“SANTO DE CASA NÃO FAZ MILAGRES”, MAS POR QUÊ? A CULPA É DELE OU É NOSSA?
Na Liturgia desta sexta-feira da XVII Semana do Tempo Comum, vemos, na 1ª Leitura (Jr 26,1-9), que as duras palavras de Jeremias contra o culto exterior e supersticioso do templo valeram-lhe a acusação de blasfêmia contra Deus e um processo perante os juízes reunidos, por haver anunciado a destruição do templo e da cidade. A palavra do profeta é, entretanto, um convite a viver a essência da religião: a conversão interior e a observância da lei e da palavra de Deus são os elementos determinantes de uma nova presença benévola de Deus entre o seu povo.
Falando em nome de Deus, o profeta tem a coragem de criticar as instituições mais sagradas do seu tempo: falar contra o Templo e contra Jerusalém era uma blasfêmia. Jeremias deixa claro que as instituições não passam de máscara quando não se vive conforme o projeto de Deus.
O Evangelho (Mt 13,54-58), nos questiona: diante dos profetas que Deus nos envia, estamos dispostos a ouvi-los? A quem ouvimos? Não ter profetas é ruim, pior é não os reconhecer, rejeitá-los porque são humanos. Rejeitando o profeta, rejeitaremos à Palavra e o próprio Deus. Neste trecho do Evangelho, as pessoas rejeitam Jesus porque só enxergam a imagem que haviam construído de Deus, um Messias forte, um Deus do espetáculo, “ficaram admirados” (espetáculo não leva a fé os que estão longe, enaltecer os que estão longe, é fácil), rejeitam Jesus pela sua humanidade e pela sua humildade, “filho de Maria, o carpinteiro e ficaram escandalizados”, não creem porque veem, debocham, não acreditam que um humilde possa ter capacidades, ideias: “Entre nós está e não o conhecemos”. Sabemos que Deus escolhe os fracos e humildes para confundir os fortes e poderosos e realizar suas obras. Devido a dureza do coração e a falta de fé, podemos concluir, com Jesus: “Santo de casa não faz milagres”, mas por quê? A culpa é dele ou é nossa?
Hoje somos convidados a renovar nossa profissão de fé, não apenas em Deus, mas também com quem convivemos, aí poderemos modificar o provérbio e dizer: “Santo de Casa, também faz milagres”.
Tomemos cuidado para que o preconceito não nos feche o coração, pois, naquele tempo, muitos não perceberam a ação de Deus em Jesus. Vejamos a pessoa e não somente os ‘penduricalhos’.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Pe. Leomar Antonio Montagna
Presbítero da Arquidiocese de Maringá-PR
Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi-PR