NO BANQUETE MESSIÂNICO, O CARDÁPIO É DEUS QUEM PREPARA E SERVE
Na Liturgia desta quinta-feira da XX Semana do Tempo Comum, vemos, na 1ª Leitura (Jz 11,29-39a), uma advertência contra promessas que não estejam de acordo com o projeto de Deus, que é projeto de vida e não de morte.
O texto ressalta que a palavra dada deve ser mantida mesmo a duras penas, mas ai de quem a empenha levianamente como Jefté! Antes de tudo, ele age de modo supersticioso, querendo oferecer a Deus um sacrifício humano, como faziam os cananeus (Jz 3,6-8), e designa a pessoa ignorando quem será ela. Esta idolatria recai sobre ele e vai envolver sua própria filha única. Com razão este episódio trágico nos choca: trata-se de uma religiosidade falsa, desumana. Entretanto, nossa civilização não está manchada por sacrifícios humanos? Criaturas mortas no ventre materno, povos famintos, roubos e sequestros que acabam em homicídios, represálias, guerras favorecidas por interesses das grandes potências, riscos de vida em competições perigosas. Jesus nos adverte que a ira e o ódio são homicídio, e nos ensina a não jurarmos de modo algum, mas sermos leais de forma corajosa e conscientemente.
No Evangelho (Mt 22,1-14), o Reino de Deus é comparado ao banquete para uma festa de casamento. Nesta festa, destacam-se alguns personagens:
- O rei: é Deus que organiza a festa de núpcias de seu filho Jesus;
- A esposa: é a humanidade inteira, a própria Igreja;
- Os servos: representam os profetas, os apóstolos e todos nós;
- Os convidados: são as pessoas do mundo inteiro, somos todos nós.
O convite divino para a festa preparada por Deus se mantém e é endereçado para todos nós, mas exige comprometimento da parte de quem o aceita. O desejo de Deus é que ninguém fique de fora. Quem aceita o convite precisa ter a coragem de abandonar as vestes velhas, do pecado, e vestir-se das roupas da conversão e da vida nova. Ninguém tem direito a esse banquete, é um convite. É sempre uma iniciativa divina.
Os que rejeitam o convite são aqueles que se apegam aos seus interesses e, por isso, não aceitam o chamado de Deus, são os indiferentes, que preferem cuidar de seus negócios particulares e não são motivados para a busca da salvação eterna, preferem outras festas que não duram para sempre. Os violentos não querem que a festa aconteça, querem eliminar os que se empenham na construção do Reino.
Mateus é o Evangelho da justiça do Reino de Deus, e a roupa que faltava ao homem da parábola era exatamente a prática da justiça. Somente com a prática da justiça é possível participar da alegria do banquete. Vistamos esta roupa, prática da justiça, de forma a transparecer a dignidade exigida na presença de Deus.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Pe. Leomar Antonio Montagna
Presbítero da Arquidiocese de Maringá (PR)
Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi (PR)