Reflexão Litúrgica: XV Domingo do Tempo Comum, Ano B – 14/07/2024

12 de Julho de 2024

"Reflexão Litúrgica: XV Domingo do Tempo Comum, Ano B – 14/07/2024"

TODOS SOMOS CHAMADOS POR DEUS E ENVIADOS EM MISSÃO 

Na Liturgia deste Domingo, XV do Tempo Comum, vemos na Primeira Leitura (Am 7,12-15) que noano de 760, antes de Cristo, Jeroboão era o Rei de Israel, com sede em Betel, onde estava situado o santuário. A corte governava para uma pequena parcela de privilegiados e entre eles estavam os sacerdotes do templo. Neste sentido, a religião era um suporte ideológico para encobrir as injustiças e práticas perversas, pois mantinha uma realidade de abismo entre ricos e pobres por meio de uma sustentação teológica. É neste contexto que Deus manda o profeta Amós, especialmente neste momento difícil, pois a fé e a moral estão degeneradas e os valores estão diluídos. Um profeta sempre é escolhido por Deus, ensina com palavras, mas mais ainda com seu testemunho de vida. O profeta não visa seu próprio interesse, não teme desafiar a ordem estabelecida, defende a justiça e discerne quando o poder é ou não legítimo. Para ele a religião tem que ser comunhão com Deus e não suporta a falsidade do culto, por isso ele é sempre uma voz incômoda. Amós é expulso pela corte e pelos funcionários do templo: “Vai-te daqui... porque aqui é o santuário do rei”. Em nome de Deus, o profeta segue sua missão com ousadia e coragem, assim como fez Jesus: “Passando pelo meio deles, continuou o seu caminho” (Lc 4,30). 

No Evangelho (Mc 6,7-13), é Jesus quem envia os seus apóstolos para?evangelizar: “Então, Jesus chamou os Doze e começou a enviá-los, dois a dois”. O que vai garantir o sucesso da missão não será a abundância de poder econômico, nem na força mediática, mega shows, aparência estética, muitas rendas, fumaça, espetáculos etc. Não podemos achar que a força da evangelização está na ‘teologia do pano, na liturgia da fumaça e na pastoral do espetáculo’. Alguém já dizia: “Quanto mais pobre o circo, mais enfeita-se o palhaço”. O próprio modo de viver, na simplicidade, já é suficiente para dar testemunho de Jesus Cristo: “Ordenou-lhes que não levassem coisa alguma para o caminho”. Um mundo melhor possível, sempre será fruto do próprio Deus que toca na interioridade humana. Não adiantaria termos uma inteligência excelente, uma perfeita organização pastoral, empenharmos todos nossos esforços e recursos possíveis se não contássemos com a ajuda e a graça de Deus: “Se Deus não construir a nossa casa em vão trabalham os operários” (Sl 126). A Bíblia nos dá essa conscientização e no Documento de Aparecida (246ss) quando se fala de formação dos discípulos missionários a Sagrada Escritura ocupa um lugar de destaque na construção de um mundo melhor possível a favor do ser humano, como já dizia o Papa Paulo VI: “O homem poderá construir um mundo sem Deus, mas sem Deus construirá contra o próprio homem” (PopulorumProgressio, 42). Um mundo melhor possível será sempre obra do próprio Deus que age na vida de seus filhos e filhas. 

Hoje, também, Jesus nos envia em missão, dois a dois, para viver melhor a caridade, sentir os desafios de viver em comunidade, não somos nós que escolhemos a direção (sandálias), a missão não deve ser um peso, mas um gosto, um prazer: “Eis que venho, com prazer faço a vossa vontade!” Por isso não podemos abandoná-la por qualquer motivo, mesmo quando rejeitados: “Se em algum lugar não vos receberem nem vos escutarem, saí dali e sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra ele”. Dos destinatários da missão se requer a acolhida ao missionário como enviado de Deus e a docilidade à Palavra divina por ele proclamada, caso contrário fecha-se para si mesmo o caminho da salvação. 

Por fim é preciso estar atentos para não interpretar mal a frase de Jesus sobre ir sacudindo também o pó dos pés quando não são recebidos. Este, na intenção de Cristo, devia ser um testemunho para eles, não contra eles. Devia servir para fazê-los entender que os missionários não haviam ido por interesse, para tirar-lhes dinheiro ou outras coisas; que, mais ainda, não queriam levar nem sequer seu pó. Haviam ido por sua salvação e, rejeitando-a, eles privavam a si mesmos do maior bem do mundo. 

Para concluir esta reflexão, coloco algumas características da missão de Jesus e de seus discípulos: “Eles partiram... pregavam a conversão, expulsavam demônios e curavam doentes”. 

1°) Mudança radical – conversão; 

2°) Desalienar as pessoas – libertar dos demônios; 

3°) Restaurar a vida – curar as pessoas; 

4°) Estar consciente que a missão vai provocar choque com os que não querem transformação da realidade.  


Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus. 


Pe. Leomar Antonio Montagna 

Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR 

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi – PR