EXIGÊNCIAS PARA SEGUIR JESUS: COLOCAR O REINO DE DEUS EM PRIMEIRO LUGAR
Na Liturgia desta segunda-feira da XIII Semana do Tempo Comum, vemos, na 1ª Leitura (Gn 18,16-33), que Abraão reza, intercedendo por muitos que vivem na gravidade do pecado. “Abraão ficou na presença do Senhor”. Sua oração é um diálogo com Deus, humilde, reverente, respeitoso, mas também cheio de confiança, de ousadia e de esperança. Os Santos são os amigos de Deus, têm a função de interceder e são perseverantes, insistentes, e, com isso, a oração atinge o seu fim. Abraão, mesmo sabendo da violação da justiça e do perigo iminente da exterminação dos culpados, sabe que, ali, também estão os justos que não podem ser penalizados da mesma forma, ele sabe que há mais injustiça em condenar alguns inocentes do que poupar uma multidão de culpados.
Abraão reza espontaneamente, sem repetições de fórmulas decoradas ou lidas, mastigadas às pressas, mas sua oração é um diálogo no qual apresenta a Deus as suas inquietações, dúvidas, anseios e tenta perceber os projetos de Deus para o mundo e para os homens. Na oração, nos tornamos aquilo que rezamos, é um bem, primeiramente, para nós mesmos e, também, um compromisso para um mundo melhor, por exemplo, se pedimos a Deus saúde, não é para gozar egoisticamente a vida, mas para servir melhor. Se pedimos por nossos irmãos e irmãs mais pobres, é porque queremos ajudá-los efetivamente. Enfim, a oração cristã deve ter as dimensões da oração de Abraão: preocupada com a sorte de Sodoma e Gomorra, isto é, preocupada com o andamento da comunidade, com os problemas dos irmãos mais desprotegidos, sempre alerta para que haja paz, justiça, igualdade e pão para todos.
No Evangelho (Mt 8,18-22), vemos que uma das condições essenciais para seguir Jesus é colocar o interesse pelo Reino de Deus acima de todas as preocupações pessoais, assim como dos afetos mais caros, com plena dedicação. Além disso, para seguir a Jesus, a pessoa precisa estar disposta a duas coisas: correr o risco da insegurança sobre o futuro e estar pronta para não adiar o compromisso.
A mensagem cristã é exigente. Não se trata de aderir uma doutrina, mas há uma pessoa; não se trata de adotar um modo de pensar, porém de orientar-se para um modo de viver. Naturalmente há muitos modos de segui-lo. Há quem tudo abandona para se retirar a um claustro, quem se dedica a intenso apostolado nos hospitais ou entre as pessoas mais fragilizadas, quem se desvela pela educação da Juventude, quem se engaja na ação política ou social, quem se dedica à ação catequética na comunidade paroquial ou a outras formas de engajamento. O importante é que seja um verdadeiro seguir a Cristo. Um cristão que se contenta de não fazer mal a ninguém, como pode pretender seguir um mestre cuja vida foi essencialmente ser para os outros?
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Pe. Leomar Antonio Montagna
Presbítero da Arquidiocese de Maringá (PR)
Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi (PR)