Reflexão litúrgica: Quarta-feira, 03/08/2022 – 18ª Semana do Tempo Comum

01 de Agosto de 2022

"Reflexão litúrgica: Quarta-feira, 03/08/2022 – 18ª Semana do Tempo Comum"

A humildade e a perseverança comovem Jesus

Na Liturgia desta quarta-feira da XVIII Semana do Tempo Comum, vemos, na 1a Leitura (Jr 31,1-7), que a mensagem do profeta neste texto é anunciar o tempo da salvação e da restauração de Israel. Os exilados em babilônia reencontraram a graça perante Deus, como no tempo de Moisés no deserto e voltam à suas casas onde, sob a proteção divina, estão certos de reedificar Jerusalém e uma pátria na paz e na felicidade. O amor e a bondade de Deus sempre proporcionam liberdade e harmonia, o amor de Deus será constante na vida de seu povo.

No Evangelho (Mt 15,21-28), vemos que a misericórdia de Deus está além-fronteiras. O texto foca que uma mulher pagã muda o ‘modo de pensar’ de Jesus e de seus discípulos. Ela se torna uma testemunha viva de Jesus: “Mulher, grande é tua fé!” Vejamos os obstáculos que ela encontra, mas, acima de tudo, sua perseverança:

) A mulher, que representa a comunidade e cada um de nós, tenta iniciar um diálogo com Jesus, que parecia impossível. Jesus se cala: “não lhe respondeu palavra alguma”;

2º) Os discípulos, ao invés de interceder por ela, querem expulsá-la: “Manda embora essa mulher...” A Jesus, agrada-lhe, especialmente, que peçamos pelas outras pessoas. “A necessidade obriga-nos a rogar por nós mesmos, e a caridade fraterna a pedir pelos outros; mas é mais aceitável a Deus a oração recomendada pela caridade do que aquela que é motivada pela necessidade” (São João Crisóstomo, Homilias sobre São Mateus, 14,3);

3º) A mulher prostra-se, persevera e reza: “Senhor, socorre-me!”  Recebe a resposta que não será atendida: “Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel”;

4º) Ela é esculachada e ofendida. Para os judeus, os ‘diferentes’ eram vistos como impuros, cães, sem salvação: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos”;

5º) A mulher insiste na oração, pede, nem que sejam as migalhas que caem da mesa. Não pede nada apoiada em seus méritos; mas invoca a misericórdia do Senhor, dizendo: “Tem piedade de mim”. E não diz: Tem piedade de minha filha, mas de mim, porque a dor da filha é a dor da mãe; e, para movê-lo ainda mais à compaixão, conta-lhe a sua dor, por isso continua: “Minha filha é cruelmente atormentada pelo demônio”;

) Pela humildade e perseverança da mulher, Jesus ficou comovido – a mulher recebe a graça que busca, o milagre acontece: “seja feito como tu queres, tua filha ficou curada”.

Santo Agostinho conta-nos, nas suas Confissões, como a sua mãe, Santa Mônica, santamente preocupada com a conversão do seu filho, não cessava de chorar e de rogar a Deus por ele; e também não deixava de pedir a pessoas boas e sábias que falassem com ele para que abandonasse os seus erros. Um dia, um bispo disse-lhe essas palavras de consolo: “Vai em paz, mulher! Pois é impossível que se perca o filho de tantas lágrimas”. Mais tarde, o próprio Santo Agostinho dirá: “Se eu não pereci no erro, foi devido às lágrimas cotidianas cheias de fé de minha mãe” (Confissões, 3,12,21).

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.


Pe. Leomar Antonio Montagna

Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças – Sarandi – PR