A CURA DO CORAÇÃO NOS LEVA A VER O MUNDO COM OS OLHOS DE DEUS
Na Liturgia desta quinta-feira da X Semana do Tempo Comum, vemos, na 1ª Leitura(1Rs 18,41-46), que o profeta Elias se põe na atitude típica de quem deve implorar de Deus alguma coisa: o rosto entre os joelhos. Para avaliar a intensidade de sua prece em tocar o coração de Deus, manda o criado olhar muitas vezes o mar, a ver se vinha chuva. Deus atende a prece de Elias. Com a vinda da chuva, Elias corre ante o carro do rei como servo humilde, talvez para lhe mostrar que sua oposição não o visara como rei, mas como idólatra, pois o rei usava o nome de Deus para enganar o povo e permanecer no poder.
No Evangelho(Mt 5,20-26), vemos que o Sermão da Montanha, nesse trecho, nos ensina que a vida espiritual não está num catálogo de normas perfeitas que proíbem as más ações, mas na limpeza da fonte de todas as ações: o coração, pois, dele procedem assassinatos, adultérios, prostituições, falsos testemunhos e difamações.
Neste Evangelho, Jesus nos ensina a lei do amor e os valores que elevam a vida em comunidade. Diante de nossa realidade, quanto desamor, quantas pessoas estão mortas, para nós. “Se houvesse um raio xis capaz de mostrar o cemitério que criamos dentro de nosso coração, nós nos assustaríamos”. Peçamos a Deus a cura do coração: “Cura, Senhor! Cura, Senhor! Com teu amor”.
SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA E LISBOA – “OS JUSTOS VIVERÃO PARA SEMPRE”
Vida e Obras de Santo Antônio
Santo Antônio nasceu em Lisboa, em 1195, e morreu nas vizinhanças de Pádua, em 1231, daí o chamar-se Antônio de Lisboa ou Antônio de Pádua. Foi canonizado em Pentecostes de 1232, apenas um ano após a morte, apoiado por uma grande popularidade. Devido ao seu itinerário intelectual e espiritual, o Papa Pio XII, em 1946, proclamou Antônio como Doutor da Igreja, atribuindo-lhe o título de “Doutor Evangélico”.
Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo passa a se chamar Fr. Antônio – ‘Os Santos são marcados por Deus e mudam a identidade’.
Características que chamam a atenção em Santo Antônio
1ª) Zelo pela Ordem (Franciscano) – Paixão por Jesus
- Trabalha de cozinheiro, vive a humildade;
- Toma uma decisão definitiva de doação de seu ser (não de algo externo), deixa sua cidade e família.
2ª) Reforma da Igreja
- Prega a paz entre as cidades frente à imigração dos povos ‘bárbaros e invasores’;
- Defesa dos pobres: batalha pelo pão material (dignidade no corpo, para salvar a alma, livrava as moças pobres e prostitutas da marginalidade e lhes conseguia bons casamentos);
- Oferece o Pão da Palavra e o Pão da Eucaristia – educa o espírito.
3ª) Combate as heresias – proclama as verdades de fé com convicção.
4ª) Vai em Missão; Marrocos, Itália e outros lugares. Dá a vida por Cristo.
5ª) Pregador da Palavra
- Adaptou a catequese de forma simples;
- Restabeleceu a fé do povo (não só popular);
- Cheio de unção e sabedoria;
- Ofereceu princípios sólidos em meio a seitas e relativismo das verdades reveladas.
6ª) Menino Jesus ao colo, Evangelho e lírio
- Ternura cativante, amigo, protetor, união com Deus, simples, humilde, revelou Deus aos pequenos;
- Fé e espiritualidade bíblica;
- Autenticidade e amor.
Nossa Santidade e Responsabilidade (responsório)
- Além da devoção, fixar-se em Cristo;
- Santos têm limites e falhas, mas só os grandes as reconhecem e voltam atrás, tomam a iniciativa e são capazes de perdoar;
- Os Santos deixam um saldo de virtudes e méritos (Comunhão dos Santos).
Podemos venerar os Santos: respeito, afeição, mas devemos adorar a Deus: reverência, prostrar-se, prestar culto.
Os santos e justos viverão para sempre, Jesus os proclama ‘Felizes’, herdeiros do Reino de Deus.
Quanto à identidade dos santos: quem são, o que eles fazem, como agem?
Em primeiro lugar, eles contam com a graça de Deus: não adiantaria termos uma inteligência excelente, uma perfeita organização pastoral, empenharmos todos os nossos esforços e recursos possíveis, se não contássemos com a ajuda e a graça de Deus: “Se Deus não construir a nossa casa, em vão trabalham os operários”(Sl 126). A bíblia nos dá essa conscientização. O Documento deAparecida (246ss), quando fala da formação dos discípulos missionários, afirma que a Sagrada Escritura ocupa um lugar de destaque na construção de um mundo melhor possível a favor do ser humano, como já dizia o Papa Paulo VI: “O homem poderá construir um mundo sem Deus, mas, sem Deus, construirá contra o próprio homem” (PP, 42). Um mundo melhor possível será sempre obra do próprio Deus que age na vida de seus filhos e filhas.
Outras características dos Santos
- São lugares da manifestação de Deus (Templos vivos – Ex: pedagogia no templo, onde se aprendem os caminhos da salvação: Abraão, Moisés, Elias, Samuel... “Casa e escola de comunhão”);
- Revestidos da vida divina;
- Não seguiram modismos, o que é constante é a fidelidade;
- Fiéis a Deus (os da terra e os do céu), deram o melhor de si;
- Praticam o bem, sem chamar a atenção;
- Somos todos iguais quanto ao pecado, só os fortes na fé sabem reconhecê-lo e perdoar (Santos), os fracos na fé têm dificuldades;
- Comunicam mensagens de esperança diante das dificuldades e perseguições;
- Não fizeram obras extraordinárias, carismas excepcionais, antes, ouviram Jesus e o seguiram sem desanimar diante das dificuldades;
- Comunicam a vitória de Cristo: “Quem vai nos separar do amor de Cristo?”;
- Têm momentos de êxtase, mas a santificação é pela encarnação – passos de Jesus, sintonia com a vida e a realidade;
- Os que amam a Deus viverão para sempre;
Olhando para os que nos precederam, santos e mártires, a Comunidade é convidada a se questionar sobre seu caminho de santidade.
Não devemos esquecer que a melhor maneira de nos relacionarmos com um Santo não é somente invocá-lo em nossas necessidades, e sim imitá-lo na prática generosa da virtude e do cumprimento fiel de todos os deveres.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Pe. Leomar Antonio Montagna
Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR
Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças – Sarandi – PR




