Reflexão litúrgica: Sexta-feira, 13/06/2025 – Memória de Santo Antônio de Pádua, presbítero e doutor da Igreja, X Semana do Tempo Comum

12 de Junho de 2025

"Reflexão litúrgica: Sexta-feira, 13/06/2025 – Memória de Santo Antônio de Pádua, presbítero e doutor da Igreja, X Semana do Tempo Comum"

SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA E LISBOA – “OS JUSTOS VIVERÃO PARA SEMPRE” 

Na Liturgia desta sexta-feira da X Semana do Tempo Comum, na 1ª Leitura (2Cor 4,7-15), o apóstolo Paulo acentua os grandes contrastes entre a missão e os instrumentos escolhidos por Deus para realizá-la. Na fraqueza, na tribulação, na perseguição e no martírio, o cristão anuncia o mistério de morte do Cristo e, ao mesmo tempo, anuncia em seu ser, co-sofredor com Cristo, que a força de Deus e a vida de Cristo operam nele. A cruz de Cristo manifesta seu mistério de loucura e sabedoria não só numa rememoração histórica, mas na vida do cristão. 

No Evangelho (Mt 5,27-32), vemos que Jesus apela para a consciência que nenhuma lei pode substituir ou violar. O adultério é repelido até a raiz, nas intenções secretas. O olhar do fiel deve ser sadio. Por isso, cumpre saber fazer os mais pesados sacrifícios. Ao passo que as legislações eram tolerantes para o homem e drásticas para a mulher, Jesus coloca-os no mesmo plano. Pronuncia-se de modo nítido e igualitário contra o divórcio e declara adúltera a união com outrem, depois dele. Esta é a novidade de Cristo. A união do homem e da mulher é expressão de amor, vem de Deus, não deve ser paixão egoística, exclusiva busca de prazer. O amor é doação recíproca, encontro de liberdades que se unem. Atração física sem amor é alienação, imaturidade humana, porque não exprime a pessoa para a pessoa, mas apenas o sexo para o sexo; tenta reduzir o outro a uma coisa, uma posse, um bem de consumo. 


VIDA E OBRAS DE SANTO ANTÔNIO

Santo Antônio nasceu em Lisboa, em 1195, e morreu nas vizinhanças de Pádua, em 1231, daí o chamar-se Antônio de Lisboa ou Antônio de Pádua. Foi canonizado em Pentecostes de 1232, apenas um ano após a morte, apoiado por uma grande popularidade. Devido ao seu itinerário intelectual e espiritual, o Papa Pio XII, em 1946, proclamou Antônio como Doutor da Igreja, atribuindo-lhe o título de “Doutor Evangélico”. 

Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo passa a se chamar Fr. Antônio – ‘Os Santos são marcados por Deus e mudam a identidade’. 

Características que chamam a atenção em Santo Antônio 

1ª) Zelo pela Ordem (Franciscano) – Paixão por Jesus 

- Trabalha de cozinheiro, vive a humildade; 

- Toma uma decisão definitiva de doação de seu ser (não de algo externo), deixa sua cidade e família. 

2ª) Reforma da Igreja 

- Prega a paz entre as cidades frente à imigração dos povos ‘bárbaros e invasores’; 

- Defesa dos pobres: batalha pelo pão material (dignidade no corpo, para salvar a alma, livrava as moças pobres e prostitutas da marginalidade e lhes conseguia bons casamentos); 

- Oferece o Pão da Palavra e o Pão da Eucaristia – educa o espírito. 

3ª) Combate as heresias – proclama as verdades de fé com convicção. 

4ª Vai em Missão; Marrocos, Itália e outros lugares. Dá a vida por Cristo. 

5ª) Pregador da Palavra 

- Adaptou a catequese de forma simples; 

- Restabeleceu a fé do povo (não só popular); 

- Cheio de unção e sabedoria; 

- Ofereceu princípios sólidos em meio a seitas e relativismo das verdades reveladas. 

6ª) Menino Jesus ao colo, Evangelho e lírio 

- Ternura cativante, amigo, protetor, união com Deus, simples, humilde, revelou Deus aos pequenos; 

- Fé e espiritualidade bíblica; 

- Autenticidade e amor. 


Nossa Santidade e Responsabilidade (responsório) 

- Além da devoção, fixar-se em Cristo; 

- Santos têm limites e falhas, mas só os grandes as reconhecem e voltam atrás, tomam a iniciativa e são capazes de perdoar; 

- Os Santos deixam um saldo de virtudes e méritos (Comunhão dos Santos). 

Podemos venerar os Santos: respeito, afeição, mas devemos adorar a Deus: reverência, prostrar-se, prestar culto. 

Os santos e justos viverão para sempre, Jesus os proclama ‘Felizes’, herdeiros do Reino de Deus. 

Quanto à identidade dos santos: quem são, o que eles fazem, como agem? 

Em primeiro lugar, eles contam com a graça de Deus: não adiantaria termos uma inteligência excelente, uma perfeita organização pastoral, empenharmos todos os nossos esforços e recursos possíveis, se não contássemos com a ajuda e a graça de Deus: “Se Deus não construir a nossa casa, em vão trabalham os operários”(Sl 126). A bíblia nos dá essa conscientização. O Documento deAparecida (246ss), quando fala da formação dos discípulos missionários, afirma que a Sagrada Escritura ocupa um lugar de destaque na construção de um mundo melhor possível a favor do ser humano, como já dizia o Papa Paulo VI: “O homem poderá construir um mundo sem Deus, mas, sem Deus, construirá contra o próprio homem (PP, 42). Um mundo melhor possível será sempre obra do próprio Deus que age na vida de seus filhos e filhas. 

Outras características dos Santos 

- São lugares da manifestação de Deus (Templos vivos – Ex: pedagogia no templo, onde se aprendem os caminhos da salvação: Abraão, Moisés, Elias, Samuel... “Casa e escola de comunhão”); 

- Revestidos da vida divina; 

- Não seguiram modismos, o que é constante é a fidelidade; 

- Fiéis a Deus (os da terra e os do céu), deram o melhor de si; 

- Praticam o bem, sem chamar a atenção; 

- Somos todos iguais quanto ao pecado, só os fortes na fé sabem reconhecê-lo e perdoar (Santos), os fracos na fé têm dificuldades; 

- Comunicam mensagens de esperança diante das dificuldades e perseguições; 

- Não fizeram obras extraordinárias, carismas excepcionais, antes, ouviram Jesus e o seguiram sem desanimar diante das dificuldades; 

- Comunicam a vitória de Cristo: “Quem vai nos separar do amor de Cristo?”; 

- Têm momentos de êxtase, mas a santificação é pela encarnação – passos de Jesus, sintonia com a vida e a realidade; 

- Os que amam a Deus viverão para sempre; 

Olhando para os que nos precederam, santos e mártires, a Comunidade é convidada a se questionar sobre seu caminho de santidade. 

Não devemos esquecer que a melhor maneira de nos relacionarmos com um Santo não é somente invocá-lo em nossas necessidades, e sim imitá-lo na prática generosa da virtude e do cumprimento fiel de todos os deveres. 


Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus. 


Pe. Leomar Antonio Montagna 

Presbítero da Arquidiocese de Maringá (PR) 

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi (PR)