O CRISTÃO LUTA CONTRA O MAL E NÃO CONTRA PESSOAS
Na Liturgia desta terça-feira, 26ª Semana do Tempo Comum, vemos na 1ª Leitura (Jó 3,1-3.11-17.20-23), que Jó não maldiz diretamente a Deus, porém amaldiçoa o dia em que nasceu e a noite em que foi concebido. Se a vida é assim, para que gerar um ser vivo? Se a vida é assim, era melhor ter sido um aborto, ou ter morrido logo ao nascer. Isso evitaria que a pessoa sofresse por causa das desigualdades sociais. Jó raciocina: quando não se tem nenhuma perspectiva, é melhor morrer. O que pode o homem fazer, quando Deus não lhe abre nenhum caminho?
Esses questionamentos de Jó são uma crítica frente à teologia da retribuição, pois esta argumentava que o sofrimento representa o castigo de Deus. Todas essas palavras de lamentação de Jó tentam desconstruir esta imagem que se apresentava sobre Deus. Embora o antigo testamento tenha o grande mérito de reconhecer a dor humana em toda a sua carga trágica, só em Cristo a dor terá maior luz e esperança que é dada na terra. A dor não é a última palavra. Cristo venceu toda dor e todo mal, ele nos garante a vitória, nele somos mais que vencedores.
No Evangelho (Lc 9,51-56), vemos que Jesus toma a decisão de ir para Jerusalém. É um itinerário espiritual, ao longo do qual Jesus vai mostrando aos discípulos os valores do Reino. Esse percurso converge para a cruz. Os discípulos devem percorrer o mesmo caminho, sem violência e sem fanatismo frente às adversidades: "Senhor, queres que mandemos que desça fogo do céu e os consuma?" Jesus repreende tal intolerância, pois a luta é contra o mal e não contra pessoas.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Pe. Leomar Antonio Montagna
Presbítero da Arquidiocese de Maringá-PR
Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi-PR