Reflexão litúrgica: Terça-feira, 18/11/2025, XXXIII Semana do Tempo Comum

17 de Novembro de 2025

"Reflexão litúrgica: Terça-feira, 18/11/2025, XXXIII Semana do Tempo Comum"

AS GRANDES MISÉRIAS MATERIAIS SÃO FRUTO DAS GRANDES INJUSTIÇAS SOCIAIS 

Na Liturgia desta terça-feira, 33ª Semana do Tempo Comum, vemos na 1ª Leitura (2Mc 6,18-31), que Eleazar é o modelo da resistência frente aos costumes pagãos. Que adianta prolongar a vida, se para isso é necessário trair as próprias convicções? A geração presente educa a geração futura. O que podem os jovens de amanhã esperar, se a geração de hoje se acovarda e se acomoda diante dos desafios para construir uma sociedade mais justa e fraterna? Em tempos de perseguição, o valor humano se mede, não pela duração da vida, mas pela integridade do testemunho. 

O Evangelho (Lc 19,1-10), Jesus visita Zaqueu, um homem rico, chefe dos publicanos (aduaneiros que cobravam impostos), isto é, dos que extorquiam os outros, roubavam. Nesta condição, seria muito difícil entrar no reino de Deus, mas Zaqueu procura e aceita o encontro com Jesus, arrepende-se de ter defraudado o próximo (causa de tanta miséria), liberta-se da riqueza iníqua e pensa nos pobres. Pode, portanto, ser discípulo de Jesus, obter a salvação e, mediante sua fé, ter parte com Abraão. 

Vemos, neste episódio, que a conversão não é só mudança de mentalidade, mas deve também ser acompanhada de gestos concretos: “Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres e, se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais”. Este encontro com Jesus foi um marco importante na vida de Zaqueu: “Hoje a salvação entrou nesta casa”. 

Zaqueu, agora, não é mais identificado com o seu pecado, Deus se revelou maior que o pecado. A questão que fica é esta: fazer a experiência com Deus e partilhar da Eucaristia e não partilhar com os que precisam é correto? Cada verdadeira conversão individual, tanto de um rico como de um pobre, deveria mexer com as estruturas do mal e tornar o reino de Deus mais próximo. O papel da comunidade é provocar o encontro dos pecadores com Jesus; certamente, Deus derramará o Seu amor infinito que transforma as pessoas, pois Deus não muda, continua procurando o que está perdido. Zaqueu é o exemplo para qualquer rico que deseja alcançar a salvação, ele assume diante de Jesus uma radical mudança de vida: reconhece as fraudes que cometeu para se tornar rico e trata de saná-las, comprometendo-se a dividir seus bens com os pobres. Zaqueu entende que toda riqueza só é legítima, quando for fruto do trabalho; então, vê que as grandes misérias materiais são fruto das grandes injustiças sociais. 

Zaqueu, agora nova criatura em Cristo, passa a lutar por um mundo mais humano e mais justo para todos. 


Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus. 


Pe. Leomar Antonio Montagna 

Presbítero da Arquidiocese de Maringá (PR) 

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi (PR)