Reflexão: Liturgia do V Domingo do Tempo Comum, Ano A – 05/02/2023

03 de Fevereiro de 2023

"Reflexão: Liturgia do V Domingo do Tempo Comum, Ano A – 05/02/2023"

Em nossas celebrações e eventos, do que Deus sente falta: de ritos ou de justiça social?

Na Liturgia deste Domingo, V do Tempo Comum, veremos, na 1a Leitura (Is 58, 7-10), que o profeta Isaías reage contra uma religião feita de puro formalismo e explica quais são as práticas religiosas agradáveis a Deus. Nas grandes celebrações, do que Deus sente falta: de ritos ou de justiça social? O culto separado da justiça social não funciona, o pecado é não fazer a vontade de Deus. “A religião pura e sem mancha diante de Deus, nosso Pai, consiste em socorrer os órfãos e viúvas em seu sofrimento e não se deixar corromper pelo mundo” (Tg 1, 27).

Isaías apresenta as condições para ser luz: encontrar Deus no sofrimento e na vida das pessoas, sentir suas aflições, dar de si, acolher. Não basta o cumprimento de ritos estéreis e vazios, é necessário o compromisso concreto, uma opção com políticas públicas e Projetos Políticos de Governo que levem as pessoas a viver com dignidade, pois os pobres devem receber por direito e não por esmola. Nisso está a insistência da Igreja quando diz que “a política é a melhor forma de viver a caridade”.

Na 2ª Leitura (1 Cor 2, 1-5), o apóstolo Paulo não se serviu de artifícios humanos para anunciar o Evangelho aos Coríntios. Foi por meio da sua fraqueza e de testemunho que ele anunciou o ponto central do projeto de Deus: Jesus crucificado. Vemos, então, que, pelo poder de Deus, o Espírito Santo agiu abundantemente sobre a Comunidade de Corinto.

No Evangelho (Mt 5, 13-16), Jesus nos diz que diante de um mundo insípido devemos ser sal (não açúcar) da terra e luz do mundo.

Quais são as funções do sal e da luz?

Sal

- dá sabor às comidas (não falamos que sal gostoso e, sim, que comida gostosa);

- é curativo, preserva (vivência equilibrada, valores);

- é tempero: nem muito: só vale o meu ego, Grupo, Movimento; nem pouco: sem conteúdo, insosso;

- impede a corrupção dos alimentos;

- é conservante;

- retira a ferrugem de alguns objetos;

- afasta a traça dos tapetes.

Assim foi Jesus: com o sal de sua palavra, ia dando sabor a todas as situações humanas: alegres e dolorosas. Ia preservando os valores humanos e morais com sua mensagem divina, para que não se corrompessem.

Luz

- sinal de vida, de calor, dinamismo, trabalho (nenhum ser vivo vive sem luz);

- serve para afastar aos animais perigosos;

- para mostrar o caminho, as belezas presentes na natureza;

- para iluminar os objetos.

Na criação: a luz recorda o primeiro ato do Criador.

No Êxodo do Egito, a coluna de fogo guiava o povo para a Terra Prometida.

Em Isaías: O Servo de Javé: "Luz das nações".

Jesus: "Eu sou a Luz do Mundo".

É a Luz que dá sentido à vida, à dor e à própria morte. Uma pessoa que tem luz é uma pessoa sábia, que tem rumo, horizontes.

Todos os seres se identificam pela sombra, somente Deus, pela luz.

Ninguém é luz por si próprio: é ligado a uma fonte geradora. Como a lâmpada depende do gerador, assim nós dependemos do gerador que é Cristo para iluminar. E iluminamos na medida em que estivermos ligados a Ele. Essa união se faz pela meditação da palavra de Deus, pela participação na Comunidade, pela comunhão eucarística, pela caridade e pela oração.

Sempre digo que cada um de nós é como a lua, a lua não tem luz própria, mas ilumina, pois reflete a luz que o sol lhe manda. Nós, também, não temos luz, mas, quando iluminamos, certamente é a luz de Deus que reflete em nós e vamos passando esse esplendor a todos os ambientes em que estamos inseridos.

Sal e Luz são símbolos do que deve ser um cristão!

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.


Pe. Leomar Antonio Montagna

Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi – PR