Artigo: O Sínodo dos Bispos na Arquidiocese de Maringá

24 de Outubro de 2021

Artigo: O Sínodo dos Bispos na Arquidiocese de Maringá

Neste último dia 10 de outubro o Papa Francisco fez a abertura do Sínodo dos Bispos, cujo tema é sobre a sinodalidade – “Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. Nesta ocasião anunciou seu propósito de organizar o sínodo em duas fases – fase diocesana e fase romana –, possibilitando uma ampla consulta a todas as pessoas do orbe católica, sobre o agir da Igreja e a maneira pela qual lida com os desafios da evangelização que abatem sobre esta instituição presente no mundo inteiro, com aproximadamente 1,3 bilhão de batizados. Segundo a doutrina católica o papa, na condição de pastor da Igreja universal, tem a responsabilidade de governar e confirmar na fé este imenso rebanho e, para tamanha responsabilidade conta com o auxílio de instituições canônicas que lhe ajudam no discernimento e tomada de decisões para o bem de todo o povo de Deus. O Sínodo dos Bispos é uma destas instituições em que, periodicamente, o papa convoca bispos de todas as partes do mundo para aconselhá-lo, segundo aquilo que o Espírito Santo lhes inspira.

A novidade deste sínodo é o desejo do papa de dar voz para todos os católicos manifestarem o que pensam sobre a Igreja. O foco será olhar para dentro de nós mesmos e perceber a direção de nossa fé diante das mudanças que acontecem em nossas famílias, na sociedade e na vida com um todo, e buscar inspiração evangélica para responder estas novas perguntas na fidelidade ao Evangelho. Nos sínodos anteriores o papa se ocupava de escutar apenas os bispos convocados para ir a Roma debater determinado tema, mas agora o papa quer muito mais que uma simples consulta entre bispos. A ousadia do papa Francisco é ouvir todos os batizados e batizadas! Portanto, este sínodo sobre a sinodalidade será a maior consulta já realizada na história da Igreja a respeito da vida interna da própria Igreja. Tendo presente isso, neste último domingo, 17 de outubro, na presença de todo o povo de Deus – padres, diáconos, religiosos, religiosas leigos e leigas – nosso bispo Dom Severino deu abertura à fase diocesana do Sínodo dos Bispos, com a celebração de uma missa inaugural, que irá ocupar nossas comunidades paroquiais neste processo de escuta e diálogo com todo o povo pertencente à Igreja Particular de Maringá. Em março de 2022 a síntese diocesana será enviada ao papa e, posteriormente, com a colaboração de todas as dioceses do mundo inteiro, se fará um instrumentum laboris – Instrumento de trabalho – que servirá como texto-base para os bispos convocados para se reunirem com o papa na fase romana, em outubro de 2023. E, pôr fim, o papa publicará uma carta apostólica pós-sinodal.



As origens do Sínodo dos Bispos

Embora a instituição do Sínodo dos Bispos tenha se dado por força do Concílio Vaticano II, esta instituição canônica remete à Igreja primitiva, nos primeiros anos da comunidade cristã. No início do cristianismo a heresia do gnosticismo e a questão dos cânones das Escrituras foram resolvidos através de intervenções particulares de bispos. Posteriormente, a condenação de outra heresia situada no movimento montanista exigiu a união colegiada de bispos frente a impossibilidade de extirpar males que colocavam em jogo a verdade da fé cristã. Estes primeiros sínodos foram celebrados entre os anos 160 e 175 na região da Ásia Menor, constituindo uma prática muito comum na Igreja primitiva. Outro tema de importância discutido num sínodo foi a fixação da data da Páscoa, debatido no pontificado do papa Vitor (189-199), onde muitas Igrejas Particulares se reuniram com seus bispos e atuaram em nível sinodal em Roma, Ponto, Ásia Menor, Palestina, Síria e até mesmo Lião na Gália, hoje conhecida como a França. Policarpo de Esmirna convocou um sínodo e enviou a primeira carta sinodal à Igreja de Roma comunicando as próprias decisões, indicando a precedência da Igreja de Roma. A prática sinodal se constituiu numa atividade frequente no século III levando as Igrejas a se reunirem ao redor de Roma, África do Norte, Antioquia, entre outras, para tratar de questões de interesse comum. Muitas destas assembleias sinodais foram uma espécie de prelúdio para a realização do primeiro concílio ecumênico realizado em Niceia, em 325. Em algumas dessas assembleias episcopais prevaleciam a autoridade dos patriarcados de Roma e Antioquia, cuja influência se dava com a teologia de Orígenes, já em outras assembleias davam-se a influência eclesiológica de Cipriano, que primava pela organização eclesial de forma sinodal, isto é, o discernimento nasce mais do consenso entre os bispos do que de uma autoridade superior.

Importante ressaltar que a prática dos sínodos caracteriza a autoconsciência dos bispos de que, enquanto membros responsáveis por sua Igreja local, deviam defender e promover a apostolicidade da Igreja em todo o seu conjunto. Os sínodos existentes na Igreja primitiva permitiram que os bispos colaborassem na reflexão e resolução dos problemas da Igreja de sua época, colocando o ministério episcopal dentro da communio ecclesiarum – comunhão eclesial. 



A instituição do Sínodo dos Bispos no Concílio Vaticano II

No concílio Vaticano II (1962-1965) quando se discutiu sobre a doutrina do episcopado, exigiu-se em continuidade ao concilio Vaticano I (1869-1870), associá-la ao múnus primacial do papa indicado no dogma da infalibilidade pontifícia. Seria necessário, portanto, criar uma instituição canônica que colocasse os bispos em estreita responsabilidade com o governo da Igreja universal sem ferir as prerrogativas do exercício do primado petrino. As demandas da evangelização nos tempos hodiernos exigiam da Igreja unidade de corpo e colaboração dos bispos do mundo inteiro no enfrentamento dos problemas que se abatiam sobre a Igreja. Para tanto, os bispos foram chamados, a exemplo dos bispos dos primeiros séculos, a colaborarem com o papa na compreensão dos problemas vigentes, na proposição e resolução dos desafios pastorais, de modo que o papa, fosse auxiliado pelo colégio dos bispos. Portanto, é neste propósito que nasce a doutrina da colegialidade episcopal, onde o governo da Igreja exercido pelo colégio dos bispos, tendo o papa como cabeça, edifica a Igreja católica. Deste modo, o cuidado da Igreja universal é responsabilidade de cada bispo tomado em comunhão com o papa. O bispo é o pastor de sua diocese, mas ao mesmo tempo é corresponsável com o papa no governo da Igreja universal. Isso se dá não somente quando o papa convoca um concílio ecumênico, mas também através de um órgão permanente como o sínodo dos bispos.

Deste modo, o Papa Paulo VI através do moto próprio Apostolica sollicitudo, em data de 14 de setembro de 1965, instituiu o Sínodo dos Bispos como um espaço do colégio episcopal na finalidade de consultar em momentos determinados alguns bispos a respeito de temas do interesse do ministério petrino exercido pelo papa. Com esta instituição o papa valorizou e fortaleceu a colegialidade episcopal no auxílio do governo da Igreja universal, e ao mesmo tempo requeria a experiência e inteligência dos bispos dispersos pelo mundo inteiro em favor de conselhos e orientações, sem imiscuir a suficiência e a plenitude do primado petrino.

No decreto Christus Dominus sobre a função pastoral dos bispos na Igreja, assim se declarou a respeito do Sínodo dos Bispos: “Os bispos das diversas regiões do mundo, escolhidos segundo as formas e métodos já estabelecidos ou a estabelecer, pelo pontífice romano, prestam ao supremo pastor da Igreja um grande auxílio, no conselho denominado Sínodo dos bispos, em que a ação dos bispos de todo o mundo católico em comunhão hierárquica, exprime sua participação nas preocupações da Igreja universal” (CD 5).



Um sínodo sobre a sinodalidade

Com o advento do pontificado do papa Francisco o caráter sinodal da Igreja ganha relevância, quando convoca todo o povo de Deus – bispos, padres, diáconos, religiosos e leigos – a serem sujeito ativos na evangelização, superando o clericalismo e assumindo o verdadeiro significado do batismo: “Cada um dos batizados, independentemente da própria função na Igreja e do grau de instrução da sua fé, é um sujeito ativo de evangelização, e seria inapropriado pensar num esquema de evangelização realizado por agentes qualificados enquanto o resto do povo fiel seria apenas receptor das suas ações” (EG 120). O instinto da fé – sensus fidei – é a ação do Espírito Santo que auxilia todos os fiéis batizados no discernimento quem vem de Deus (EG 119). No discurso comemorativo do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos, em 17 de outubro de 2015, o papa Francisco declara que foi, exatamente, o instinto da fé dos fiéis que lhe veio a convicção de consultar o povo de Deus no duplo sínodo sobre a família, pois “como teria sido possível falar da família sem interpelar as famílias, auscultando as suas alegrias e as suas esperanças, os seus sofrimentos e as suas angustias?” (Francisco, Discurso na comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos, 17/10/2015). Na compreensão do papa Francisco escutar é mais do que ouvir (EG 171): “É uma escuta recíproca, onde cada um tem algo a aprender. O Povo fiel, Colégio Episcopal, Bispo de Roma: cada um à escuta dos outros; e todos à escuta do Espírito Santo, o Espírito da verdade, para conhecer aquilo que Ele diz às Igrejas”. (Francisco, Discurso na comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos, 17/10/2015).

Portanto, um sínodo não é um parlamento onde se ganha no voto a proposição da maioria. Como o próprio Documento preparatório do Sínodo indica, “é na fecunda ligação entre o sensus fidei do Povo de Deus e a função magisterial dos Pastores que se realiza o consenso unânime de toda a Igreja na mesma fé” (Documento preparatório do Sínodo dos Bispos, 14). Portanto, sínodo é o convocar de todo o povo de Deus a escutar uns aos outros a partir do Espírito Santo de Deus. No caso deste sínodo em específico que refletirá sobre a própria sinodalidade da Igreja – o agir da Igreja – começará por escutar os fiéis leigos em suas comunidades paroquiais, juntamente com seus presbíteros e diáconos, posteriormente continuará o mesmo exercício na escuta aos bispos, como mestres da fé e pastores em suas Igrejas particulares, para por fim, culminar na escuta do bispo de Roma, o papa, quando chamado a se pronunciar como Pastor de todos os cristãos, não a partir das suas convicções pessoais, mas como suprema testemunha da fé de toda a Igreja. A sinodalidade exprime a própria essência da Igreja quando o Concílio Vaticano II declara que as Igrejas particulares só existem quando em comunhão com o bispo de Roma, princípio e fundamento da unidade eclesial: “O bispo de Roma, como princípio e fundamento de unidade da Igreja, pede que todos os Bispos e todas as Igrejas particulares, nas quais e a partir das quais existe a Igreja católica una e única” (cf. LG 23).

A questão fundamental que o papa quer abstrair desta consulta à multidão dos fiéis é primordial para o futuro do cristianismo, pois considerando o real lugar que a Igreja ocupa na vida das pessoas e da própria sociedade, é imprescindível questionar-se, onde estão as lacunas da evangelização e as deficiências que precisam ser remediadas. A consulta não é um formulário com perguntas pré-estabelecidas, mas uma premissa que conduz a reflexão e abertura do coração dos fiéis a respeito dos sentimentos que abatem o povo de Deus e, que tantas vezes ficam invisíveis aos seus pastores. No Documento preparatório no nº 26 dá a conhecer a premissa de partida: “Anunciando o Evangelho, uma Igreja sinodal ‘caminha em conjunto’ – pergunta o papa –  : como é que este ‘caminhar juntos’ se realiza hoje na vossa Igreja particular? Que passos o Espírito nos convida a dar para crescermos no nosso ‘caminhar juntos’?” (Documento preparatório do Sínodo dos Bispos, 26). Para tanto, são convidados a desdobrar esta premissa em outras questões circundantes ao drama da transmissão da fé na cultura atual: “1. Que experiências da vossa Igreja particular a interrogação fundamental vos traz à mente? 2. Que alegrias proporcionaram? Que dificuldades e obstáculos encontraram? Que feridas fizeram emergir? Que intuições suscitaram? 3. Onde, nestas experiências, ressoa a voz do Espírito? O que ela nos pede? Quais são os pontos a confirmar, as perspectivas de mudança, os passos a dar? Onde alcançamos um consenso? Que caminhos se abrem para a nossa Igreja particular?” (Documento preparatório do Sínodo dos Bispos, 26).

O Documento preparatório deixa explícito que o desejo da escuta não se dará somente sobre as questões corriqueiras à vida da Igreja, na sua relação entre bispos e fiéis, ou mesmo os bispos e seus pares e com o próprio papa. O papa quer ir além destas relações. Deseja escutar as várias formas de vida monástica, religiosa e consagrada, das associações e movimentos laicais, das instituições eclesiais e eclesiásticas de diferentes tipos – escolas, universidades, hospitais, fundações, instituições de caridade e assistenciais etc. Quer saber como a Igreja particular e estes diferentes segmentos religiosos se integram na vida diocesana. Mas a consulta não termina por aqui, o Documento preparatório aponta para a presença da Igreja diante de toda a família humana, com as outras denominações cristãs, e outras religiões que nem mesmo professam Cristo como salvador. O processo de escuta deseja alcançar os mais diversos ambientes e grupos sociais específicos, como as instituições do mundo da política, da economia, das finanças, do trabalho, dos sindicatos, das associações empresariais, das organizações não governamentais, da sociedade civil, dos movimentos populares, minorias de vários tipos, pobres, excluídos etc., (Documento preparatório do Sínodo dos Bispos, 28-29).

Como se vê a consulta será bastante ampla e exigente, obrigando que cada diocese tenha uma logística participativa e frutuosa daquilo que espera o papa Francisco. Para tanto, foi idealizado pela Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos em Roma, um Vademecum (uma espécie de manual) que ajudará no exigente serviço de escuta e discernimento dos trabalhos realizados em cada diocese. Vale a pena buscar conhecer este precioso material onde consta das normas práticas para uma eficaz consulta ao povo de Deus. Ele está traduzido para o português e disponível gratuitamente na internet.

 

A Arquidiocese de Maringá no espírito da sinodalidade

A Arquidiocese de Maringá tem uma belíssima caminhada pastoral no espírito da sinodalidade. Não porque estamos na vanguarda pastoral da Igreja no Brasil, longe de afirmar isso, mas porque somos uma Igreja fundada no espírito do concílio Vaticano II e constituída na sua trajetória pastoral na prática de ouvir as bases – paróquias, comunidades e pastorais – no intuito de organizar um planejamento pastoral comunitário resultando ao final num plano de pastoral válido por um dado período. A Arquidiocese de Maringá foi erigida em 1956 e na sequência de sua instalação canônica, eclodiu a novidade do concílio com a participação de seu jovem bispo, Dom Jaime Luiz Coelho, nas quatro sessões conciliares. 

Desde 1971, até os dias atuais, já compomos mais de vinte planos de pastoral como resposta às questões candentes da evangelização, sempre definindo prioridades pastorais e investimentos humanos e econômicos que deverão custear a execução do plano de pastoral. As assembleias diocesanas se transformam em verdadeiras assembleias sinodais, onde na comunhão e participação do bispo diocesano, padres, diáconos, religiosos, religiosas, leigos e leigas, compõem um verdadeiro mosaico da diversidade e do respeito entre os diferentes atores que protagonizam a caminhada pastoral da Arquidiocese de Maringá. O bispo diocesano, sinal visível da comunhão eclesial e ponto de unidade da Igreja local convoca, acompanha e confirma o processo de escuta, elaboração, reflexão dos caminhos da Igreja de Maringá, quando não pessoalmente, faz através do coordenador da ação evangelizadora e, por fim, confirma as decisões referendadas pela assembleia do povo de Deus.

Em tempos passados o processo de escuta às comunidades paroquiais era um itinerário lento e às vezes precário de recursos materiais, sendo muito comum um questionário com perguntas a respeito da vivência da fé nos grupos de reflexão, de jovens, de catequese, equipes de liturgia, entre outras demandas da época. Mais recentemente começou-se a buscar informações mais precisas das condições socioeconômico-culturais da região no intuito de favorecer uma compreensão mais adequada da vida das pessoas residente na Igreja de Maringá, para escolher de maneira mais madura as prioridades que iriam ser evidenciadas nos anos subsequentes. Se olharmos a história pastoral da arquidiocese de Maringá veremos que ela acompanha os passos da Igreja do Brasil, seguindo suas orientações pastorais de discernimento, ação e avaliação, indicando que sempre esteve no horizonte a preocupação de fazer uma caminhada pastoral encarnada na realidade da diocese, mas sem se imiscuir da comunhão eclesial com as outras dioceses brasileiras e a própria conferência episcopal, a CNBB.

Não podemos deixar de mencionar a presença das congregações religiosas que, diante da ausência de um clero autóctone, contribuiu para a construção deste rosto pastoral que tem em nossa arquidiocese. A pastoral catequética, pastorais sociais, centros de apoio e difusão pastoral tiveram a presença efetiva e afetiva – e em várias ocasiões ainda têm – a presença inestimável e insubstituível de religiosos e religiosas com seus carismas próprios na causa da evangelização. Se hoje a arquidiocese de Maringá tem um clero suficiente e capacitado, em parte se deve a colaboração de religiosos e religiosas no trabalho pastoral. Por outro lado, tivemos e temos padres diocesanos com grandes intuições pastorais que servem como referência para a construção desta importante e bonita caminhada pastoral de nossa arquidiocese.

A chegada de Dom Severino Classen no governo da Arquidiocese de Maringá, em 2020, nos permite a serenidade de que a trajetória pastoral da Igreja local será confirmada, agora revestida com a experiência de um pastor conhecedor da caminhada pastoral do Brasil, haja vista sua passagem na presidência da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato por dois mandatos (2012-2018). Na sua carta pastoral publicada em 15 de agosto de 2021 por ocasião do 1º aniversário de seu pastoreio em Maringá, encontramos o espírito da sinodalidade em todo o seu texto. A carta pastoral é, por assim dizer, sua crença na sinodalidade e o seu jeito de ser pastor, onde se lança ao diálogo convocando o povo de Deus a refletir juntos os caminhos de evangelização, avaliando sua trajetória pastoral e ajustando o que precisa ser melhorado. O bispo confessa explicitamente sua adesão à sinodalidade e convoca todos para fortalecer as estruturas pastorais que favoreçam o espírito de comunhão e participação:


“Acredito em uma Igreja sinodal que saiba caminhar junto, pois os ramos sem o tronco secam. [...] A missão do pastor, que não se coloca como dono do rebanho, mas como aquele que exerce o ofício do governo episcopal reconhecendo-se como um irmão entre os irmãos, é orientar as pastorais, os movimentos, os serviços eclesiais e as novas comunidades para caminhar juntos e sustentar a Igreja povo de Deus” (Dom Severino, Carta pastoral Acolher e Cuidar, nº 118-119).


Não só afirma sua adesão ao modo sinodal de governar a Igreja, mas reconhece que a Arquidiocese de Maringá é um retrato daquilo que o Papa deseja para a Igreja no mundo inteiro:


“Eu me uno com o Papa Francisco tanto no que se refere à fundamental importância da sinodalidade, quanto às dificuldades e desafios de colocá-la em prática. E percebo que a sinodalidade também é uma clara opção da Arquidiocese de Maringá, pois, comovido, constato a presença de tantas forças que buscam a unidade, a comunhão, a fraternidade e a solidariedade nesta Igreja Particular. E tudo isso favorece uma organização estrutural, sustentável, fraterna e serviçal” (Dom Severino, Carta pastoral Acolher e Cuidar, nº 121).


Mas não pensemos que na Arquidiocese de Maringá tudo está pronto e funcionando perfeitamente. É necessário ainda caminhar passos largos, reinventar muitas das ações pastorais de evangelização e buscar respostas que atendam as demandas de nossos tempos, mas temos a certeza de que, apesar de nossas lacunas e pecados, o caminho sinodal já está marcado em nosso modo de exprimir a fé e tomar decisões.

Portanto, cabe concluir esta reflexão em afirmar que o próximo Sínodo dos Bispos a realizar em Roma em outubro de 2023, será uma grande ocasião para, hoje, refletir nossa caminhada pastoral e buscar luzes para nossa próxima Assembleia arquidiocesana, no espírito sinodal de comunhão e participação. A Igreja de Maringá, expressa no rosto de tantos irmãos e irmãs, exorta a todos a participar ativamente desta inédita consulta convocada pelo papa para o bem de toda a Igreja, presente no mundo inteiro. Busquemos participar e dar nossa colaboração.



Maringá-PR., 19 de outubro de 2021.



Pe. Marcos Roberto Almeida dos Santos

Do clero da arquidiocese de Maringá

mralmeidas19@hotmail.com




Bibliografia:

CLASEN, Dom Frei Severino, Carta pastoral Acolher e Cuidar, Maringá: Arquidiocese de Maringá, 2021.

CONCÍLIO VATICANO II, «Constituição dogmática Lumen gentium», in, Vaticano II, mensagens, discursos e documentos, São Paulo: Paulinas, 1998.

CONCÍLIO VATICANO II, «Decreto Christus dominus», in, Vaticano II, mensagens, discursos e documentos, São Paulo: Paulinas, 1998.

CORECCO, E., «Sinodalità», in, Nuovo dizionario di teologia, Roma: Paoline, 1979, p. 1466-1495.

FRANCISCO, Discurso do Santo Padre Francisco na comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos(1/10/2015), acesso Comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos (17 de outubro de 2015) | Francisco (vatican.va)

FRANCISCO, Exortação apostólica Evangelii Gaudium, Prior Velho (Portugal): Paulinas, 2013.

LIMA, Luiz Alves de, «Sínodos dos bispos», in Dicionário do Concílio Vaticano II, São Paulo: Paulinas e Paulus, 2015, p. 909-913.

MIRANDA, Mario de França, Igreja sinodal, São Paulo: Paulinas, 2018.

PAULO VI, Moto próprio Apostolica sollicitudo (instituição do Sínodo dos Bispos para a Igreja universal – 15/09/1965), acesso Apostolica sollicitudo - Lettera Apostolica in forma di Motu Proprio sull'Istituzione del Sinodo dei vescovi per la Chiesa universale, 15 settembre 1965 | Paolo VI (vatican.va)

SINODO DOS BISPOS, Documento preparatório da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos – 07/09/2021, acesso Documento Preparatorio della XVI Assemblea Generale Ordinaria del Sinodo dei Vescovi (vatican.va)

SÍNODO DOS BISPOS, Vedemecum para o Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade – Manual oficial de auscultação e discernimento nas Igrejas locais – setembro/2021, acesso: Vademecum para o Sínodo sobre a sinodalidade (cnbb.org.br)