Em Maringá Igreja entrega carta de demandas aos candidatos ao governo do Paraná

11 de Setembro de 2014

Em Maringá Igreja entrega carta de demandas aos candidatos ao governo do Paraná

imagem Em Maringá Igreja entrega carta de demandas aos candidatos ao governo do Paraná

O auditório Dona Guilhermina em Maringá ficou lotado na noite de quarta-feira (10) por ocasião do Fórum com os candidatos ao governo do Paraná, promovido pela Arquidiocese de Maringá.

Os candidatos que participaram foram Geonísio Marinho, Tulio Bandeira, Bernardo Pilotto, Rodrigo Tomazini e Gleisi Hoffmann.

Lideranças da Igreja católica entregaram uma carta de reivindicações a todos os candidatos presentes. O Conselho Arquidiocesano de Leigos e Leigas propôs a criação de um núcleo de acompanhamento para a execução das demandas a partir de 2015, início do próximo governo.

O canal da WebTV da Arquidiocese de Maringá no YouTube disponibiliza as falas das lideranças e dos candidatos presentes:

Veja:

Geonísio Marinho https://www.youtube.com/watch?v=NTMoRdImdoQ

Tulio Bandeira https://www.youtube.com/watch?v=08mmklMv1Rk

Bernardo Pilotto https://www.youtube.com/watch?v=UyWBQWzO_Xo

Rodrigo Tomazini https://www.youtube.com/watch?v=CA0xoaj39L8

Gleisi Hoffmann  https://www.youtube.com/watch?v=2C-LwCh5w_U

 

O Fórum com os candidatos ao governo do Paraná será veiculado sábado (13) a partir das 9h30 pela Rede Evangelizar de Televisão, para a região de Maringá.

 

 

Carta de demandas da Arquidiocese de Maringá elaborada por diversas pastorais e movimentos

 

Maringá, 10 de setembro de 2014

 

Juventude

Hoje, fala-se muito em juventude. Cada vez mais, o tema ganha relevância na mídia e na pauta de debates públicos. Por que tal relevância? A pergunta é importante. Não se discute por ser legal, simpático, porque dá voto ou porque vende mais; mas por ser uma questão objetiva. Alguns fatores justificam o debate do tea.

1)      Primeiro: a questão populacional. Nunca como hoje houve na população brasileira tantos jovens. Segundo o IBGE, há 50,5 milhões, aproximadamente 28% da população. A cidade de Maringá, com cerca de 360 mil habitantes, tem 120 mil jovens, 1/3 da população, não incluídos aí os jovens transitórios, como estudantes. “Juventude” é, pois, um tema objetivo. Grande parte da população é jovem e necessita de políticas públicas que contemplem seus direitos e necessidades.

2)      Segundo: justamente pela grande quantidade populacional, muitos vivem na faixa de exclusão social pela impossibilidade de o Estado lhes prestar o devido atendimento. Todas as estatísticas comprovam que a juventude é o setor que mais sofre com a exclusão social em termos de pobreza, acesso ao trabalho, escolaridade, violência etc. Seja, portanto, pela quantidade populacional, seja pela exclusão social, a juventude tornou-se um sério problema.

3)      O terceiro motivo diz respeito à especificidade da fase. Quando jovem, a pessoa apresenta necessidades específicas, entendidas como direitos, que devem ser satisfeitas pelo Estado. Para exercer integralmente o seu papel de jovem, a pessoa precisa ter garantidas determinadas condições pelo Estado e pela sociedade.

4)      Quarto: o acesso ao conhecimento, aos bens culturais produzidos pela sociedade; portanto, direito à participação política. Aqui entra o direito, que assiste ao jovem, de participar do debate sobre a análise da situação política em que vivemos.

5)      Outro ponto é o que definimos como opressão geracional. As pessoas adultas oprimem as mais jovens ao restringir-lhes o acesso à participação nas decisões sobre os rumos do País. Os jovens são, quase sempre, desconsiderados nos debates políticos, nas grandes decisões. Pelo seu fundamental papel no desenvolvimento, as gerações mais novas precisam ser incorporadas às decisões importantes. A Secretaria Nacional de Juventude foi um avanço. Possibilitou ao tema visibilidade no âmbito do Estado e da sociedade. Deu ao Governo condição de integrar jovens no debate das políticas públicas, mas continua como um desafio. É importante criar um espaço de diálogo permanente com a juventude. Ansiamos pela participação política e social como expressão de educação e exercício da cidadania juvenil.

Rodovias regionais

Nossa comunidade traz outra demanda. Mais que ao desenvolvimento econômico, ela afeta ao bem humano mais caro, a vida. Devido às péssimas condições da Rodovia Estadual Branco Mendes, PR 463, no trecho entre Nova Esperança e Colorado, o Poder Público nos tem obrigado a conviver, quase que diariamente, com acidentes, dos quais resultam ferimentos graves e interrupção de vidas. A população e as famílias das vítimas da região não suportam mais a falta de atitude das autoridades. Reivindicamos:

1)      Recape imediato da rodovia; poda da vegetação ao longo da pista, especialmente nos trevos. Ela impede a visibilidade dos motoristas, quando da execução das manobras;

2)      Melhoria e instalação de nova sinalização; promoção de campanhas educativas e maior fiscalização, com foco na alta velocidade e embriaguez no volante; melhoria nos trevos, pois são os principais pontos de acidentes; construção de faixas adicionais que permitam saída antecipada dos veículos, além de instalação de câmeras de monitoramento e radares nos trevos de Cruzeiro do Sul, Paranacity, Uniflor, Colorado e Lobato.

3)      Revisão pelo Governo dos contratos com a concessionária e implantação imediata de trincheira na BR-376, em Iguatemi; duplicação da mesma rodovia até Paranavaí e duplicação da BR 369 até Cascavel. Essas são rodovias pedagiadas, em pista simples, na maior parte, o que consideramos desrespeito aos usuários.

4)      Até agora, também não há nada de concreto sobre a construção das trincheiras na BR-376 em Sarandi. Apesar do anúncio das obras, a população não conhece cronograma das obras que venham aliviar o tráfego no limite entre Maringá e Sarandi. Já a duplicação da PR 323 também exige urgência, pois é um importante corredor econômico do Brasil. Até o momento, os usuários sofrem pela péssima qualidade da pista.

 

Reforma política

Junto com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e outras entidades, a Igreja Católica em Maringá está engajada na luta por um projeto de iniciativa popular da Coalizão pela Reforma Política Democrática e por Eleições Limpas. Por isso, neste fórum apresentamos a que consideramos a mais importante demanda: a reforma política. São quatro os pontos principais que defendemos:

1)      Afastamento definitivo das eleições do dinheiro vindo de empresas;

2)      Igualdade entre homens e mulheres;

3)      Eleições proporcionais em dois turnos;

4)      Participação da sociedade em decisões nacionais importantes e que o voto do cidadão seja computado apenas para o candidato em quem ele votou.

 

Como comunidade de fiéis e de cidadãos, após as eleições, vamos ainda continuar em campanha para que nossa iniciativa alcance o mínimo de 1.500.000 mil assinaturas. Assim como no caso da Lei da Ficha Limpa e da Lei 9840 de combate à corrupção eleitoral, vamos alcançar mais uma importante vitória na consolidação da democracia brasileira.

Região Metropolitana

Para que serve a nossa Região Metropolitana de Maringá? E o Escritório Regional? Faz sentido que municípios distantes de Maringá pertençam à sua Região Metropolitana? Nossa comunidade não quer mais ser enganada com falsas políticas públicas de âmbito regional.

Defendemos o estabelecimento da relação formal entre o Governo Estadual e as Regiões Metropolitanas de Curitiba, Maringá e Londrina por meio de pactos territoriais metropolitanos; a construção de canais de acesso dos interesses coletivos aos fundos públicos; a definição de critérios técnicos para criação e ampliação das Regiões Metropolitanas no Estado do Paraná e a identificação dos problemas comuns entre os entes municipais para o estabelecimento de ações cooperadas.

 

Segurança

Nos últimos 10 anos o índice de violência na Região Metropolitana de Maringá aumentou 186,5%. Entre 2009 e 2011 Maringá registrou um aumento de 5% no índice de mortes violentas, enquanto Curitiba registrou queda de 20%.

Este aumento dramático na criminalidade é reflexo da falta de políticas públicas adequadas por parte do Estado. O desamparo social e a falta de perspectiva para os jovens, especialmente entre 18 e 24 anos, são os principais fatores apontados por especialistas para o aumento da taxa de homicídios em Maringá, que, em dez anos, cresceu 130%.

Têm contribuído decisivamente para o aumento da violência a venda e o consumo de drogas, que decorre justamente da falta de policiamento ostensivo. Estima-se que aproximadamente 600 policiais compõem o efetivo do 4º Batalhão de Maringá, que cobre 22 municípios da Região. A média é de um policial para cada grupo de pouco mais de 1.000 habitantes, muito abaixo da recomendação que é de um policial para 250 habitantes.

Faltam viaturas para o policiamento. Faltam equipamentos de informática básicos para que a polícia desempenhe satisfatoriamente o seu papel, e os softwares disponíveis pela CELEPAR são inadequados. O sistema prisional local vive uma situação dramática e sem precedentes.

As instalações do minipresídio da 9ª SDP encontram-se totalmente deterioradas. O minipresídio está interditado desde 2008. Passados já 06 (seis) anos, com capacidade máxima para 130 detentos, ainda hoje abriga, de forma irregular, desumana e degradante, mais de 350 detentos.

Em 2013 o Ministério Público, a Justiça Estadual, o Município de Maringá, a Câmara de Vereadores e representantes da sociedade civil organizada encaminharam ofício ao Governo do Estado do Paraná requerendo providências imediatas. Nada foi feito até à presente data.

Não há repasse de recursos para a construção de obras essenciais, que já se encontram aprovadas e até mesmo com terrenos já doados pelo Município de Maringá. Entre elas, o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública – CIOSP e a sede da Companhia da Polícia Ambiental.

A Defensoria Pública funciona precariamente em Maringá, em sala cedida pela UEM, onde há falta de servidores e equipamentos. O órgão conta com apenas 03 (três) defensores públicos, dos quais 01 (um) está prestes a ser transferido. A Defensoria Pública em Maringá foi instalada já sucateada. Essa é a segurança que os paranaenses merecem?

 

UEM

Historicamente o Ensino Superior no Paraná tem crescido respondendo às demandas da sociedade, que se tornam promessas de políticos e resultam em conquistas de novos cursos e novos serviços à comunidade.

Se, por um lado, o sistema cresce, por outro, a participação das Universidades nos recursos orçamentários do Estado têm permanecido congelada há décadas. Deste paradoxo resulta um quadro de abandono, com prédios inacabados, blocos  provisórios há cerca de 20 anos, não reposição do quadro de docentes e agentes universitários, problemas infraestruturais, além de outros.

Este cenário tem como causa principal a falta de um Plano Diretor, que estabeleça condições adequadas de sustentabilidade e crescimento das Universidades Públicas Estaduais, principalmente da Universidade Estadual de Maringá, que tem respondido a todas essas demandas da sociedade e, no entanto, permanece ao sabor da boa vontade e do bom humor daqueles que assumem o Governo do Estado.

Apesar de tantas dificuldades, a UEM desponta no cenário nacional como uma das Universidades mais importantes do País; porém essa luta não pode ficar apenas nas mãos de seus docentes, agentes universitários e acadêmicos.

Não queremos mendigar recursos e ouvir promessas. Desejamos uma Universidade autônoma, soberana e respeitada pelo Governo do Estado.

 

Escolas estaduais

Maringá tem boas escolas municipais, porém quando se fala na rede estadual de ensino, os estudantes ficam à mercê das estruturas escolares arcaicas. Os prédios são inadequados. Praticamente não há novas escolas. Quem mora na periferia luta para conseguir vaga os colégios do centro. Os alunos da periferia não têm direito a escolas de boa qualidade nos bairros? Faz sentido alguém, morando na Região Sul da cidade, tomar ônibus para estudar no Instituto de Educação ou no Colégio Gastão Vidigal? Não há aí um grave erro de logística?

Nossos professores estão estressados e sem assistência de qualidade à saúde. Para atendimento no hospital de referência do SAS, precisam deslocar-se a Sarandi. A terceira maior cidade do Estado não tem hospital capaz de atender professores e demais servidores do Estado? Todos citam educação como prioridade: na prática, estamos cansados desse sistema.

 

Saúde

Em Maringá, falar de saúde é lembrar o Hospital Universitário. O HU é um hospital escola, está inacabado e, ao longo dos últimos anos, várias promessas foram feitas de conclusão do complexo. Até hoje a população sofre com os corredores lotados. Além do HU houve, nos últimos meses, limitação do atendimento de hospitais privados conveniados ao SUS, prejudicados com a demora do repasse de verbas estaduais. Maringá é polo regional também em saúde; acaba acolhendo toda a demanda de inúmeros municípios menores. Nos últimos anos, hospitais de várias cidades da região foram fechados.

Necessitamos ainda do compromisso do Estado com maior atenção e apoio aos serviços de ortopedia. Hospitais prestadores desse serviço pelo SUS não estão suportando a demanda, também por causa do sub-financiamento. Queremos uma solução para esse drama.

 

Oncologia infantil

Ainda na área da saúde, nossas comunidades querem também o comprometimento dos governantes com o funcionamento dos serviços de oncologia infantil do Hospital Universitário de Maringá: a estrutura física adequada está pronta, mas faltam servidores. O prédio lá está. Enquanto isso, nossas crianças precisam ser transferidas para Curitiba, São Paulo e para outros centros a fim de receber o tratamento. As famílias são extremamente penalizadas. Para o paciente adulto o câncer já provoca sofrimento atroz; muito mais para uma criança. Faz sentido termos o HU preparado, que não dá atendimento a crianças portadoras de câncer?

Outra grande demanda da comunidade: a viabilização da construção da Casa de Apoio aos pacientes do Hospital do Câncer de Maringá. Nessa Casa, agentes voluntários da Pastoral da Saúde, entre outros, colocar-se-ão ao serviço de acolhimento, mormente aos pacientes vindos da região. Quem vem para Maringá não dispõe de lugar onde ficar. Permanece na chuva, ao sol, com fome… Humanamente, é aceitável que alguém sofra uma situações dessas?

 

Comissão de acompanhamento

 

Com esta carta, entregue aos candidatos ao governo no Fórum realizado em Maringá, pela comunidade católica, no dia 10 de setembro de 2014, sugere-se a criação de um elo entre a comunidade da Arquidiocese de Maringá e o Governo do Estado para acompanhamento das execuções das demandas apresentadas, a partir de 2015.

Uma comissão nomeada pela Arquidiocese irá, permanentemente, por meio de reuniões com representantes do Governo, acompanhar e cobrar tais propostas, para que elas sejam pensadas e executadas para o bem das comunidades.

 

 

 

 

Dom Anuar Battisti

Arcebispo de Maringá

 

 

Walter de Souza Fernandes

Conselho Arquidiocesano de Leigos e Leigas