Vivências sobre a oração - Catequese com o Arcebispo, 3º Encontro 21/10/2024

21 de Outubro de 2024

Vivências sobre a oração - Catequese com o Arcebispo, 3º Encontro 21/10/2024

Vivência sobre oração, 3º dia

A oração de Jesus

Juan López Vergara

Mergulhar na mística do jubileu do nascimento de Jesus, nos convencemos que somos peregrinos a caminho do encontro com o Senhor, nos enchemos de esperança.

Nossa temática de hoje é sobre a oração de Jesus.

Jesus sabia reservar momentos de “montanha”, de comunhão e escuta do Pai, ali Ele buscava sentido e força para a sua missão. No Monte Tabor, (Mt 17,1-8), Jesus deixa transparecer seu coração; diante do olhar assombroso dos Discípulos Ele desvela aquilo que a visão superficial não capta: Jesus é todo compaixão, bondade, acolhida, amor, ternura, justiça. (42).

Paira uma grande curiosidade sobre nós, como foi a vida de Jesus junto a sua família? Qual foi o impulso humano que o levou a manifestar sua divindade no meio de uma humanidade simples, de tradição judaica, fiel aos costumes da época? Nos subsídios número 3, temos um belo roteiro para seguir os passos de Jesus na manifestação do seu messianismo, “o Filho de Deus”.

“Após trinta anos no silêncio e no afastamento de um desconhecido povo da Galileia, Jesus entra no deserto e ouve João Batista, testemunha da verdade. João nunca se refere a si mesmo, mas a alguém maior do que ele. O Nazareno vai até João como se fosse o último dos pecadores e, inclinando a cabeça com humildade, é batizado no Jordão. (11)

No Jordão obteve a emocionante experiência da paternidade de Deus, a quem chama: Abbá – que na língua nativa aramaica significa: Pai, vai marcá-lo para sempre, transformando a sua vida. Diariamente Jesus se encontra com o Pai em oração, perguntando o que espera dele e o que deve fazer. Mediante tantas súplicas, imaginemos o quanto deve ter marcado a sua vida, após o batismo ao ouvir a voz vinda do infinito, “Tu és o meu Filho amado; em ti, eu me agrado” (Mc 1,9-11).

Jesus vivia em profunda sintonia com o Pai; e esta sintonia se manifestava no seu modo de orar, enquanto rezava seu rosto mudava de aparência. Ele orava nos momentos difíceis; dava graças ao Pai e o louvava por ter revelado os mistérios do Reino aos pequenos; orava solicitando o perdão na Cruz para aqueles que o crucificaram; rezava nos momentos decisivos da missão: Batismo, pregação, Eleição dos Discípulos, Transfiguração. (42)

Em cada momento de intimidade com Deus, Jesus revela uma postura serena, convicta e transcendente de estima e de confiança no Pai. Quanto mais intensifica sua intimidade com o Pai, em oração, mais saboreia a maravilhosa amplitude da sua missão. Tem convicção total da confiança do Pai Nele e por isso, dá sua vida pela causa do Pai.

Para Jesus, a oração não só fazia parte da vida: ela era a sua vida. Em cada instante, vivia em profunda sintonia na presença de Deus, seu Pai. Não escondia nada do Pai. As suas alegrias e dores, as suas esperanças e as suas noites foram sempre partilhadas com Deus Pai. Sua oração era incessante e incansável. Sua relação com a natureza louvava o Pai pelo dom das criaturas, dos pássaros que voam, do lírio que exibe sua exuberância, tudo louva o Pai pela criatividade constante, sempre criando.

A ação de Jesus pela terra da Galileia se caracterizou por seus contínuos deslocamentos por cidades e vilarejos, anunciando o Reino de Deus, acompanhado pelo círculo mais íntimo de seus discípulos e por um bom grupo de mulheres. A impressão causada por seus encontros com Deus, a quem invocava seu Pai, foi enorme.

Sua atenção era constante para com as pessoas, sobretudo, as mais carentes, machucadas, doentes. Estes estão ao seu redor cansados e oprimidos. Eles foram forçados a carregar pesos insuportáveis, um acúmulo de preceitos que o escravizavam. Esses preceitos foram impostos pelos sábios e entendidos, que conheciam a Lei de Moises, mas rejeitaram a Jesus. Ele encontra uma fonte de esperança nos pequenos, que souberam receber a Revelação do Pai manifestada em suas ações e palavras. Olhando para eles, percebe a presença de seu Pai, e brota uma bênção de louvor e gratidão por seu desejo de mostrar suas coisas simples. Jesus revela ser o único que conhece o Pai e o único que pode revelá-lo por meio do seu testemunho (39).

A sua pregação e anúncio da Boa Nova, não era aceita por boa camada de gente que mandava, oprimia, regulava e escravizava os simples. Jesus amava o seu povo, e se empenhava na defesa dos últimos. Ele anunciou seu direito e dever de ser feliz. Isso tinha um preço! Em pouco tempo teve de aprender a ser simples como a pomba e prudente como as serpentes.

Com sua atenção voltada para seu Pai, obediente à missão recebida dele, integrou sua morte violenta em sua missão de serviço, oferecendo sua vida em resgate por todos. Ele foi muito corajoso. (49). Começou a ensinar aos seus que a morte era iminente, o Filho do Homem deveria sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas, ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar. Falava isso abertamente. (Mc 8,31-33).

A cruz se tornará o sinal do cristão, seu maior título de glória. Depois de ter feito o primeiro anúncio da Paixão e ressurreição, Jesus, o inocente, na presença daqueles que o escutavam, manifestou as condições para segui-lo. Ouvindo o mistério que abraça a oferta de si, alguns ficaram paralisados. Jesus advertiu que quem se envergonhar dele e de suas palavras, quando Ele vier em sua glória, não o reconheceria. (53).

A oração de Jesus é um contínuo superar-se, vencer a dor, a paixão, a cruz, a agonia, não deixar o desespero invadir a alma, mesmo machucado e atormentado, mas fomentar a confiança plena no Pai é a oração mais sincera, completa, perfeita. Essa foi a oração de Jesus.

O convite a cada um de nós, nesse Ano Jubilar, é meditar a Palavra de Deus numa atitude orante e filial ao Pai, atentos à pessoa de Jesus, a forma como Ele relacionava-se com Deus.

Clamar Abbá, Pai, significa ser e estar diante daquele que nos convida a um diálogo sem censura, de sentir-nos envolvidos por inteiro e continuamente por uma presença providente, com uma atenção vigilante. Não se trata de oferecer a Deus alguns pensamentos, mas colocar em suas mãos toda a nossa vida, tudo o que somos e experimentamos (43).

Subamos a montanha, a exemplo de Jesus, e aprendamos a orar a sós com o Pai porque Ele sempre, sempre, sempre nos ouve, Amém.

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