Reflexão litúrgica: quinta-feira, 17/08/2023 – 19ª Semana do Tempo Comum

16 de Agosto de 2023

"Reflexão litúrgica: quinta-feira, 17/08/2023 – 19ª Semana do Tempo Comum"

DEUS NÃO NOS TRATA SEGUNDO MERECEMOS, MAS COM SUA MISERICÓRDIA 

Na Liturgia desta quinta-feira da XIX Semana do Tempo Comum, vemos, na 1ª Leitura (Js 3,7-10a.11.13-17), que os pormenores dessa travessia do rio Jordão lembram uma celebração litúrgica (a presença da arca, os sacerdotes, a distância, a purificação, a travessia em forma de procissão). Talvez tenhamos aqui uma liturgia com que o povo celebrava a entrada na terra prometida. 

A arca é o sacramento da presença do Deus libertador que caminha à frente do seu povo, conduzindo-o para a terra prometida. Toda a etapa do deserto se coloca entre dois milagres semelhantes: a travessia do mar Vermelho a pé enxuto (Ex 14,22;15,19), passando da escravidão para a liberdade, e a travessia do rio Jordão, também a pé enxuto, entrando na terra dada por Deus para a construção de uma vida nova. 

O Evangelho (Mt 18,21-19,1), por meio da parábola, nos diz que cada um de nós tem uma dívida impagável para com Deus, mas que Ele nos perdoa sem limites. Deus não nos trata segundo merecemos, mas com sua misericórdia. Somos salvos, não por nossos méritos, mas pelos méritos de Cristo. Entretanto, Deus quer que tenhamos compaixão de nossos irmãos. O texto conclui que, ao final de nossa existência, Deus retribuirá a cada um de acordo com a conduta que tivera em vida: “Perdoai-nos, assim como nós perdoamos”. Somos nós que decidimos quanto Deus deverá nos perdoar: a morte sela o que foram as ações em vida. 

Concluo esta reflexão com as palavras do Pe. Raniero Cantalamessa: 

Devemos estar atentos para não cair em uma armadilha. Existe um risco também no perdão. Consiste em formar-se a mentalidade de quem crê ter sempre algo que perdoar aos demais. O perigo de acreditar ser sempre credor de perdão, jamais devedores. Se refletirmos bem, muitas vezes, quando estamos a ponto de dizer: ‘Perdoo-te!’, se mudarmos nossa atitude e palavras e dissermos à pessoa que temos em frente: ‘Perdoe-me!’ Daríamos conta de que também nós temos algo para pedir perdão para ela. Ainda mais importante que perdoar é pedir perdão (Zenit, 09/09/2005). 


Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus. 


Pe. Leomar Antonio Montagna 

Presbítero da Arquidiocese de Maringá - PR 

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi - PR