DE JESUS, TIRAM-LHE TUDO, MENOS A CAPACIDADE DE AMAR E SER LIVRE
Na Liturgia desta segunda-feira da X Semana do Tempo Comum, a 1ª Leitura (1Rs 17,1-6), é tirada do Livro dos Reis, e, sabemos que os livros do Reis são uma meditação de fé sobre a história: Israel precipita-se na ruína porque os reis desviam de Deus o povo, e este é infiel à Aliança. Por isso Deus deixa livre curso à lógica da política humana. Essa história mostra o pecado como um mal social que domina e oprime, do qual os homens não se podem livrar e a eles se prendem sempre mais; é, portanto, uma frequente invocação ao Deus Salvador. A ação profética de Elias é uma violenta denúncia sempre mais sistemática, feita aos reis, de desviarem o povo de Deus. Para Acab, Deus não existe; Elias, cujo nome é uma proclamação: “O Senhor é meu Deus”, fá-lo sentir as consequências do ateísmo: o silêncio de Deus! Elias, crente, fala e ameaça, depois retira-se. Confia em Deus, e Deus o assiste. hoje, num mundo incrédulo e ateu, a Igreja deve ser testemunha de Deus, com sua vida sem apoios terrenos, sustentada pelo “pão que é a carne de Cristo”.
No Evangelho (Mt 5,1-12), vemos que Jesus, ‘Novo Moisés’, apresenta o Programa do Reino de Deus, a ‘Nova Lei’. Jesus está diante de muitas pessoas, então, primeiro, Ele constata a realidade: Quem são? Com quem Ele está falando? Com os pobres, aflitos, mansos, com os que têm fome e sede de justiça, misericordiosos, puros de coração, promovem a paz etc.
Em segundo lugar, Jesus conhece as dificuldades deles: perseguidos, injuriados, excluídos etc. Aqui, poderíamos observar, na mensagem, e ver de quem Jesus está falando? Ele havia dito: “A boca fala do que o coração está cheio”, então, Ele está falando Dele mesmo, certamente, de Maria, dos Santos, das famílias, das Instituições, enfim, de cada um de nós que nos identificamos com os que mais necessitam de nossa solidariedade. De Jesus, tiram-lhe tudo, menos a capacidade de amar e ser livre.
Em terceiro lugar, Jesus os proclama “Felizes”, herdeiros do Reino de Deus.
“As bem-aventuranças são anúncios de felicidade, mas principalmente convocam para o não-conformismo e para a ação segundo os valores do Reino. A existência de pobres e aflitos é a mostra de que é preciso ter fome e sede de justiça de Deus. Os pobres que não se conformam com a situação em que se encontram e aceitam a convocação de Jesus são os ‘pobres no Espírito’, sintonizados com o que o Espírito de Deus lhes inspira. Por outro lado, a prática da misericórdia, a luta pela verdadeira paz da fraternidade, mostram a justiça de Deus sendo assumida por quem escuta o desafio apresentado por Jesus. Esse caminho de vida, porém, traz como consequência a perseguição, produzida por aqueles que desejam as coisas continuando como estão” (Nova Bíblia Pastoral, p. 1190).
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Pe. Leomar Antonio Montagna
Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR
Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças – Sarandi – PR




