Reflexão litúrgica: Quarta-feira, 11/09/2024 – XXIII Semana do Tempo Comum

10 de Setembro de 2024

"Reflexão litúrgica: Quarta-feira, 11/09/2024 – XXIII Semana do Tempo Comum"

NÃO ABSOLUTIZAR AS COISAS E PESSOAS, SÓ DEUS É ABSOLUTO 

Na Liturgia desta quarta-feira da XXIII Semana do Tempo Comum, vemos, na 1ª Leitura (1Cor 7,25-31), que o apóstolo Paulo faz um maravilhoso elogio do celibato consagrado e da virgindade, eco da primitiva tradição cristã. Não se trata de fechamento egoísta sobre si mesmo, nem tampouco de um cálculo mesquinho sobre a brevidade da vida, como escapatória para fugir ao tédio. Trata-se de um mistério de amor: a consagração virginal da vida e sua unidade como sinal do fim dos tempos e radical tensão para Deus. A vocação ao celibato e à virgindade vem de Deus. É ela um ministério eclesial, que une ao Cristo aqueles que a isso são chamados, no corpo e no espírito. A pertença a Cristo implica uma ruptura, pois determina uma opção. A virgindade entra no espaço do dom total e definitivo de si a Deus e aos irmãos, na plenitude e intimidade do Espírito e na total e radical disponibilidade a todas as tarefas que Deus confia aos consagrados. A intimidade com Cristo torna-se comunhão e alimenta uma fé capaz de transportar montanhas. 

Neste texto, o Apóstolo Paulo, também nos transmite alguns ensinamentos: não absolutizar as coisas e pessoas. Buscar, em primeiro lugar, o Reino de Deus. O fim não é possuir mais, mas amar mais. O que permanece é o bem que realizamos, a caridade, a partilha. A Palavra nos diz que devemos ser generosos, evitar gastos com caprichos supérfluos, vaidades. Devemos cuidar da vida, cuidar da natureza, cuidar de si. 

No Evangelho (Lc 6,20-26), Jesus propõe um caminho seguro para a felicidade, é um resumo do ensinamento de Jesus a respeito do Reino e da transformação que esse Reino produz. Jesus se apresenta como novo Moisés, que desce da montanha e transmite a lei, isto é, a vontade de Deus que leva a libertação ao ser humano. Jesus está diante de muitas pessoas, então, primeiro, Ele constata a realidade: Quem são? Com quem Ele está falando? Com os pobres, aflitos, mansos, com os que têm fome e sede de justiça, misericordiosos, puros de coração, promovem a paz etc. 

Em segundo lugar, Jesus conhece as dificuldades deles: perseguidos, injuriados, excluídos etc. Aqui, poderíamos observar, na mensagem, e ver de quem Jesus está falando? Ele havia dito: “A boca fala do que o coração está cheio”, então, Ele está falando Dele mesmo, certamente, de Maria, dos Santos, das famílias, das Instituições, enfim, de cada um de nós que nos identificamos com os que mais necessitam de nossa solidariedade. De Jesus, tiram-lhe tudo, menos a capacidade de amar e ser livre. 

Em terceiro lugar, Jesus os proclama “Felizes”, herdeiros do Reino de Deus. 

Em quarto lugar, Jesus não se limita a anunciar o Reino aos sofredores, Ele apresenta algumas advertências e ameaças aos causadores dos males, que são a causa da miséria dos pobres e que possuem um comportamento perverso. 

Enfim, a questão que nos cabe é: como libertar os pobres, além dos louvores e discursos, mas com ações e com o engajamento nos Movimentos Sociais? Líderes destes Movimentos são bem aceitos? Quem a mídia elogia ou a historiografia enalteceu? Quem é satanizado e quem é valorizado? De quem nós gostamos mais? Neste texto, estão traçados dois modos de conceber a vida: ou pelo Reino de Deus ou pela própria consolação, isto é, ou em função exclusivamente desta vida ou em função da vida eterna. 


Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus. 


Pe. Leomar Antonio Montagna 

Presbítero da Arquidiocese de Maringá-PR 

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi-PR