Vivência sobre oração, 4º dia
Rezar com os santos e os pecadores
Iniciemos nossa meditação sabendo que a oração é o respiro da fé, sua expressão mais própria. (Papa Francisco).
Nos apoiemos nos ensinamentos de santos e santas de destaque que deixaram grandes contribuições para enriquecer nosso contato com Deus, nossa intimidade com o divino.
Uma das coisas que descobrimos nas histórias dos santos cristãos, é que eles aprendem a orar, pelo menos em parte, por meio do testemunho de um certo número de pessoas reconhecidamente pecadoras. Assim, no Segundo Modo, de “Os nove modos de rezar de São Domingos”, a oração do Publicano do Evangelho de São Lucas: “Senhor, tem misericórdia de mim, pecador”.
Da mesma forma, Santa Tereza d´Avila, ao falar daqueles que alcançaram a mansão mais elevada de todas no Castelo Interior, observa que eles nunca perdem contato com o espírito humilde do Publicano. (11). Foi o Publicano, informa-nos o Evangelho de São Lucas, e não o Fariseu que “voltou para casa justificado de seus pecados” (cf. Lc 18,13-14).
Nenhuma oração de pecador no Novo Testamento causa um impacto maior do que o apelo comovente e direto do Bom Ladrão no Monte Calvário: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino” (Lc 23,42).
Deus considera a capacidade de arrepender-se, de estar totalmente jogado na misericórdia divina. O pecador arrependido, seja qual for o grau de pecado, se é que podemos dizer grau de pecado, que Deus não se inclina e revela sua misericórdia.
Destacamos quatro doutores da Igreja, dois homens e duas mulheres para extrair ensinamentos de como orar e avançar na busca da oração para criar intimidade com Jesus Cristo. Ao nos prepararmos para o Ano Jubilar, Peregrinos da Esperança, somos chamados, convocados, instruídos para criar intimidade através da oração e apaziguar a nossa mente e o nosso coração para as boas obras e ajudar a melhorar as relações familiares, comunitário e no mundo do trabalho.
Santo Agostinho de Hipona (354-430); Teresa d´Avila (1515-1582); Tomás e Aquino (1225-1274); Teresa de Lisieux (1873-1897).
Agostinho de Hipona (354-430)
Tem piedade de mim e cura-me, pois tu vês que me tornei um problema para mim mesmo (Confissões, Livro 10, n.33).
“Sou muito devota de Santo Agostinho”, escreve Teresa d´Ávila no Livro da Vida. A razão principal, que ela oferece para justificar essa devoção é “porque ele havia sido um pecador”. (p 15).
Frequentemente, a culpa que os pecadores sentem pode ser tão pesada que eles acham quase impossível acreditar que Deus perdoará suas faltas. Agostinho, com base em sua própria experiência passada, compreendia isso muito bem. É por isso que ele se dá ao trabalho de citar esses versos do Salmo 34(33): “Olhai para ele e vos tornareis iluminados, e vossa face não se cobrirão de vergonha”. Mas ao ouvir essa declaração, o pecador – presume Agostinho – provavelmente achará difícil acreditar. (20).
Mas no Livro 10 das Confissões ele manifesta a fé no Deus que é misericordioso e perdoa os pedados passados.
“Tarde, tarde te amei, ó Beleza sempre antiga e sempre nova! Tu estavas dentro de mim, e eu estava no mundo fora de mim mesmo. Procurei por ti fora de mim mesmo e, desfigurado como eu estava, caí sobre as coisas adoráveis da tua criação. Tu estavas comigo, mas eu não estava contigo... Chamaste-me; clamaste por mim; quebraste a minha barreira de surdez. Brilhaste sobe mim; teu resplendor me envolveu; dispersaste a minha cegueira. Derramaste tua fragrância ao meu redor; respirei e agora ofego pelo teu doce aroma. Provei-te, e agora tenho fome e sede de ti. Tocaste-me, e agora ardo pela tua paz” (23).
Santa Teresa d´Ávila (1515-1582)
“Recupera, meu Deus, o tempo perdido, concedendo-me graça no presente”(Soliloquies, n.4)
“Pela força de seu caráter, pela ousadia de suas atuações como fundadora e por sua notável habilidade em falar e escrever - profundamente sobre o tema da oração, Teresa impressionou seus contemporâneos. No entanto, nem todos ficaram impressionados. Longe de se alegrarem com sua extraordinária energia e talento, havia pessoas que se opunham abertamente ao trabalho que ela estava realizando e ao seu ensinamento. Eles insistiam que, por ser mulher, ela não tinha o direito de sair do convento.
Séculos após sua morte, Teresa ainda conseguia surpreender a Igreja e o mundo. Entretanto, em 27 de setembro de 1970, o Papa Paulo VI incluiu Teresa entre os Doutores da Igreja. (31). Ela nos tranquiliza quando fala da capacidade de se concentrar na oração: “Sofri muitos anos com a provação – uma muito grande – de não conseguir aquietar a mente em nada. Longe de ser calma e metódica em sua abordagem à oração, Teresa era uma daquelas pessoas cujas mente estão “tão dispersas que são como cavalos selvagens que ninguém consegue parar. Diz Teresa: “Se você fala, esforça-se para lembrar que aquele com quem está falando está presente dentro de você. Se você ouve, lembre-se de que está prestes a ouvir aquele que estámuito próximo de você” (33). Assim ela afirma: “Agora, então, se o Senhor suportou alguém tão miserável como eu por tanto tempo... quem, por pior que seja, tem motivo para temer? (34).
Tomás de Aquino em oração (1225-1274)
“A ti, ó Deus, Fonte de Misericórdia, venho como pecador”
Já percebemos, que os santos e santas se agarram ao princípio de que Deus é misericordioso.
Assim ele orava: Ó gentil Pelicano, Senhor Jesus, purifica-me, que estou impuro em teu sangue, do qual uma gota seria suficiente para salvar o mundo inteiro de toda a sua impureza”. (45).
Rezar com confiança. Assim ele afirma: “A confiança que um ser humano tem em Deus deve ser a mais certa. Da mesma forma, falando para uma igreja Italiana em Nápoles sobre a oração do Pai-Nosso, ele declara: “De todas as coisas exigidas de nós quando oramos, a confiança é de grande valia. Por essa razão... Nosso Senhor, ao nos ensinar a orar, nos apresenta aquelas coisas que geram confiança em nós, como a bondade amorosa de um pai, implicada nas palavras, Pai nosso. (48).
Santa Teresa de Lisieux (1873-1897).
“Sou pequena demais para subir a escadaria áspera da perfeição”.
Teresa levou uma vida oculta, mas muito presente nas graças de Deus. Mesmo dentro do convento, em convivência com sua própria irmã de sangue, não a conheciam o suficiente.
“Quero procurar um meio de ir para o céu... uma via que seja muito reta, muito curta e totalmente nova”. (53).
Aqui na terra, viver pelo amor, não é apenas armar uma tenda no Tabor; significa subir o Calvário com Jesus, e enxergar a cruz como um tesouro”. (55). Ela confirma a graça da superação, da persistência, da constância e da sinceridade na oração.
Não poderia deixar de concluir a meditação sem rezar com São Frnacisco de Assis, o fundador da minha ordem ao qual me decidi viver:
Ó glorioso Deus altíssimo, ilumina as trevas do meu coração, concede-me uma fé verdadeira, uma esperança firme e um amor perfeito. Mostra-me, Senhor, o reto sentido e conhecimento, a fim de que possa cumprir o sagrado encargo que na verdade acabas de dar-me. Amém.
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