Seminário da Campanha da Fraternidade 2026 reúne articuladores do Paraná em Guarapuava

18 de Novembro de 2025

Seminário da Campanha da Fraternidade 2026 reúne articuladores do Paraná em Guarapuava

De 14 a 16 de novembro de 2025, Guarapuava acolheu o Seminário da Campanha da Fraternidade 2026, promovido pela CNBB Regional Sul 2, no Centro de Formação San Juan Diego. Com o tema “Fraternidade e Moradia” e o lema “Ele veio morar entre nós” (Jo 1,14), o encontro reuniu articuladores regionais e diocesanos de todo o Paraná em três dias de estudo, oração e profunda experiência fraterna.

A assessoria foi conduzida pelo diácono Walter Saraiva, pelo Frei Ildo Perondi e pelas professoras Leoni Alves Garcia e Meriele Cristina Ferreira Haçul, contando também com a presença do secretário executivo do Regional Sul 2, padre Valdecir Badzinski.

Leoni destacou o sentido amplo do seminário. “Esse seminário é muito importante porque nós trouxemos um olhar para o todo da Campanha da Fraternidade. O tema Fraternidade e Moradia nos faz ver que a moradia é a porta de entrada para todos os direitos”. Ela explicou que o Regional se dedicou a observar a realidade residencial do Paraná com atenção: “Nós nos debruçamos em olhar essa realidade da moradia no nosso estado. Depois desse ‘ver’, fizemos a iluminação com a Palavra de Deus: o que Deus diz a respeito da moradia, o que o Magistério da Igreja nos ensina sobre esse direito”. Para ela, o seminário se tornou então um ponto de partida para a ação pastoral: “Saímos deste tabor, que é o nosso seminário, perguntando como será nossa ação em nossas dioceses, junto àqueles preferidos de Deus.”

A reflexão começou na sexta-feira à noite, quando o diácono Walter Saraiva conduziu o VER da Campanha a partir do Texto-Base. Segundo ele, o primeiro desafio foi analisar a situação da moradia no país. “Neste seminário nos propusemos a fazer um levantamento da realidade da moradia no Brasil. E a partir disso olhar também o nosso Regional Sul 2”, explicou. Em sua avaliação, ainda há um longo caminho pela frente: “Verificamos a precariedade das moradias e as dificuldades que as pessoas enfrentam para ter acesso a esse direito. Isso nos ajuda a formular propostas para um agir mais efetivo, conforme pede a Campanha da Fraternidade.

No sábado pela manhã, o JULGAR foi trabalhado pelo Frei Ildo Perondi, que iluminou a reflexão com a Sagrada Escritura. Frei Ildo lembrou que “desde o Antigo Testamento, Deus quer morar com o seu povo. Ele sempre diz: ‘eu estarei contigo’”. Para ele, a plenitude dessa presença se dá em Jesus Cristo: “O Evangelho de João diz: ‘o Verbo se fez carne e habitou entre nós’. A presença de Deus se concretiza em Jesus morando no meio de nós”.

O assessor explicou que a própria vida de Jesus revela a centralidade da casa como espaço de dignidade e evangelização. “Jesus nasce sem casa, encontra sua primeira moradia numa manjedoura. Depois visita casas: a de Pedro, a de Marta e Maria, a de Zaqueu… e leva salvação a esses lares. A moradia não é apenas um abrigo, mas um espaço de afeto, família, evangelização e dignidade humana.”

À tarde, os participantes se reuniram por províncias para partilhar a realidade habitacional de cada diocese. A professora Meriele Haçul destacou a riqueza dessa escuta: “Estivemos com um número muito bom de participantes, e cada um trouxe sua contribuição. Assim conseguimos chegar a um denominador comum sobre tudo aquilo que a Campanha da Fraternidade nos propõe.”

Logo depois, a coordenação conduziu os participantes até uma ocupação na periferia de Guarapuava, onde famílias vivem sem água, sem energia regular e sem condições mínimas de dignidade. O local foi recentemente descoberto pelos missionários da Paróquia Divino Espírito Santo durante visitas missionárias. A visita sensibilizou profundamente os presentes e se tornou, para muitos, o momento mais marcante do seminário.

No início da noite, a comunidade Pai Eterno acolheu a Santa Missa presidida pelo bispo diocesano, Dom Amilton Manoel da Silva, reforçando espiritualmente o caminho da Campanha.

No domingo, o encontro voltou-se ao AGIR, orientado por Leoni e Meriele, que retomaram a tese fundamental da Campanha: “Moradia digna é a porta de entrada para todos os direitos”. Após a apresentação de materiais, cursos e propostas de comunicação, o padre Valdecir dirigiu uma palavra de envio, encorajando as dioceses a assumirem compromissos concretos junto às populações mais vulneráveis.

A fala dos participantes confirmou que o tema toca diretamente a vida pastoral das dioceses. A irmã Cristiane Maria, da Diocese de Paranaguá, ressaltou que a fraternidade e a moradia são realidades muito necessárias. “Nós lidamos com moradores de rua e pessoas que vivem nos mangues. Tudo aqui nos ajudou a criar consciência de que podemos fazer diferença na vida de quem precisa do nosso auxílio.”

Já irmão José Augusto Wendler, o Gutto, da Província Marista Brasil Centro-Sul, destacou a importância da metodologia da Igreja: “É fundamental partir do ver, julgar e agir. A Igreja nos convida a olhar o solo sagrado da realidade — e às vezes esse solo não é um país das maravilhas. Precisamos encarar as dores da falta de moradia e discernir caminhos à luz da Doutrina Social.” Ele ainda lembrou que a parceria da Província com a CNBB tem sido essencial para formar lideranças: “Disponibilizamos cursos baseados no Texto-Base, porque muitas pastorais tinham dificuldade de acessar o Fundo Nacional de Solidariedade. Este ano novamente oferecemos especialistas e materiais para que a Campanha chegue aos rincões do Brasil.”

Ao final, os articuladores retornaram às suas dioceses com o compromisso renovado de transformar a Campanha da Fraternidade 2026 em um verdadeiro exercício de caridade social, iluminados pela certeza de que a moradia — mais do que um teto — é um direito, um lar, um espaço de encontro, de fé e de dignidade humana.