SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA E LISBOA – “OS JUSTOS VIVERÃO PARA SEMPRE”
Na Liturgia desta terça-feira, Memória de Santo Antônio de Pádua, X Semana do Tempo Comum, vemos, na 1ª Leitura (2Cor 1,18-22), que o apóstolo Paulo nos diz que devemos viver com autenticidade a nossa vocação, pois foi Deus que nos escolheu e derramou em nossos corações o seu amor e o seu Espírito Santo.
No Evangelho (Mt 5, 13-16), Jesus nos diz que diante de um mundo insípido devemos ser sal (não açúcar) da terra e luz do mundo.
Quais são as funções do sal e da luz?
Sal
- dá sabor às comidas (não falamos que sal gostoso e, sim, que comida gostosa);
- é curativo, preserva (vivência equilibrada, valores);
- é tempero: nem muito: só vale o meu ego, Grupo, Movimento; nem pouco: sem conteúdo, insosso;
- impede a corrupção dos alimentos;
- é conservante;
- retira a ferrugem de alguns objetos;
- afasta a traça dos tapetes.
Assim foi Jesus: com o sal de sua palavra, ia dando sabor a todas as situações humanas: alegres e dolorosas. Ia preservando os valores humanos e morais com sua mensagem divina, para que não se corrompessem.
Luz
- sinal de vida, de calor, dinamismo, trabalho (nenhum ser vivo vive sem luz);
- serve para afastar aos animais perigosos;
- para mostrar o caminho, as belezas presentes na natureza;
- para iluminar os objetos.
Na criação: a luz recorda o primeiro ato do Criador.
No Êxodo do Egito, a coluna de fogo guiava o povo para a Terra Prometida.
Em Isaías: O Servo de Javé: "Luz das nações".
Jesus: "Eu sou a Luz do Mundo".
É a Luz que dá sentido à vida, à dor e à própria morte. Uma pessoa que tem luz é uma pessoa sábia, que tem rumo, horizontes.
Todos os seres se identificam pela sombra, somente Deus, pela luz.
Ninguém é luz por si próprio: é ligado a uma fonte geradora. Como a lâmpada depende do gerador, assim nós dependemos do gerador que é Cristo para iluminar. E iluminamos na medida em que estivermos ligados a Ele. Essa união se faz pela meditação da palavra de Deus, pela participação na Comunidade, pela comunhão eucarística, pela caridade e pela oração.
Sempre digo que cada um de nós é como a lua, a lua não tem luz própria, mas ilumina, pois reflete a luz que o sol lhe manda. Nós, também, não temos luz, mas, quando iluminamos, certamente é a luz de Deus que reflete em nós e vamos passando esse esplendor a todos os ambientes em que estamos inseridos.
Sal e Luz são símbolos do que deve ser um cristão!
Vida e Obras de Santo Antônio
Santo Antônio nasceu em Lisboa, em 1195, e morreu nas vizinhanças de Pádua, em 1231, daí o chamar-se Antônio de Lisboa ou Antônio de Pádua. Foi canonizado em Pentecostes de 1232, apenas um ano após a morte, apoiado por uma grande popularidade. Devido ao seu itinerário intelectual e espiritual, o Papa Pio XII, em 1946, proclamou Antônio como Doutor da Igreja, atribuindo-lhe o título de “Doutor Evangélico”.
Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo passa a se chamar Fr. Antônio – ‘Os Santos são marcados por Deus e mudam a identidade’.
Características que chamam a atenção em Santo Antônio
1ª) Zelo pela Ordem (Franciscano) – Paixão por Jesus
- Trabalha de cozinheiro, vive a humildade;
- Toma uma decisão definitiva de doação de seu ser (não de algo externo), deixa sua cidade e família.
2ª) Reforma da Igreja
- Prega a paz entre as cidades frente à imigração dos povos ‘bárbaros e invasores’;
- Defesa dos pobres: batalha pelo pão material (dignidade no corpo, para salvar a alma, livrava as moças pobres e prostitutas da marginalidade e lhes conseguia bons casamentos);
- Oferece o Pão da Palavra e o Pão da Eucaristia – educa o espírito.
3ª) Combate as heresias – proclama as verdades de fé com convicção.
4ª) Vai em Missão; Marrocos, Itália e outros lugares. Dá a vida por Cristo.
5ª) Pregador da Palavra
- Adaptou a catequese de forma simples;
- Restabeleceu a fé do povo (não só popular);
- Cheio de unção e sabedoria;
- Ofereceu princípios sólidos em meio a seitas e relativismo das verdades reveladas.
6ª) Menino Jesus ao colo, Evangelho e lírio
- Ternura cativante, amigo, protetor, união com Deus, simples, humilde, revelou Deus aos pequenos;
- Fé e espiritualidade bíblica;
- Autenticidade e amor.
Nossa Santidade e Responsabilidade (responsório)
- Além da devoção, fixar-se em Cristo;
- Santos têm limites e falhas, mas só os grandes as reconhecem e voltam atrás, tomam a iniciativa e são capazes de perdoar;
- Os Santos deixam um saldo de virtudes e méritos (Comunhão dos Santos).
Podemos venerar os Santos: respeito, afeição, mas devemos adorar a Deus: reverência, prostrar-se, prestar culto.
Os santos e justos viverão para sempre, Jesus os proclama ‘Felizes’, herdeiros do Reino de Deus.
Quanto à identidade dos santos: quem são, o que eles fazem, como agem?
Em primeiro lugar, eles contam com a graça de Deus: não adiantaria termos uma inteligência excelente, uma perfeita organização pastoral, empenharmos todos os nossos esforços e recursos possíveis, se não contássemos com a ajuda e a graça de Deus: “Se Deus não construir a nossa casa, em vão trabalham os operários” (Sl 126). A bíblia nos dá essa conscientização. O Documento de Aparecida (246ss), quando fala da formação dos discípulos missionários, afirma que a Sagrada Escritura ocupa um lugar de destaque na construção de um mundo melhor possível a favor do ser humano, como já dizia o Papa Paulo VI: “O homem poderá construir um mundo sem Deus, mas, sem Deus, construirá contra o próprio homem” (PP, 42). Um mundo melhor possível será sempre obra do próprio Deus que age na vida de seus filhos e filhas.
Outras características dos Santos
- São lugares da manifestação de Deus (Templos vivos – Ex: pedagogia no templo, onde se aprendem os caminhos da salvação: Abraão, Moisés, Elias, Samuel... “Casa e escola de comunhão”);
- Revestidos da vida divina;
- Não seguiram modismos, o que é constante é a fidelidade;
- Fiéis a Deus (os da terra e os do céu), deram o melhor de si;
- Praticam o bem, sem chamar a atenção;
- Somos todos iguais quanto ao pecado, só os fortes na fé sabem reconhecê-lo e perdoar (Santos), os fracos na fé têm dificuldades;
- Comunicam mensagens de esperança diante das dificuldades e perseguições;
- Não fizeram obras extraordinárias, carismas excepcionais, antes, ouviram Jesus e o seguiram sem desanimar diante das dificuldades;
- Comunicam a vitória de Cristo: “Quem vai nos separar do amor de Cristo?”;
- Têm momentos de êxtase, mas a santificação é pela encarnação – passos de Jesus, sintonia com a vida e a realidade;
- Os que amam a Deus viverão para sempre;
Olhando para os que nos precederam, santos e mártires, a Comunidade é convidada a se questionar sobre seu caminho de santidade.
Não devemos esquecer que a melhor maneira de nos relacionarmos com um Santo não é somente invocá-lo em nossas necessidades, e sim imitá-lo na prática generosa da virtude e do cumprimento fiel de todos os deveres.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Pe. Leomar Antonio Montagna
Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR
Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi – PR