rezavam nas praças e nas sinagogas. Na verdade, nem todos os fariseus ostentam seu modo de rezar. Nicodemos, por exemplo, que era chefe dos judeus, não estava habituado a fazer-se notar em público e foi se encontrar com Jesus à noite (Jo 3,2). Todavia, os fariseus corriam sempre o risco de tirar vantagem das obras de piedade que praticavam: o jejum, a oração e a esmola. Jesus tinha muitos amigos entre os fariseus, mas preferia antepor a pessoa humana, sobretudo, os doentes e os pobres, a qualquer prática de piedade (28).

Capítulo 3

O amigo impertinente e o pão cotidiano (Lc 11,5-13)

Muitas parábolas de Jesus giram ao redor de três interlocutores: eu, tu e o outro. (33). A virtude mais sagrada do ser humano é a hospitalidade. Atitude que gerencia um coração amoroso, cheio de afeto, de sensibilidade pela situação do outro. Nas situações emergenciais provamos o tipo de coração que pulsa em nós e o gesto de grandeza no modo de ser hospitaleiro.

Não é simples passar de uma oração emergencial editada pela necessidade a uma constante, capaz de superar todos os obstáculos. A parábola do amigo impertinente educa o discípulo a não se limitar à oração por necessidade, mas a atingir uma oração persistente, como aquela do amigo que continua a bater à porta. (34).

Capítulo 4

O Pai Misericordioso e a Remissão dos Pecados (Lc 15,11-32).

A parábola do pai misericordioso, mais correto falar do que do filho pródigo, nos fascina porque sempre extraímos algo novo que nos remete ao Pai cheio de misericórdia. Reler tal parábola sob a perspectiva da oração não seria inapropriado porque, de fato, a parábola remete à relação entre Deus e seus filhos. Deus sempre tem um olhar de misericórdia para conosco.

Nesta parábola, Jesus ensina a rezar corrigindo as orações do filho mais novo e do mais velho.

A oração do segundo é corrigida pela santidade com que Deus lhe dá novamente a dignidade de filho. Aquela do primogênito é revista pela paternidade sem limites de Deus. (44).

Capítulo 5

 A viúva, o juiz e a fé (Lc 18,1-8)

A viagem de Jesus com os seus discípulos está para alcançar Jerusalém e ele retoma a necessidade de orar sempre, sem nunca desistir (Lc 8,1). Assim se iniciam os dois novos ensinamentos sobre a oração nas parábolas: viúva e o juiz que não teme a Deus (Lc 18,2-8).

A parábola da viúva e do juiz não se limita a insistir sobre a perseverança na oração; ela acena a essencial finalidade da oração: crescer na fé, sobretudo diante da tentação de não ser escutado. (53).


Capítulo 6

O fariseu, o publicano e a santidade do templo (Lc 18,9-14)

Em claro contraste com a parábola da viúva e do juiz, Jesus prossegue com a oração nas parábolas detendo-se no episódio do fariseu e do publicano no templo.

O publicano dirige a Deus uma das mais breves e tocantes orações do Novo Testamento. O publicano não pede somente que Deus tenha piedade dele, mas que extinga o seu débito, o qual não tem condições de expiar sozinho. Diante de Deus todos são devedores e ninguém tem crédito! Somente a compassiva misericórdia de Deus pode justificar o publicano e não um direito adquirido diante do Senhor. Em contraste com a oração do fariseu, aquela do publicano diz tudo em pouquíssimos gestos e palavras. (59).

Capítulo 7

Mencionamos finalmente a parábola da figueira e a aproximação do Reino (Lc 21,29-36).

A última parábola de Jesus no Evangelho de Lucas é destinada à oração vigilante: é a fase mais madura da oração.

Pede-se ao Pai que “venha o seu Reino” ou que Ele faça próxima a sua presença na criação e na humanidade do próprio tempo. Jesus não enfrentou a hora da agonia dormindo noites tranquilas, mas com uma oração vigilante, marcada pela invocação “Abba, Pai” (Mc 14,36). (66).

Que a oração do Pai Nosso nos faça mergulhar na compreensão da beleza das parábolas de Jesus, porque nos ensinam a orar de modo criativo, cativante, confiante e maduro.

Aproveitemos esse tempo privilegiado ao nos prepararmos para o Jubileu do nascimento do Senhor como Peregrinos da Esperança. Amém!


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