04 de Dezembro de 2017

"Deixar-se surpreender por Deus"

O Papa Francisco, ao falar sobre o Advento, destacou que este tempo de preparação para o Natal é um convite a deixar-se surpreender por Deus e a não depender de nossas seguranças. Neste tempo do Advento, somos chamados a ampliar o horizonte do nosso coração, a nos deixarmos surpreender pela vida que se apresenta a cada dia com suas novidades.

Para isso, disse o papa, é preciso aprender a não depender das nossas seguranças, dos nossos esquemas consolidados, pois o Senhor vem na hora que não imaginamos. O Advento vem para nos conduzir a uma dimensão mais bonita e maior.

“Esse tempo único e repetível é um convite à sobriedade, a não se deixar dominar pelas coisas deste mundo, pelas realidades materiais”. Não se trata de preocupar-se com enfeites, presentes, comidas e regalias, com viagens, entrando no mundo do consumismo, sem deixar-se surpreender pelo menino, pobre e humilde da gruta de Belém. Não se trata de não fazer, mas saber governar nossos excessos, com a virtude da sobriedade. Todo o exagero leva ao pecado e nos anestesia diante dos mais necessitados.

Esse tempo do advento nos chama para refazer em nós um caminho de preparação espiritual, um recomeçar revendo nossa própria vida, colocando nossa existência na perspectiva do seguimento de Jesus. Nossa missão é ser discípulo do único Mestre que nos garante um final feliz. “Tudo é vaidade das vaidades, só Deus permanece”, nos diz o livro do Eclesiastes. Esse tempo nos chama para o encontro da família, seja com a novena, como com a chegada de parentes de longe ou de perto, para reatar laços de família.

Também é tempo de incluir, não excluir. Não podemos concordar com o seguinte anúncio: “Deixe seu idoso bem cuidado conosco e desfrute das festas natalinas”. Desde quando os nossos avós e pais idosos são um problema?

Esta semana padre Reginaldo Manzotti fez um forte protesto que viralisou nas redes sociais. Gostei muito do alerta que ele fez. “Os idosos não são produtos, não são objetos que devem ser guardados longe do convívio da família”, disse o padre. A sociedade moderna está caminhando cada vez mais para o descarte das pessoas. Há uma campanha contra a vida, e muitos não estão percebendo. Natal é a festa da vida, de nos surpreender com gestos de amor e carinho, de perdão e amizade, de aconchego e solidariedade, que ficará para sempre. Precisamos praticar a cultura do encontro. Vamos incluir, se aproximar; jamais excluir. Juntos, em comunidade, é tempo de “deixar-se surpreender por Deus”. “Eis o tempo da conversão, eis o dia da salvação”.

 

Dom Anuar Battisti