Reflexão litúrgica: segunda-feira, 02/10/2023, Memória dos Santos Anjos da Guarda, 26ª Semana do Tempo Comum

01 de Outubro de 2023

"Reflexão litúrgica: segunda-feira, 02/10/2023, Memória dos Santos Anjos da Guarda, 26ª Semana do Tempo Comum"

ENVIO O MEU ANJO DIANTE DE TI 

Na Liturgia desta segunda-feira, Memória dos Santos Anjos da Guarda, vemos na  Leitura (Ex 23,20-23), uma exortação sobre a fidelidade ao Projeto de Deus. Servir a Deus é respeitar o seu Anjo e lhe obedecer, pois ele guiará o povo até a terra prometida. Esse anjo ou mensageiro é provavelmente a pessoa dos líderes que ajudam o povo a compreender e realizar o projeto de Deus. Por outro lado, não servir outros deuses é não entrar em aliança com outros povos, nem com os deuses deles: isso levaria o povo a viver uma nova escravidão. 

No Evangelho (Mt 18,1-5.10), vemos que a comunidade cristã não é a reprodução de uma sociedade que se baseia na riqueza e no poder. Nela, é maior ou mais importante aquele que se converte, deixando todas as pretensões sociais, para pertencer a um grupo que acolhe fraternalmente Jesus na pessoa dos pequenos, fracos e pobres. 


Santos Anjos da Guarda 

Os Anjos da Guarda são mensageiros divinos, protetores das pessoas, mencionados no Antigo Testamento e que foram também lembrados por Cristo. Na história da salvação, Deus confia aos Anjos o encargo de proteger os patriarcas, seus servos (Sl 90,11-13) e todo o povo eleito (Ex 23,20-23). Pedro na cadeia é libertado por seu Anjo (At 12,7-11.15). Jesus, para defesa dos pequeninos, diz que os Anjos deles veem sempre a face do Pai que está nos céus (Mt 18,10)

Fundamentando a verdade de fé sobre a própria afirmação do Redentor, a Igreja nos diz que cada cristão, desde o momento do batismo, é confiado ao seu próprio Anjo, que tem a incumbência de guardá-lo, guiá-lo no caminho do bem, inspirando bons sentimentos, proporcionando a livre escolha que tem como meta Deus, Supremo Bem. Ainda hoje, os Anjos de Deus associam-se maravilhosamente à Igreja para cumprir o memorial da Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. 

No Judaísmo rabínico, acredita-se, semelhante ao que cremos hoje, que cada pessoa possui seu Anjo da Guarda que a protege tanto no âmbito pessoal como comunitário: “Desde o seu começo até à morte, a vida humana é acompanhada pela sua assistência e intercessão. ‘Cada fiel tem a seu lado um anjo como protetor e pastor para o guiar na vida’. Desde este mundo, a vida cristã participa, pela fé, na sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus” (CIgC, 336). 

Os anjos são antes de tudo os mediadores das mensagens da verdade divina, iluminam o espírito com a luz interior da palavra. São também guardiões das almas das pessoas, sugerindo-lhes as diretivas divinas; invisíveis testemunhas dos seus pensamentos mais escondidos das suas ações boas ou más, claras ou ocultas, assistem as pessoas para o bem e para a salvação. Portanto, a doutrina bíblica e eclesial nos diz que cada fiel é ladeado por um anjo enviado por Deus para o guardar e acompanhar no caminho da vida, isso quer dizer que os anjos da guarda são um presente carinhoso da Divina Providência. Por meio deles, é Deus mesmo quem nos acompanha. Assim, o serviço dos anjos não substitui a Providência Divina nem está acima da consolação do Espírito Santo, pois “o Espírito vem em socorro de nossa fraqueza e intercede em nosso favor” (Rm 8,26). 

A história da salvação atinge cada pessoa em sua situação concreta; a promessa bíblica: “Preceder-te-á o meu anjo” (Ex 23,20.23) realizou-se para o povo eleito, para a Igreja, e verifica-se para toda a Igreja local, para todo o grupo ou comunidade, para cada pessoa. Em comunhão com toda a Igreja peregrinante, veneramos os anjos e louvamos a Deus que nos concede experimentar sua poderosa intercessão, “até que o Senhor venha em sua glória e com ele todos os anjos (Mt 25,31) e, destruída a morte, lhe sejam submetidas todas as coisas (1Cor 15,26-27)” (LG, 49). 

Após constatar tantos depoimentos sobre o poder, a obediência e o serviço dos anjos em relação a Deus, encerro esta reflexão dizendo que estes seres celestiais são importantes em nossa vida, mas jamais devem substituir o próprio Deus. O culto aos anjos é admissível enquanto veneração, louvor, respeito e reconhecimento deles como mediadores da Revelação do Projeto do Pai para a humanidade. 


Santos Anjos da Guarda e todo o Coro dos Anjos, rogai por nós! 


Pe. Leomar Antonio Montagna 

Presbítero da Arquidiocese de Maringá - PR 

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi - PR