19 de Março de 2018

"Cinco anos com o Papa Francisco"

Na semana que se passou o Vatican News, portal oficial de notícias do Vaticano, fez um belo resumo dos cinco anos do pontificado do Papa Francisco. São tantas as mudanças na Igreja, que é sempre bom e válido fazer uma leitura contextual do que está acontecendo. Reproduzo aqui parte da matéria produzida pelo Vatican News.

“Alguns dados para sintetizar esses anos de Pontificado: duas encíclicas (Lumen fidei, sobre a fé, que continua o que fora escrito por Bento XVI e Laudato si, sobre o cuidado da casa comum, preservar a Criação não é dever dos verdes, mas dos cristãos), duas Exortações apostólicas (Evangelii gaudium, texto programático do Pontificado para uma Igreja em saída, fortemente missionária, e Amoris laetitia sobre o amor na família), 23 Motu próprio (reforma da Cúria Romana, gestão e transparência econômica, reforma do processo de nulidade matrimonial, tradução de textos litúrgicos, com indicações para uma maior descentralização e mais poderes às Conferências Episcopais), dois Sínodos sobre a família, um Jubileu dedicado à Misericórdia, 22 viagens internacionais com mais de 30 países visitados e 17 visitas pastorais na Itália, 8 ciclos de catequese na audiência geral das quartas-feiras (Profissão de fé, Sacramentos, Dons do Espírito Santo, Igreja, família, misericórdia, esperança cristã, Santa Missa), quase 600 homilias sem texto nas Missas em Santa Marta, mais de 46 milhões de seguidores no Twitter e mais de 5 milhões no Instagram. Sem contar os inúmeros discursos, mensagens e cartas, e os milhões de homens, mulheres e crianças de todo o mundo, encontrados, abraçados, acariciados.

O primeiro Papa jesuíta, primeiro proveniente das Américas, primeiro com o nome do Pobrezinho de Assis, Francisco, 265º Sucessor de Pedro, deseja uma Igreja com as portas abertas que saiba anunciar a todos a alegria e o frescor do Evangelho. Uma Igreja acolhedora, ‘onde há espaço para todos com sua vida fadigada’, não um dogma que controle a graça em vez de facilitá-la. Pede para abandonar um estilo defensivo e negativo, de mera condenação, para propor a beleza da fé, que é encontrar Deus.

Papa de direita ou de esquerda? Inicialmente, todos ou quase falavam bem de Francisco. Aos poucos as críticas chegaram. Uma boa notícia recordando as palavras de Jesus: ‘Ai de vocês quando todos falarão bem de vocês’. A direita acusa o Papa de ser comunista, porque ele ataca o atual sistema econômico liberal: ‘é injusto na raiz’, ‘esta economia mata’, prevalece a ‘lei do mais forte’ que ‘come o mais fraco’. E fala demais sobre os migrantes e sobre os pobres: hoje ‘os excluídos não são só explorados, mas são resíduos, são restos’. A esquerda, acusa o Papa de estar parado em questões éticas: defende a vida, contra o aborto e a eutanásia: ‘não é ser progressista pretender resolver problemas eliminando uma vida humana’. Defende a família baseada no matrimônio entre um homem e uma mulher, condena a teoria do gênero, ‘erro da mente humana’ e a ditadura do pensamento único e as colonizações ideológicas, também nas escolas, que correm o risco de se tornarem campos de reeducação. Ele adverte sobre questões da diminuição do direito à objeção de consciência. Ele observa a proliferação de direitos individuais, ‘individualistas’, diz, mas sem se preocupar com os deveres, e enquanto se fala de novos direitos - afirma - há pessoas que ainda passam fome.

Aumentaram também as críticas dentro da Igreja. Há quem que até mesmo chama de herege o Papa, que diz que rompe com a Tradição secular da Igreja, que se irrita porque ‘bate’ em quem está perto e acaricia quem está distante; há quem o contrapõe aos Papas precedentes. No entanto, Bento XVI já havia convidado a refletir sobre o discernimento para a Comunhão aos divorciados e recasados em certos casos especiais. João Paulo II já havia respondido a Dom Lefebvre, 40 anos atrás, explicando o verdadeiro significado da Tradição que ‘tem origem nos Apóstolos, progride na Igreja sob a assistência do Espírito Santo’. De fato, ‘a compreensão, tanto das coisas quanto das palavras transmitidas, cresce (...) com a reflexão e o estudo dos crentes’.

Duas ações fortemente promovidas por Francisco estão ainda em andamento: a primeira é a reforma da Cúria, devido à complexidade da reorganização de uma instituição secular. Mas também os escândalos, como Vatileaks2, não detém Bergoglio. A segunda ação é a luta contra os abusos sexuais na Igreja. Alguns membros da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, criada por Francisco, renunciaram, denunciando resistências e atrasos. O Papa reitera a ‘tolerância zero’ porque ‘não há lugar no ministério para aqueles que abusam de crianças’. E vai avante.”

Rezemos pelo Papa Francisco. Uma abençoada semana!


Dom Anuar Battisti