Fim do mundo: “Quando Cristo for tudo em todos”
Na Liturgia deste Domingo, Solenidade da Ascensão do Senhor, veremos, na 1a Leitura (At 1, 1-11), na 2ª Leitura (Ef 1, 17-23) e no Evangelho (Lc 24, 46-53), que falar da ascensão é falar da vida eterna, destino do ser humano, resultado de uma vida comprometida, até o fim, com os valores do Reino: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Ou “Ele passou a vida fazendo o bem” (At 10, 38).
Ascensão é, também, o modo de falar do mistério de Deus; é coroamento, prêmio de uma vida entregue por amor ao gênero humano: “Quanto a mim, já estou sendo derramado como vinho na oferta de libação. O momento da minha partida se aproxima. Combati o bom combate, completei a corrida, perseverei na fé! Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me concederá naquele Dia; e não somente a mim, mas certamente a todos os que amarem a sua vinda” (2Tim 4, 6-8).
Celebrar a ascensão é viver a solenidade de uma vida nova, assim como festejamos momentos importantes na vida e na sociedade.
Exemplos: Ano Novo, festa de quinze anos, casamentos, bodas, mandatos eletivos etc. Cristo não nos é tirado, mas exaltado, glorificado. Desapareceu da nossa vista para ser agora visível em nós (testemunhas), para falarmos Dele com a nossa vida, pois a finalidade do Projeto do Reino de Deus é que “Cristo seja tudo em todos” (Cl 3, 11).
A glória de Deus é que o ser humano seja pleno de vida. A Parusia não é a volta de Jesus ausente, é manifestação de Jesus presente na Comunidade e em cada um de nós. Haverá uma data? “Senhor, é agora que vais restaurar o reino em Israel?” (At 1, 6). Jesus responde que a vinda do reino não será por ‘mágica’, mas que a preocupação não deve ser com o tempo e sim com a vivência da fé: “Sereis minhas testemunhas”, isto é, não viver a fé de forma passiva, devemos estar atentos à realidade que nos circunda, viver com responsabilidade frente aos desafios do mundo. A vinda gloriosa, teofania, manifestação de Deus, ocorrerá quando fizermos a experiência do encontro com seu amor; a experiência do encontro com Deus será encontro que salva, educa, cura, transforma nossa vida para melhor.
Ascensão, ir para o céu, não é um lugar, mas um estado de alma, harmonia, entrar para o mundo de Deus. A conversão é ir para Cristo, é ir para o céu, é experimentar Cristo vivo. Quando participamos da eucaristia, vivemos a comunhão plena, antecipamos o céu, pois experimentamos Cristo vivo que nos fala ao coração, “Ele que é o mesmo, ontem, hoje e sempre” (Hb 13,8).
Na primeira encarnação, por meio de Maria, vemos, nos Evangelhos, as ações de Jesus, Deus age num ‘Corpo Físico’ (“Quem me vê, vê o Pai, eu e o Pai somos um”). Agora, a partir da ascensão, vivemos o início da segunda encarnação. Agora a manifestação de Deus ocorre não mais num ‘Corpo Físico’, mas no ‘Corpo Místico’ que é a Igreja. Nasce, assim, a missão salvadora da Igreja, nossa missão, e, como diz o Apóstolo Paulo: “Agora já não sou eu quem vive, mas Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Ou, ainda: “Considero tudo uma perda, diante do bem superior que é o conhecimento do meu Senhor Jesus Cristo. Por causa dele perdi tudo, e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo” (Fl 3, 8ss). Jesus continua a nos ensinar pelo mistério da Igreja.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Pe. Leomar Antonio Montagna
Arquidiocese de Maringá