Jornada Mundial dos Pobres – Semana da Solidariedade

17 de Novembro de 2017

Jornada Mundial dos Pobres – Semana da Solidariedade

Com a convocação “Não amemos com palavras, mas com obras”, o papa Francisco, em sua mensagem para o Dia Mundial dos Pobres, traz a grande motivação para mais esta data que foi incluída no calendário que compõe a agenda católica mundial no final do Ano Santo da Misericórdia, em 2016 e que, portanto, será celebrado pela primeira vez no próximo dia 19 de Novembro.

“Convido a Igreja inteira e os homens e mulheres de boa vontade a fixar o olhar, neste dia, em todos aqueles que estendem as suas mãos invocando ajuda e pedindo a nossa solidariedade. Este dia pretende estimular, em primeiro lugar, os crentes, para que reajam à cultura do descarte e do desperdício, assumindo a cultura do encontro. Ao mesmo tempo, o convite é dirigido a todos, independentemente da sua pertença religiosa, para que se abram à partilha com os pobres em todas as formas de solidariedade, como sinal concreto de fraternidade”, diz o papa Francisco em um trecho da mensagem.

No Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) confiou o processo de animação do Dia Mundial dos Pobres à Cáritas Brasileira. Neste sentido, para que toda Igreja e todas as pessoas de boa vontade vivam intensamente a proposta desta inciativa do papa Francisco, a Cáritas propõe uma semana de mobilizações marcadas por encontro positivos com os empobrecidos e empobrecidas do Brasil: a Jornada Mundial dos Pobres – Semana da Solidariedade.

Empobrecidos e empobrecidas do Brasil

De acordo com estudo inédito divulgado em fevereiro pelo Banco Mundial, o número de pessoas vivendo na pobreza no Brasil deverá aumentar entre 2,5 milhões e 3,6 milhões até o fim de 2017. Segundo o documento, a atual crise econômica representa uma séria ameaça aos avanços na redução da pobreza e da desigualdade. O Banco Mundial também atribuiu a ações sociais protetivas como o Bolsa Família, um papel fundamental para evitar que mais brasileiros entrem na linha da miséria.

De acordo com a instituição, o aumento da pobreza vai se dar principalmente em áreas urbanas, e menos em áreas rurais, isso porque nas áreas rurais essas taxas já são mais elevadas. O texto diz ainda que as pessoas que vão passar a viver abaixo da linha de pobreza, como consequência da crise, provavelmente são adultos jovens, de áreas urbanas, brancos, qualificados e que trabalhavam anteriormente no setor de serviços, principalmente da região Sudeste do país.

Segundo a instituição, em 2017, no cenário mais otimista o número de pobres no Brasil deve chegar a 19,8 milhões dos quais 8,5 milhões estarão na extrema pobreza. Na previsão pessimista, de mais um ciclo de recessão, o país terá  20,9 milhões de pobres, sendo 9,4 milhões em estado de miséria.

A pobreza no mundo

A pobreza é a realidade de mais de 700 milhões de pessoas no mundo! Essa realidade convive lado a lado com estimativas que indicam que o patrimônio de apenas oito homens que acumulam fortuna e poder é igual ao da metade mais pobre do mundo.

Em setembro de 2015, os países reunidos na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) se comprometeram com uma agenda de desenvolvimento até 2030. A partir de então o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU número 1 é o seguinte: “Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares”. Ou seja, os esforços devem apontar para o objetivo de fazer com que a renda mínima diária de cada pessoa supere US$ 1,25 faixa que determina atualmente a linha da pobreza extrema.

A recente publicação da Oxfam Brasil, A distância que nos une, um retrato das desigualdades brasileirasdestaca os aprendizados e avanços após décadas de trabalho no combate à pobreza. “A desigualdade e a pobreza não são inevitáveis. São, antes de mais nada, produto de escolhas políticas injustas que refletem a desigual distribuição de poder na sociedade. Tivemos um aprendizado valioso: não é possível erradicar a pobreza no mundo sem reduzir drasticamente os níveis de desigualdade. Níveis extremos de desigualdades interferem na capacidade do Estado e da sociedade redistribuírem renda, erguendo barreiras à mobilidade social e mantendo parcelas da população à margem da economia”, diz a publicação.

O relatório da ONU para o Desenvolvimento 2017, afirma que 6,5% da população global continuará na pobreza extrema até 2030, se a atual taxa de crescimento e políticas para o setor permanecerem inalteradas.

Para as Nações Unidas são necessários novos esforços multilaterais para tirar 550 milhões de pessoas da situação de pobreza.  De acordo com o relatório da ONU, se a tendência permanecer inalterada os esforços para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs, serão fortemente prejudicados, principalmente o de eliminar a pobreza até 2030.  Os países menos desenvolvidos, chamados de LCDs, devem ficar muito abaixo das metas estabelecidas.

Recentemente o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu ação imediata dos países para combater o problema. Ele disse que “apesar dos grandes esforços na luta contra a pobreza, a desigualdade aumentou em todo o mundo. Os conflitos estão proliferando e outros problemas como mudança climática, insegurança alimentar e escassez de água estão colocando em risco os progressos alcançados nas últimas décadas”, disse Guterres.

O relatório diz que muitos dos desafios que os países enfrentam, incluindo o lento crescimento econômico, mudança climática e crises humanitárias, têm efeitos através das fronteiras ou até mesmo globais.

Acompanhe e compartilhe as ações nas Redes Sociais da Cáritas Brasileira durante a Jornada Mundial dos Pobres – Semana da Solidariedade entre os dias 12 e 19 de Novembro. 

Por Jucelene Rocha, assessoria de comunicação da Cáritas Brasileira

Com informações da Onu e da Oxfam Brasil


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