OS CAMINHOS DO SENHOR SÃO RETOS E OS JUSTOS CAMINHARÃO NELES
Na Liturgia desta sexta-feira da XIV Semana do Tempo Comum, vemos, na 1ª Leitura (Os 14,2-10), que o objetivo da pregação de Oséias é provocar a conversão. A esposa infiel (Israel) não só é reprovada e censurada pelo esposo fiel (Deus) irado, mas é também, e principalmente, cortejada e convidada a retomar seu amor verdadeiro e deixar seus amantes, sua prostituição. Desse modo, a palavra-chave do livro é converter-se, voltar. Oséias deixa claro quem são os ‘amantes’ que levam um povo à ‘prostituição’: é a política de submissão as potências estrangeiras, a confiança no poderio militar e o culto a outras divindades; em nada disso se podem encontrar a certeza de uma recuperação política, um florescimento econômico e até mesmo a salvação.
O final do texto mostra que não basta uma leitura neutra para entender a mensagem do profeta; é necessário um discernimento diante das idolatrias que nos rodeiam, para enveredar-nos pelos caminhos retos do Senhor. Sem esse discernimento que leve a uma atitude concreta diante dos ‘amantes’ que nos fascinam, o próprio caminho do Senhor se torna um tropeço.
No Evangelho (Mt 10,16-23), vemos que as perseguições, traições e ameaças, relatadas neste texto, farão parte da vida de quem quiser ser discípulo de Jesus. Quando Mateus escreveu este texto, já haviam ocorrido coisas terríveis: guerras, revoluções, destruição do Templo e a grande perseguição aos cristãos. Para muitos, eram sinais do fim do mundo. As tentações e tribulações são partes inevitáveis da vida cristã. Mas Deus não permite que sejamos tentados acima das nossas forças. Nesses momentos saibamos humildemente pedir socorro ao Espírito Santo Consolador, pois Ele virá em auxílio daqueles que sofrem por Jesus, Ele nos fará capazes de dar um testemunho sereno e corajoso frente a quaisquer situações.
Hoje, diante da realidade sombria em que vivemos, muitos pretendem até marcar a data do fim catastrófico do cosmos. Mas não é o cosmos todo que deve ser destruído, mas esse mundo injusto e violento. “O mundo novo por todos desejado já começou com Jesus, mas sua manifestação será lenta e penosa. Sua aparição será semelhante a um parto, que envolve sacrifício e dor. Não devemos nos preocupar com ‘quando’ acontecerá a destruição ou o fim do universo, mas sim em ‘como’ superar a injustiça, a fome, a miséria, a violência que afligem homens e mulheres. Para mudar essa situação, é preciso muito empenho e perseverança, e somente quem perseverar ganhará a vida” (Pe. Nilo Luza, ssp).
Este discurso de Jesus não pretende colocar medo nos ouvintes, mas alertar diante de nossas escolhas; pretende suscitar ânimo e resistência nas situações difíceis e adversas da vida. Sem Deus, tudo virá abaixo, os valores evangélicos devem permanecer constantes. Deus é maior que o estado de ânimo e os resultados do momento. Devemos sempre sonhar com um mundo melhor possível dando testemunho, pois, caso contrário, podemos assumir algumas atitudes perigosas: ilusão de ter o céu aqui na terra, ou nos omitir, não lutar, relaxar a vida de fé, dizendo que o mundo não tem mais jeito, todos são iguais, ninguém presta etc. “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida”. Não devemos temer a volta de Jesus, afinal, na Eucaristia e na Comunidade, Ele já está no meio de nós. A vinda do Senhor é, para o cristão, alegria, plenitude e libertação. “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre” (Hb 13, 8). Misericórdia sem limites. “Se Ele é por nós, quem será contra nós. Nele somos mais que vencedores”.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Pe. Leomar Antonio Montagna
Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR
Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi – PR




