Reflexão litúrgica: quinta-feira, 09/01/2025, Tempo do Natal depois da Epifania

08 de Janeiro de 2025

"Reflexão litúrgica: quinta-feira, 09/01/2025, Tempo do Natal depois da Epifania"

“QUEM AMA A DEUS, AME TAMBÉM A SEU IRMÃO” 

Na Liturgia desta quinta-feira do Tempo do Natal depois da Epifania, na 1ª Leitura (1Jo 4,19-5,4), vemos que Deus enviou o Cristo, que morreu e ressuscitou. Ele venceu, e nós somos convidados a lutar contra os males que nos afligem. É vencedor do mundo somente quem acredita que Jesus ressuscitado é o Filho de Deus. Com Ele, ressurgimos a cada dia. 

No Evangelho (Lc 4,14-22a), vemos esta passagem, que colocada no início da vida pública de Jesus, constitui, conforme Lucas, o programa de toda a atividade de Jesus. Isaías 61,1-2 anunciara que o Messias iria realizar a missão libertadora dos pobres e oprimidos. Jesus aplica a passagem a si mesmo, assumindo-a no hoje concreto em que se encontra. No ano da graça eram perdoadas todas as dívidas e se redistribuíam fraternalmente todas as terras e propriedades: Jesus encaminha a humanidade para uma situação de reconciliação e partilha, que tornam possíveis a igualdade, a fraternidade e a comunhão. 

A Palavra de Jesus possui a força de Deus, consola, interpela, cura e salva. Quando acolhemos sua Palavra, ela se torna carne: “hoje se cumpriu esta Palavra que acabaste de ouvir”, e nos ajuda a seguir o caminho, livres e felizes: “Passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho”. Não somos apenas destinatários, mas também instrumentos vivos da Palavra. Se ignoramos a Palavra de Deus, nossa vida não terá eixo em torno do qual girar. O Papa São João XXIII dizia que o grande inimigo de Deus no mundo é a ignorância, “que é a causa e a raiz de todos os males que envenenam os povos e perturbam muitas almas” (Encíclica Cátedra de Pedro, 29, 1959). A ignorância do conteúdo de fé significa, geralmente, falta de fé, desleixo, desamor. “Frequentemente, a ignorância é filha da preguiça” (São João Crisóstomo. A corrente de ouro, p. 78). 

O Papa São João Paulo II recorda que, sem um estudo autêntico da Palavra de Deus, a evangelização não se explicita devidamente, corre-se sempre o risco de desfigurar o significado autêntico e integral da missão evangelizadora e consentir ao mal, às vezes de forma coletiva, que leva à marginalização social. 

“O consentimento ao mal, que é um sinal preocupante de degeneração, intelectual, espiritual e moral não só para os cristãos, está produzindo, em numerosos contextos, um desconcertante vazio cultural e político, que torna incapazes de mudar e renovar. Enquanto as relações sociais não mudarem e a justiça e solidariedade permanecerem ausentes e invisíveis, as portas do futuro fecham-se e o destino de tantos povos fica aprisionado num presente cada vez mais incerto e precário” (PONTIFÍCIO CONSELHO JUSTIÇA E PAZ. Para uma melhor distribuição da terra – o desafio da reforma agrária. São Paulo: Ed. Paulinas, 1998, n° 61). 


Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus. 


Pe. Leomar Antonio Montagna 

Presbítero da Arquidiocese de Maringá-PR 

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi-PR